Capítulo 28

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Zürich, Suíça - 08hr:06min


A enfermeira entrou no quarto e suspirou ao ver Anahí dormindo de mau jeito na poltrona.

- Senhorita! - chamou tocando seu ombro.

Anahí acordou num pulo e passou a mão pelo rosto.

- Desculpe eu cochilei, que horas são? - usou seu alemão fluente para perguntar.

- Oito horas da manhã senhorita.

- Droga, dormi aqui e mal percebi, obrigada por me acordar. - suspirou se levantando.

- Preciso que saia, as visitas agora só serão permitidas no fim da tarde.

- Tudo bem, mais tarde eu volto então. - forçou um sorriso.

Se inclinando sobre a cama, Anahí deu um beijo na testa da irmã.

- Até mais tarde Manu! - sussurrou antes de dar as costas.

Ao sair no corredor, Anahí suspirou e seguiu na direção do elevador.

- Senhorita Portillo?!

Anahí se virou e sorriu para uma moça de cabelos e olhos castanhos que se aproximou. Pelo jaleco e o crachá que usava, Anahí soube que ela trabalhava no hospital.

- Sou Evelyn Schleyer, psicóloga aqui do hospital. Poderia conversar com a senhorita um momento?

Anahí estreitou as sobrancelhas, mas assentiu e seguiu Evelyn, até o consultório dela.

Assim que as duas entraram Evelyn indicou uma cadeira e sentou atrás de sua mesa.

- Espero que não fique aborrecida, mas o caso de sua irmã é bastante famoso aqui no hospital, assim como seu empenho em cuidar dela.

- Não é sacrifício algum, se você conhece a história, sabe que a culpa é minha por Emanuelle estar assim.

- Eu soube que você se recusou a assinar a documentação para desligarem os aparelhos.

- Não podia deixar eles a matarem, Emanuelle vai acordar, eu sei que vai. - encarou a psicóloga.

- Essa ideia de que ela vai acordar do coma, você nunca se perguntou se não é uma forma de fuga para você não lidar com a culpa que sente?

- O que quer dizer?

- O corpo da sua irmã está cansado Anahí, ela está cansada. Já se perguntou se você não a está mantendo viva, apenas para não lidar com a culpa que sente?

- Você acha que eu estou fugindo? - a encarou ofendida.

- Não conscientemente. Você quer que a sua irmã se salve para que assim você consiga se salvar. - Evelyn respondeu. - Nunca se perguntou se não era pra Emanuelle ter morrido naquele incêndio? Nunca se questionou se ela não está sofrendo presa à esse corpo, sabendo que a família está sofrendo?

Anahí abaixou a cabeça tentando segurar as lágrimas que começavam a surgir.

- Senhorita Portillo, você poderia acabar com todo esse sofrimento. O da sua irmã e da sua família. Pense se você estivesse no lugar dela o que optaria.

- Você está falando isso porque está do lado deles. Foram os doutores Kügelgen e Hauser quem te pediram pra vir falar comigo né? - Any se levantou enxugando o rosto.

- Senhorita Portillo dá pra ver olhando nos seus olhos que você não tem paz de espirito, você vive carregada de culpa e remorso. Basta olhar pra sua postura pra saber que está infeliz.

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