Capítulo XLVI

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ALICE COLOCA a mão na cabeça e começa a andar pelo pequeno escritório. 

- Não posso acreditar que isso está acontecendo... - diz ela.

- Olha, por que você não se senta e conversamos logo de uma vez e acabamos com isso e eu vou embora depois se você quiser

-Quero que você vá embora e me deixe em paz agora! Eu achei que hoje seria uma noite de comemoração e festa...

- Querida...

- Não. Não me chame de querida! Deixei de ser isso pra você no dia que me comparou com a vadia da minha irmã. Por que você resolveu aparecer justo hoje para acabar com meu dia e com minha festa de despedida?

- Não fiz planos para nada. Eu só queria conversar com você. Saber de você, do nosso filho...

- Meses depois?

- Acredite, só soube do bebê tem pouco tempo.

- Tá brincando?

- Não. Não estou. Andreia me contou faz pouco e confirmei com a correspondência que peguei com o Zé quando vim assinar o contrato de compra e venda do meu apartamento.

- Sei...

- Acredita que a Andreia que comprou? Usou isso para me falar sobre você e o bebê.

- Por que acreditou nela?

- A principio não acreditei. Confirmei com a carta. A propósito foi ela também que me falou da carta. Eu nem tinha aberto.

- Olha independente de tudo isso, não preciso de você. E ainda não quero te ver.

- Eu juntei tudo, as suas ligações, as aparições da Larissa... as ligações dela...

- Larissa foi atrás de você?

- Alice, todos estavam tentando fazer com que eu visse a burrada que fiz... que eu precisava vir, que eu precisava ver o quanto você é importante pra mim...

- Precisa de outros para ver algo que deveria saber?

- O que eu quis dizer, é que eles queriam que eu deixasse de ser turrão e assumir o que eu sentia...

- E o que seria?

- Que eu amo você.

- Ama? - ela sorri.

- Amo. Eu poderia estar em Paris com o Lourrane agora. Ou poderia estar na cama de qualquer outra mulher... mas não consigo. 

- Por quê? 

- Porque nenhuma delas é você.

- Nem a Andreia?

Me aproximo dela. Seguro ela pelas mãos...

- Ninguém. Alice eu fui e sou um babaca completo... Juramos não deixar ninguém nos separar... Sei que deveria ter esperado você acordar para me dizer o porquê de tudo aquilo que eu vi. Fiquei tão cego de ciúmes em ver o Gustavo saindo nú de seu banheiro que não pensei. A história poderia ser diferente... eu poderia estar preso agora... Só pensei em matar ele. Mas minha cabeça só me pedia para ir embora e esquecer tudo o que estava vendo. Minha mente me remetia ao dia em que encontrei a Suzana morta... Morri de medo de matar aquele desgraçado e ainda ser acusado de matar o grande amor de sua vida - lágrimas começaram a descer de meus olhos - ela levou meu irmão de mim, alguém que eu amava muito... e ainda nosso filho.

- Minha intenção nunca foi levar nosso filho para longe de você. Mas a partir do momento em que você não manifestou nenhum interesse em saber dele... - ela delicadamente limpa meus olhos.

- É um menino então?

- Sim.

Eu abraço ela. E ela me beija.

- Aproveite que estou com os hormonios loucos...

Passo a mão na barriga dela. Ela acompanha meu gesto com o olhar.

- Não são os hormonios, é nosso menino querendo que seus pais se entendam por um bem maior.

- Espere. Eu ainda tenho uma satisfação a dar a todos e uma viagem a fazer.

- Você ainda vai para o Japão?

- É um bom negócio. Sou vou falar com o Gabriel que só vou após o nascimento do bebê.

- Alice, espere eu preciso falar com você sobre essa empresa. 

- Depois. Agora abre a porta.

Abro a porta e saímos. Larissa e o tal Gabriel estão nos aguardando. Como saímos de mãos dadas, Larissa sorri, pois sabe que nos entendemos. O Gabriel faz uma ligação e Alice vai para o palco.

Após devidas explicações sobre o desmaio e eu, ela desce do palco e fala com o Gabriel. 

- Sinto muito Gabriel, mas acho que será melhor para todos que eu vá mais plena para lá. 

- Sim. Eu entendo. Então parabéns ao casal. Eu preciso ir - ele se despede intimo demais pra mim. Com beijinhos no rosto e segurando a mão por tempo demais.

Após a saída dele, Larissa a abraça.

- Sabia que ia dar tudo certo.

- Você não deveria ter feito isso. Foi uma traição me fazer de boba.

- Se eu dissesse que ele estava vindo você iria surtar. Eu sabia que vocês se amavam... por que não tentar?

- Tudo bem eu te perdoo - Alice a abraça - onde está Andreia?

- Faz um tempo que foi embora. Disse que estava cansada e queria dormir. 

- Ela tá abusando. Não anda muito bem. Deveria estar no hospital.

- Ela disse que iria para o novo endereço.

- Melhor irmos falar com ela. Andreia não é do tipo de pedir arrego... será que realmente não deveria ir para o hospital?

- Combinado. Acaso você sabe onde é o novo endereço dela Larissa?

- Será o tal local do abate?

- Não. Eu sei onde é... meu antigo apartamento. 

- Por que ela iria para lá não para casa?

- Por que ela está fugindo do Gustavo. E mesmo a casa dela tendo segurança... ele já foi lá muitas vezes, sabe como burlar.

- Se despeça do pessoal por mim e peça desculpas por minha saída repentina.


SAÍMOS EM  direção ao meu antigo endereço. Levamos um tempinho para chegar. Quando descemos do carro não vejo o  Zé na portaria.

Será que o ele subiu para ajudar alguém?

Vamos de elevador, parece que nada aconteceu, está parecendo como antes... estamos sorrindo felizes. A porta do elevador se abre a porta do meu ex apartamento está aberta...

Faço sinal para Alice ficar afastada e abro a porta devagar... vou olhando tudo com cuidado... passo pela sala e vejo o Zé no chão. Desacordado... 

- Zé? Zé? Você está bem?

Ele continua apagado...

- Como ele está?- pergunta Alice.

- Ora, ora, ora... agora podemos festejar.

Gustavo aparece segurando uma arma encostada no pescoço de Andreia.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora