Capítulo 1

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Dias atuais...

Acendo um cigarro e dou um gole na cerveja barata. Olho ao redor de todo o ambiente que se tornou meu local de "trabalho". Observo as pessoas vazias que me rodeiam. Sorrisos falsos, roupas novas, joias caras, bebidas, cigarros; dinheiro, famílias, relacionamentos e vidas jogadas fora...

Uma bosta total!

Hoje a música está menos irritante, agradável até, mas não ao ponto de prender minha atenção nas letras de cada uma. Somente a melodia faz seu caminho até meu cérebro altamente frenético. Tento me concentrar nelas, mas o esforço é em vão. Nada distrai o caos da minha mente. Aperto o alto do nariz com os dedos e simultaneamente fecho os olhos com força.

Vamos, porra, desliga!

Abro os olhos, forçando-os a dar uma olhada mais atenta, minuciosa, ou profissional, ou seja lá que merda for. Dá certo. Se é que há algo "certo" em minha vida. Enfim. Consigo ver um possível cliente. Ele está sozinho na mesa. Típico. Não demora muito para ele perceber meu olhar sobre ele, e então ele pisca para mim e mostra os dentes. Eu mostro forçadamente os dentes de volta.

Lá vamos nós!

O cara está com o celular na mão, que por sinal, deve ser caro. Em seguida, guarda-o no bolso e enche mais o copo com bebida. Ele não é alto, aparenta ter uns 1,68 metros. Tem cabelo preto e barba de três dias por fazer. Aparentemente, seus olhos são escuros. Eu chuto uns 37 anos e está sem aliança. Tem cara de limpo, de homem bem cuidado.

Bom, já peguei piores!

Quando ergue a cabeça novamente, olha diretamente para mim de novo, e levanta o copo em minha direção, fazendo um gesto para que eu vá até ele.

Nem pra vim até aqui?
Uns oito metros?
Filho da puta!

Eu inspiro e expiro longo e fortemente, com o pensamento de virar e correr para bem longe daqui. Mas eu não posso.

Puta que pariu!

É por necessidade!

Lembro a mim mesma ao me aproximar dele.

- Olá! Está sozinha?

- Não está claro?

- Eh... uh... Eu também. Gosta daqui?

- Não.

Ele me olha torto e sorri. Talvez esteja esperando alguma explicação, mas a única coisa que sinto é uma enervante vontade de jogar minha cerveja nele. Ou, quem sabe, despedaçar a garrafa de vidro bem no rosto dele. Viro o corpo para o lado oposto dele. Nem fodendo vou perder tempo dando porra de explicação para esse inútil e nem alimentando crimes psicóticos na minha cabeça maluca.

- Você quer uma dose?

Ele pergunta. Em vez de responder, devaneio...

Bem que eu poderia beber algo mais forte, tipo o que esse cara bebe agora. "Forte" repito internamente para mim mesma algumas vezes. Forte... Que é algo que sobe rapidamente para o cérebro e me deixaria entorpecida ligeiro. Conheço bem essa sensação. Assim, forte... Torna-se mais fácil enfrentar mais uma noite de merda.

Mais uma noite de merda!

Onde esse homem na minha frente (ou qualquer outro homem), que está me olhando feito um bastardo, me desejando, vai me oferecer mais bebida ou drogas. Talvez, dançaremos um pouco, por mais ou menos 1 hora, até que ele ou eu se canse de perder tempo e decida partir para os finalmentes dentro de um quarto barato de motel. Então tiraremos a roupa, e ele irá usar meu corpo para seu prazer, sem nenhum momento se importar se a mulher ali em baixo dele também está sentindo prazer. Geralmente é assim, eles nunca se importam. Na verdade, eu também não me importo. Eu fico dormente às vezes.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora