Capítulo XXXVII

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PARTO DE volta para minha casa. Mesmo após muitos dias passados eu sofro. Tento não demonstrar isso para ninguém. Ao contrário da outra vez, eu não vou mudar minha vida e fugir de tudo. Vou enfiar a cara no trabalho e me conformar que amor não é para mim.

Alice ainda me liga algumas vezes. Para que isso se torne menos torturante eu decido mudar de número. 

- Marcos tem uma chamada pra você na linha 1 não sei se vai querer atender... - diz o Flávio adentrando a minha sala.

- Se for quem estou pensando não deveria nem ter deixado na linha aguardando.

- Não é ela. Acho que você deveria atender.

Pego o telefone. Levo uns segundo até levá-lo ao ouvido. Não sei se pensando em ser Alice e eu adquirir coragem para ouvir a voz dela, ou se me preparando para não ser ela e o Flávio não ver minha cara de decepção.

- Alô!

- Marcos, olá! Graças a Deus você me atendeu...

- Desculpe, quem fala?

- Larissa.

Sinto um nó na garganta.

- Oi.

- Marcos eu gostaria de marcar uma reunião contigo.

- Para?

- Precisamos conversar, seriamente.

- Desculpe Larissa, você sempre foi uma pessoa muito bacana comigo. Mas, sei que isso tudo vai levar a outra... e não estou interessado.

Antes que ela possa argumentar ou qualquer outra coisa, desligo. Sei que estou sendo grosseiro. Larissa não merecia isso. Mas, sei que essa reunião levaria a Alice e não quero saber nada dela. Quero apagar esses meses da minha existência.


Passa um tempo bom. Para ser mais exato 3 meses. Não sei notícias de nada sobre ela ou sua família. Não sei porque mas, não consigo vender meu antigo apartamento. Já estou pensando em doá-lo para a caridade.

Acordo cedo e desço para tomar café e ir para o escritório. Tudo transcorre normalmente. Chego ao prédio e vou direto para minha sala. O dia passa tranquilo, no fim da tarde o Flávio entra correndo na minha sala.

- Marcos você precisa ver isso - ele liga a TV.

- " O caso está sendo investigado pela  23ª delegacia como acidente de transito. A senhorita Andréia Smith está sendo atendida na clinica San George e seu estado é gravíssimo com risco de morte..."

Olho para o Flávio como a buscar por alguma explicação. Primeiro o por quê dele achar que isso me interessa. Segundo por eu realmente querer saber no fundo no fundo o que está acontecendo.

- A senhorita Smith sofreu um acidente de carro.

- Isso eu percebi...

- Testemunhas disseram que um carro preto jogou ela para fora da estrada. Mas ninguém disse a placa do carro. Parece que não tinha.

- Ela estava dirigindo?

- Sim. Pelo que dizem, parecia mais um racha.

- Andréia disputando um racha? Impossível, ela é patricinha demais para dirigir um carro ... pior, fazer um pega.

- Então o que acha que aconteceu?

- Talvez ela tenha pego o carro para ir ver algum peguete... bateu no carro de alguém, tentou fugir e perdeu o controle do carro... E quer saber? Não me interessa saber o que aconteceu....

- Você sabe que por mais que não se entendam, Alice deve estar sofrendo...

- Para... nem continue com essa conversa. 

Levanto, pego a bolsa e vou embora. 

Admito que em casa eu faço acompanhamento do caso pela TV. Me controlo diversas vezes para não ligar para Alice.

Durante a noite ouço na TV um apelo do pai dela pedindo para a população ir doar sangue para Andréia que é um tipo raro.  Desligo a TV e tento dormir.

Pela manhã desço para tomar café e me assusto ao ver Larissa sentada a mesa com meu pai e a Barb ao lado. Ela se levanta quando me aproximo.

- Bom dia Marcos!

- Bom dia Larissa! O que está fazendo aqui? Não me diga que veio aqui ainda por conta da Alice?

- Sim...

- Então nem fale.

- Meu filho não seja intransigente. Ouça ao menos o que ela tem a dizer. Ela veio de muito longe...

- Se deu ao trabalho a toa. Ela e todos sabem que não me interessa o que Alice faz ou deixa de fazer da vida dela.

- Mas não se trata só da vida dela Marcos - diz Larissa.

- Desculpe. Não me interessa. Tenha um bom dia e um bom retorno.

Fui embora antes de mais conversas e lamentações.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora