Capítulo I

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O SOM está muito alto, estou gritando para falar com meu amigo Carlos. Hoje resolvi sair um pouco, depois de tantas coisas que aconteceram comigo e de tanto tempo vivendo no automático, acho que chegou à hora de deixar tudo para trás. Hoje eu vou me divertir e muito.

- Carlos você quer ajuda? - falo mais alto que o som da boate Light & Music, na tentativa de que o Carlos me ouça.

- Não. Está tudo tranquilo Marcos. Chamei-te aqui para que você se divirta um pouco. Está precisando meu amigo - Carlos toca meu ombro, tentando me animar.

Olho ao meu redor para ver se algo me atrai que não seja a bebida. Bom, vou ao banheiro, já estou bebendo faz um bom tempo preciso tirar a água do joelho.

No caminho para o banheiro esbarro numa moça, peço desculpas e sigo em frente. Só percebi pela pouca luz que ela é bonita. Mas, não consegui ver o quanto.

Odeio banheiros de locais assim, sempre tão imundos. É nojento ter que usar um local desses. Sei que não posso reclamar se quero um banheiro limpo que eu vá para casa usar o meu. O jeito é aceitar.

Não adianta, por mais que a boate seja elegante, banheiros masculinos sempre são nojentos.

Quando retorno para o balcão vejo que o Carlos está mais ocupado que todos os outros barmen. Peço outra bebida e fico observando as pessoas dançando na pista. Volto meu olhar para uma moça sentada do outro lado do balcão.

Ela é bem bonita, mas parece um pouco tímida. Eu a olho e ela desvia o olhar, porém sei que está me observando. Quer saber, vou arriscar. O máximo que pode acontecer é ela me dizer um belo não.

Vou até ela, que abaixa o olhar quando me aproximo.

- Oi - digo bem alto para que ela possa me escutar.

Ela só me olha.

- Sei que é clichê, mas você não vem muito aqui não é? Está perdida? Você não faz o estilo do lugar - dou um belo sorriso para que ela veja que estou tentando ser simpático.

Finalmente ela sorri. Um sorriso discreto, mas ele está lá. Bem no cantinho de sua boca.

- Não. Não venho aqui com freqüência. Para ser sincera é a primeira vez.

- Posso saber seu nome?

- Primeiro você.

- Me chamo Marcos. Está me observando faz muito tempo?

- Não, mas a bebida tira a percepção da pessoa e você já esbarrou em mim hoje.

- Era você? Mil desculpas. Está muito cheia a casa.

- Pois é.

- Você aceita uma bebida?

- Estou tomando água. Obrigada.

- Aceita dançar um pouco? Por favor, aceite, você já me disse muitos "nãos" essa noite.

- Dançar? Humm... Tudo bem. Não sou boa nisso, mas posso tentar.

Eu a pego pela mão e a levo para a pista de dança. Ela se move muito bem. Na verdade ela parece bem à vontade dançando. De repente a música dançante para de tocar e o DJ anuncia que as seguintes músicas serão para casais.

Antes que ela me deixe no meio da pista de dança eu a seguro pela mão. Trago-a para perto e nos movemos lentamente. Com a proximidade converso com ela bem próximo a seu ouvido. O contato me deixa ansioso. Faz muito tempo que isso não acontece. De uma maneira que não sei explicar um beijo surge lento e doce. Sua boca é tão macia e seu beijo é delicado. Ficamos nesse beijo pelas próximas músicas. Quando a música acaba ela diz que precisa ir ao toalete. Ela é tão delicada.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora