A Muda (COMPLETO)

Capítulo 38

Aqui estou eu na recepção do hospital esperando me deixarem entrar para ver Mateus.  A ansiedade me consumia ao extremo, mas a fome também. E isso me fez pegar alguns biscoitos na recepção e um enorme copo de café com leite, o que faz sorrir alisando a barriga. Eu amava beber sucos, mas nos últimos dias café parecia extremamente delicioso aos meus olhos.

Assistindo o noticiário pela enorme TV daquela sala, descubro  que a irmã de Mateus estava em Nova York, mantida em cativeiro por alguns dos bandidos que eram comandados pelo chefe que queria me matar. Mas os policias já estavam proporcionando a volta dela para o Brasil e os homens já haviam sido presos. Na verdade, toda a quadrilha que existia envolvendo o tal chefe já estavam indo para atrás das grades. Se tratava de grandes traficantes procurados a anos pela polícia local.

Eu sabia que essa notícia deixaria Mateus mais calmo. Afinal, tudo que ele fez também foi por preocupação com a irmã

-Senhorita Luz ?~Pergunta o médico do dia anterior com uma ficha na mão.

-Sim, sou eu. ~Falo de boca cheia o que tira um sorriso dele.

Culpa do bebê, não minha.

-A senhorita já pode entrar. ~Ele diz apontando para o quarto onde Mateus estava.

-Claro, obrigado. ~Falo levantando ansiosa e bebendo o resto de café em rápidos goles jogo o copo no lixo e ando em passos apressados. 

Levo a mão a maçaneta da porta e dou um longo suspiro antes de abrir.

Ao entrar percebo que ele dormia. De forma calma e serena. Já não tinha as enormes quantidades de fios colados em seu braço e também não estava mais entubado.

Dou um sorriso e me aproximo sentando ao seu lado na cama.

Fico assim alguns minutos mas não consigo acordá-lo.

Deito ao lado dele, sabendo que posso levar uma bronca do médico, mas não me importo. Encostando minha cabeça no ombro que não estava machucado sinto seu cheiro que imediatamente leva uma sensação de paz ao meu corpo. 

Não entendo como, mas meu olhos parecem pesar e sinto o cansaço me fazer fechar os olhos por um momento. 

E então eu apago em questão de segundos.

(...)

Sinto alguém fazendo carinho em meus cabelos.

-Por favor, deixem ela aqui. Te garanto que a presença dela me fará ficar mais recuperado que qualquer remédio que vocês tenham aqui. ~Era a voz de Mateus e ele falava em sussurros.

-Mas senhor, ela não pode ficar deitada em você. És um paciente em recuperação e..

-E você não imagina o motivo da minha recuperação considerada um milagre pelos médicos daqui? É ela. Sempre foi ela. ~Ele volta a falar e sinto seus lábios em minha testa. A dona da voz feminina que imaginei ser uma enfermeira dá um suspiro frustrado e sai da sala.

Abro os olhos devagar e contemplo aqueles lindos olhos azuis que me olham surpresos e receosos.

Sua mão se afasta de meus cabelos e ele parece nervoso analisando cada reação minha cuidadosamente.

Levanto da cama e fico em pé ao seu lado o encarando com todas as emoções explodindo dentro de mim.

-Luz, eu preciso que você me escute, tá legal? Eu estou disposto a qualquer coisa pelo seu perdão desde que não se afaste de mim nem... ~Ele para de falar quando a primeira lágrima desce pelo meu rosto.

Sua expressão era de dor.

-Por favor linda, não chore... eu. ~Não espero ele terminar de falar, pois antes que perceba me lancei em seus braços o abraçando forte e deixando todas as minhas armaduras caírem e mostrando o quão vulnerável eu estava.