Capítulo XI

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RECEBO UMA ligação assim que o Carlos sai. Fica muito difícil mexer no celular sendo destro e estando com o braço engessado.

- Alô?

-Olá Marcos.

- Andréia? Que surpresa você me ligando...

- Quando você volta para o trabalho?

- Bom... Eu estou de licença médica por um mês.

- Um mês? Tudo isso?

- Não está satisfeita com o serviço do Carlos não?

- Ahh claro, mas gosto de você lesma.

- Então está reclamando que ele corre...

- Não estou reclamando de nada, ele faz o serviço... muitooo bem. Só que gosto de meus funcionários fazendo seu trabalho.

- Obrigado por perguntar como está minha saúde. Boa noite Andréia.

Desligo o telefone. É inacreditável que essa mulher seja tão insensível assim. Achei que estava preocupada com meu estado, puro engano.

No outro dia desço com dificuldade para tomar um café na cafeteria da esquina, afinal não tá legal fazer nada com essa perna assim e esse braço engessado. Tenho que lembrar também de ligar para marcar a fisioterapia, mas não conheço nenhum bom fisioterapeuta.

Quando eu chego ao térreo o José vem prontamente me ajudar. Estou com uma bengala para ajudar a caminhar.

- Senhor Marcos não quer que eu ajude o senhor?

- Não precisa José obrigado. Eu vou só até a esquina tomar um café reforçado.

- Eu vou te ajudar a pelo menos chegar à cafeteria. O senhor sabe, não posso deixar a portaria sozinha.

- Obrigado José, você é um cara incrível. Também quero agradecer pelo socorro naquele dia. Você conseguiu ver mais alguma coisa? Eu preciso prestar queixa na delegacia.

- Só o modelo do carro. Foi muito rápido e estava tarde, escuro...

- Tudo bem.

Vamos andando lentamente. Atravessamos a rua e o José me deixa dentro da cafeteria.

Faço o meu pedido, um café com leite. Gostaria de algo para comer, mas a cafeteria está cheia, só há espaço nas mesas na calçada.

Quando apanho meu café vou em direção a porta, novo problema, como vou abrir a porta com esse café na mão e a bengala pendurada no braço engessado?

De repente a porta se abre. E ouço uma voz familiar.

- Quer ajuda senhor Marcos?

- Senhorita Alice? – ela abre a porta, permitindo que eu passe – obrigado.

Descido sentar em uma mesa na calçada. Ao menos até terminar o meu café. Meu estomago começa a roncar. Passo a mão sobre a barriga pedindo para ela parar de reclamar.

- Com fome? – levanto meu olhar e vejo a senhorita Alice e outra moça.

- Na verdade sim, mas eles não servem aqui fora, eu teria que voltar lá para fazer o pedido e creio que pegar uma bandeja e essa bengala não está muito fácil pra mim.

- O que o senhor quer comer? Posso pedir e trazer.

- É muito gentil da sua parte. Eu não vou negar essa ajuda não.

A Outra Que AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora