HOMENS QUE TÊM TUDO

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Falta quase nada para o Dia dos Pais e os shoppings estão lotados de filhas, esposas e

noras em busca de algo que não se sabe direito o que é e muito menos onde encontrar: um

presente para o homem que tem tudo.

Quem são os homens que têm tudo? Os muito ricos? Os que viajam com freqüência? Os

que já passaram dos 40? Sim, todos eles, e também os remediados, os que nunca botaram o

nariz para fora do bairro e os que têm pouca idade. Todos os homens do planeta,

aparentemente, têm tudo. É a única explicação para o tormento que é encontrar um presente

que seja original, útil e que eles gostem de verdade. Presentear os homens é uma das tarefas

mais difíceis na vida de uma mulher.

Meia e gravata: esta dupla está condenada. Por mais que ele anseie pela tabelinha, ela

só deve ser acionada em caso de desespero. Virou símbolo de falta de imaginação.

Camisa pólo. Ele tem de todas as cores. Usa para correr no parque, ir ao cinema,

trabalhar, cortar grama, almoçar fora, comprar jornal. Quando você surge com o pacote na

mão, ele faz aquela falsa cara de surpresa e, depois de colocá-la em frente ao peito e constatar

que você errou o tamanho de novo, ele dobra e pede pra você guardar no lugar de sempre: lá

onde estão as outras trezentas.

Pijama. Hoje em dia tem uns que são umas gracinhas e podem deixá-lo bem sexy, caso

ele colabore. Mas ao abrir o presente, as luzes se apagam, a casa ganha um ar de jubileu e o

coitado, instantaneamente, fica grisalho, barrigudo e cansado da vida. Ano que vem, chinelos.

E um cachorro.

Bebida. Ele já foi um sujeito normal: bebia de vez em quando com os amigos. Passados

alguns anos, começou a beber mais, e hoje é um porre atrás do outro. O bar da casa está

repleto de conhaques de procedência duvidosa, licores feitos de bala Soft e vinhos que

amarelaram com o tempo. Você vai continuar dando bebida para o coitado?

Seria tão mais fácil se os homens gostassem de colares, hidratantes, lencinhos tigrados,

guardanapinhos de papel, porta-retratos, tapetinhos de cozinha, trilha sonora de novelas,

maquiagem, meia-calça. Mas não. É só meia dúzia de opções, tudo preto ou marrom, de

preferência de couro e para usar no escritório. Merecem quilos de pesos para papel, os

chatos.

É claro que tem saída. Você pode dar um livro, por exemplo. Fininho, com letras bem

grandes e dividido em vários capítulos, para que ele leia num momento de folga, ou seja,

never. Você pode dar uma cesta com quitutes variados: patezinhos, salgadinhos, azeitoninhas,

cajuzinhos, tudo aquilo que ele não consegue segurar com os dedos. Você pode dar uma

gravura, um par de tênis, um disco de música clássica, copos de uísque, tacos de golfe, jogos

para computador. Uau, que homem sofisticado. Enfim, você pode dar o que quiser que ele,

com toda a certeza, não vai gostar. Homens só gostam de brinquedos. Brinquedões enormes,

com 4 portas, 16 válvulas, motor 2.0, air bag e direção hidráulica. O resto eles têm.

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