Capítulo XV

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ACORDO COM gemidos. Meu olhar vai direto para a senhorita Alice. Ela está tremendo muito e gemendo.

Olho a lareira e vejo que o fogo está quase apagando. Vou ao depósito e apanho mais lenha. Coloco na lareira para que o fogo não apague.

- Senhorita... Alice está na hora do antitérmico. Está com mais dor?

- Fri-io.

Corro até o quarto e volto com o remédio. Passo na cozinha e apanho água voltando rápido para a sala. Ajudo-a com o remédio.

- Marcos, eu estou com muito frio - volto no quarto e apanho o termômetro.

- Aqui. Vamos ver como está sua febre - só de tocá-la eu já percebo que sua febre voltou a subir. O que é confirmado pelo termômetro, novamente quarenta graus.

Parece que não está adiantando os cobertores. Vem-me a cabeça uma idéia louca.

- Alice me permite tentar baixar sua febre?

- Qualquer coisa.

Eu tiro a camisa e deito-me no colchão com ela.

- Venha - abraço-a e sinto como o seu corpo está quente. Ela por sua vez. Está como uma criança com medo, toda encolhida no meu colo.

Com algum tempo eu estou suando, resolvo tirar a calça e o roupão dela. Ficamos num contato de pele com pele. Aos poucos ela para de tremer e vai se acalmando. Acho que o antitérmico começou a fazer efeito. E assim, com ela encolhida nos meus braços, dormimos.

No outro dia cedo quando abro meus olhos, sinto o braço dela em cima do meu peito. Só então analiso a situação. Ela está praticamente nua envolta em mim. E eu também estou só de cueca sentindo o calor de seu corpo.

Ela é linda, assim como a irmã. Mas é mais delicada. Inconscientemente minha mão acaricia seus cabelos, suas costas, seu braço sobre o meu peito... Só percebo o que estou fazendo quando minha mão toca sua costela e ela geme.

- Desculpe, e-eu estava... estava

- Obrigada.

- Pelo que?

- Por me ajudar. Mas agora eu preciso de minhas roupas.

- Não se sente envergonhada estando seminua comigo?

- Sentiria, mas não há nada em meu corpo que você já não tenha visto.

- Eu? Mas eu não olhei nada, eu juro que só estava te ajudando e...

- Me refiro a Andréia. Somos iguais. O que você viu nela é como uma cópia em mim.

- Alice não é como você pensa.

- Não penso nada. Eu vi. Vocês transam, são adultos...

- Sua irmã me usa, esse seria o termo correto - eu resolvo cortar o contato de nossos corpos.

- Pode até ser, mas você gosta.

- Não quero falar disso. Como eu disse, não é como você pensa.

- Se você quer compromisso ou se você não gosta, não entendo como se deixa "usar" - diz ela fazendo aspas com as mãos.

- Nem eu sei. Na verdade eu busco uma mulher que conheci na sua irmã, com beijo doce e gentil, delicada... Eu vi essa mulher nela, mas ela insiste em só mostrar a fera indomável e insaciável que ela tem.

- Tudo bem, não é da minha conta. Eu não deveria ter dito o que eu disse - ela apanha o roupão e veste - com licença.


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