Capítulo XXII

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FICO TÃO chateado e nervoso que pego minha carteira na sala, a chave do carro e saio. Quando me vejo, estou dentro do hospital. Talvez passar a noite aqui com ele e sair pela manhã seja melhor.

Estou com raiva de Alice, da sua irmã, da Suzana, de mim, da minha vida de modo geral. Entro no quarto onde meu pai está e começo a andar de um lado para o outro. Não sei o que fazer. Na verdade minha vontade é bater naquelas duas falsas e mentirosas.

- Por que meu Deus? O que eu fiz de errado para está me castigando assim?

- Deus está te castigando? – diz meu pai olhando para mim.

- Pai, desculpe ter te acordado. Volte a dormir. Tá tarde.

- Tarde? Então acho que você também não deveria estar aqui. Você não ia se divertir hoje com a senhorita Alice?

- Aquela mentirosa – eu me sento e seguro a cabeça entre as mãos – como eu pude me enganar tanto?

- Alice mentirosa? Do que está falando menino?

- Nada pai. Volte a dormir eu nem deveria estar aqui. Fiquei tão nervoso que nem vi o que estava fazendo e nem para onde estava indo – observo o relógio no pulso – nossa, são duas da manhã.

-Filho eu não poderei te ajudar se você não me disser o que houve. Mas só para começar essa conversa me responda, você bebeu?

- Sim. Mas muito pouco.

- E veio dirigindo para cá? Marcos não seja irresponsável. Eu já perdi um filho por conta de acidente de trânsito. Quer me fazer passar novamente por tudo aquilo?

- Pai.

- Pai nada. Nunca dirija se você beber. Já te pedi mil vezes. Agora me diga, o que houve com a senhorita Alice?

Conto tudo para o meu pai o que aconteceu durante nossa noite. Nunca fui de guardar segredos para o meu pai. Ele sempre foi o meu melhor amigo. E me recordo que ele nunca foi com a cara da Suzana. Mas me apoiou quando resolvi me casar com ela.

- Filho. Ela ao menos lhe deu algum tipo de explicação? – meu pai usa um tom de voz tranquilo. Acho que para me acalmar ou para me deixar mais irritado, afinal quem ficaria tranquilo com tudo isso?

- Explicar o que? Não há o que explicar. Eu entendi tudo... elas me fizeram de idiota. E Alice foi ainda pior... ficou se fingindo de amiga esse tempo todo.

- Marcos eu te ensinei a não ser tão precipitado e intransigente como está sendo agora. Toda história tem três pontos de vista. O de quem vive a história, o de quem conta a história e o de quem ouve a história. No seu caso tem o seu ponto de vista, o da Andréia e o da Alice. Você sabe o seu. Sabe o que a Andréia queria de você, mas ao menos você ouviu a versão da Alice nisso tudo? Quando seu irmão fez o que fez, você foi correto em ir até ele para saber da boca do mesmo o que houve. Só ouvindo todos os ângulos você pode julgar e tirar sua sentença.

- Eu... Eu não ouvi nada. Ela disse que poderia explicar, mas eu fiquei nervoso. E ainda estou.

- Ou então você não quis ouvir e descobrir que estava certo, que elas te usaram. Mas você só vai saber se ouvir o lado dela. Eu, particularmente não creio que Alice tenha usado você como fez a irmã. Eu não costumo errar nos meus julgamentos, você sabe. Ela esteve comigo, eu vi a pureza nos olhos dela...

- Ou ela é uma boa atriz.

Após uma meia hora pensando, acho que meus pensamentos se acalmam e fico mais sereno. Isso me ajuda a me restabelecer. Me levanto e vou até meu pai que dormiu outra vez. Dou um beijo em sua testa. Vou para a porta.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora