Capítulo XXIII

104 23 30
                                    



NO CAMINHO para o aeroporto ligo para o Flávio.

- Aconteceu alguma coisa Marcos? Seu Rogério está bem?

- Desculpe te ligar nesse horário Flávio, mas é urgente. Papai está bem. Preciso que você apanhe ele após a alta amanhã e o leve para casa. Que você cancele a reunião com o tal cliente. Explique que é por motivos de saúde.

- Mas alguma coisa? Nossa você me assustou...

- Estou com muita pressa agora Flávio. Preciso de mais um favor...

Explico tudo para o Flávio que faz tudo exatamente como pedir. O Flávio sempre foi meu braço direito na empresa. É um bom amigo. Agora é o braço direito do meu pai.

Pouco mais de 2 horas estou chegando a Itaquí. Vou direto para o prédio da Alice. Sei que ela ainda não chegou e vai demorar um pouco mais. Vou até o porteiro do prédio. Explico o que dá para ser explicado e peço a ajuda dele para subir até o apartamento da Alice. Ela mora na cobertura o que ajuda por não ter vizinhos.

Fico pensando em mil maneiras de iniciar a conversa que teremos quando ela chegar. Sento-me no chão ao lado da porta dela e aguardo. Nesse tempo revivo cada minuto desde o momento em que conheci Alice. Tirando o da boate. Afinal aquilo ainda não está claro para mim. E assim vou relembrando todos os foras que dei, o jeito grosseiro com que tratava Alice por estar... Magoado talvez com a irmã. Alice estava quase se tornando minha válvula de escape...

Começo a me recordar dos últimos dias ao lado dela. Do companheirismo, amizade... Dela maravilhosa descendo aquela escada, do sorriso dela. Do jeito doce que ela tem... Como não matei essa charada antes? Como não percebi que aquela mulher que beijei não poderia ser a Andréia? O beijo me vem à memória. O primeiro um pouco mais solto, já o segundo bem mais tenso, mas ambos tão deliciosos...

E perdido nesses pensamentos não vejo as horas passando. Logo meu celular toca.

- Ela está subindo – diz o porteiro me avisando da chegada de Alice.

Levanto-me e aguardo. Pouquíssimo tempo depois ouço o aviso do elevador que havia chegado.

A porta se abre, ela está ao telefone. Puxa a mala para fora...

- Oi Alice!

- Marcos!? – ela diz ao desligar o telefone – Como...como... O que está fazendo aqui?

- Vim lhe trazer isso – mostro o colar a ela.

- Viajou horas só para me trazer um colar? Eu poderia comprar outro. Você pode dar fim nesse. Assim você não vai ter nada que te faça lembrar-se de mim.

Aproximo-me dela e rapidamente ela se afasta. Continuo andando até ela, até que não há mais para onde ela fugir. Suas costas estão coladas a parede.

Fico bem próximo que consigo sentir sua respiração ofegante. Ela evita me olhar nos olhos. Abaixa a cabeça. Seguro sua mão e coloco o colar nela.

- Esse colar foi só a razão pela qual eu conseguiria chegar até você. Uma desculpa na verdade – ela não diz absolutamente nada. Fica observando o colar sobre sua mão. Eu continuo segurando a mão dela e sinto como ela está nervosa, pois sua mão sua e treme – Alice eu não sei o que ocorreu naquela boate, não dei a você a chance de se explicar. Fui injusto. Fui cabeça dura. E fui muito cruel com você. Perdoe-me.

Ela mantém a cabeça baixa. Não diz uma palavra.

- Eu quero te pedir desculpas. Sempre sou cruel e grosso contigo. Eu fiquei nervoso e acabei exagerando muito. Sei que te disse coisas horríveis.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora