Capítulo III

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FECHO A porta do carro, dou a volta no mesmo e sento-me ao volante. Ajeito o retrovisor e ligo o carro.

- Bom saber que você é meu novo chofer – diz ela ajeitando-se no banco de trás.

- Por gentileza senhora coloque seu cinto de segurança- digo mais como se fosse um aviso, que um pedido.

- Você pretende correr tanto assim?

- Questão de segurança senhora – sempre que puder vou usar o termo para que ela perceba que não estou nada confortável com essa situação.

Vejo-a colocar o cinto. E me olhar desafiadoramente. Não ligo se ela está desconfortável, cansada ou qualquer outra coisa. O fato dessa filha da puta ser minha chefa só pode ser sacanagem do destino.

- Não vou hoje para o escritório – não entendo o que ela diz e olho para o retrovisor. Ela fala ao celular – cancele toda a minha agenda Perla. Amanhã marque uma reunião com os acionistas para as dez horas.

Não sei o que a outra lhe diz ao telefone, mas ela não parece muito contente. Seu rosto se contrai e ela parece até zangada.

- Perla! – ela diz ríspida- Se vira e marque para as dez horas. Quero todos aí. Sim, incluindo ele. Tchau.

Ela desliga o telefone e me olha seco.

- Achei que tivesse sido clara ao pedir um motorista e não uma lesma.

- A estrada tem limite de velocidade não posso ultrapassar os 80 km/h e já estou a 75 km/h.

- Dane-se. Quero chegar em casa o mais rápido possível. Já que hoje não vou à empresa quero aproveitar cada segundo do meu dia de folga.

- Não chegará se formos parados pela polícia ou se batermos o carro.

- Batermos? Não, quem bateria é você que está no volante. E nenhum policial vai se atrever a parar meu carro.

- 80 km/h ou é isso ou pode me demitir e você mesma dirige.

- Que língua afiada. Sou sua patroa agora Marcos no mínimo me respeite.

- Estou respeitando senhora. Só não quero me ferrar por conta de um capricho seu.

- Se ferrar por quê? – diz ela sorrindo.

- Você não dirige? Sabe muito bem o que acontece com quem dirige com excesso de velocidade.

Ela gargalha. Parece que sou algum tipo de palhaço para essa mulher. Ela tá me dando nos nervos. Acho que não vou ficar muito tempo nesse emprego.

Mas, passado um tempo ela se cala e fica a mexer em um tablete que ela retira da bolsa. Finalmente me deu sossego. O restante do caminho é feito em silêncio.

Passo pelos portões da mansão e paro em frente à porta de entrada. Solto meu cinto de segurança, desligo o carro, abro a porta e desço. Caminho até o outro lado e abro a porta dela.

Ela apanha sua bolsa. E estende a mão para que eu a ajude a descer. A contragosto eu seguro a mão dela e o toque de nossas mãos me dá um arrepio leve na espinha. Que merda é essa? Assim que ela desce, eu retiro minha mão desse contato estranho.

Ela sorri e vai ao encontro de Daniela que já a aguarda na porta. Eu apanho a pequena mala e levo até a sala.

- Pode deixar Marcos eu cuido disso – me diz Daniela.

Deixo a mala com ela e volto para colocar o carro na garagem. Assim que faço isso vou para meu quarto. Retiro o quepe e coloco no criado mudo ao lado da cama.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora