A Outra Que Amo

Capítulo XX

VEJO O dia raiar. Fico olhando para o teto até o amanhecer, tentando assimilar tudo o que Alice me contou. A que conclusão eu chego?

Ela tem razão. Mesmo com tudo o que sei sobre Andréia, acho que tenho sentimentos por ela, não sei se ódio, amor, paixão. Ao mesmo tempo em que penso em matar aquela desgraçada, eu penso em transar com ela novamente. Ao mesmo tempo em que tenho nojo dela por saber que está sempre com outros... Lembro-me do olhar de desejo dela sobre mim, do doce em seus olhos quando nos conhecemos, do gosto de seu beijo naquela boate.

Minha cabeça tá uma confusão. Tomo um banho demorado para espantar a noite mal dormida. No chuveiro me recordo que tirando toda essa revelação, foi uma noite maravilhosa. Alice é realmente uma ótima companhia. Mas por que diabos eu sinto isso no meu peito quando penso na Andréia? Será que vou ser sempre um babaca que só se apaixona pela mulher errada? Por que diabos eu não desisto e esqueço aquela mulher?

- Talvez porque eu acho que aquela mulher doce que conheci ainda esteja perdida dentro da Andréia e eu queira resgatá-la – digo para mim mesmo como resposta aos meus questionamentos.

Saio do banho e enrolo uma toalha na cintura, vou procurar algo leve para vestir e ir ao hospital. Apesar de tudo o dia está lindo lá fora. Olho pela janela, o sol brilha. Ouço batidas à porta.

- Sim?

Alice fica parada me observando. Só então eu noto que estou só de toalha.

- Desculpe Alice eu pensei que fosse a Barb.

- Tudo bem. Eu só vim lhe perguntar se há alguma lan house perto?

- Você me dá uns minutos? Eu vou me arrumar e já lhe ajudo com isso.

Ela sai e eu fecho a porta. É estranho o que o olhar de Alice provocou em mim. Sinto certo incomodo e ao mesmo tempo um orgulho.

Me arrumo e desço para o café da manhã que está posto. Alice me aguarda conversando com a Barb.

- Bom dia meu amor – dou um beijo na Barb – bom dia Alice – vou até ela e a cumprimento com um beijo no rosto.

- Bom dia – noto que ela fica vermelha. E o meu coração dá uma leve acelerada.

- Se quiser mais alguma coisa meu filho é só chamar - Barb se retira.

- Dormiu bem? – pergunta Alice.

- Na verdade não dormi.

- Entendo.

- Mas não quero falar sobre isso. Então por que você precisa de uma lan house?

- Larissa me ligou mais cedo e precisa de um documento que está no meu e-mail.

- Mas você pode enviar pelo celular, não?

- Na verdade não. Eu preciso imprimir esse documento, assinar, registrar e enviar por sedex.

- Ah, ok. Bom nesse caso você pode usar o computador do escritório. Você imprime e eu te levo no cartório para registrar e depois no correio.

- Obrigada Marcos.

- Essas suas férias não te deixa relaxar...

- Verdade. Achei até que não estaria mais de férias hoje.

- Por quê?

- Achei que você iria me mandar de volta para casa.

- Você não se chama Andréia. Ou está disfarçada de Alice? – dou um sorriso.