Capítulo 7

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Dias atuais...

Respirei fundo e saí do banheiro. O corredor estava cheio de garçons, uns cumprimentavam outros não. Nada de diferente. Idiotas! Passei por eles novamente sem olhá-los, seguindo bufando direto para o balcão que Marco estava.

- Que demora pra assinar a Lei Áurea. Seu nome é muito extenso, princesa?

Paro um instante com a testa franzida para ele. Longos segundos se passam até cair à ficha.

- Não maior que o da sua mãe, majestade.

Marco ri.

- Ok. Ok... Chega disso. Os caras chegaram e já estão na mesa escolhida. Eu conheço apenas um deles de vista, parece ser confiável. Eles vão ficar na área Vip e eu te levarei até lá, vou dizer que você é minha prima.

É assim mesmo que Marco fala. Quase sem pausa para respirar.

- Prima? Por quê?

- Pra eles não desconfiarem que você só vai estar lá para depená-los.

- Ah, sim. Certo. Como se eles fossem idiotas, Marco.

- Idiotas ou não, eu só quero que consumam, o resto é detalhe.
Vem cá... semana passada um cara veio me perguntar teu nome e saber se você vinha sempre aqui.

- Quem era?

- Nunca tinha visto aqui antes. Desculpa, mas falei seu nome... E disse o que fazia aqui... E em quais dias fazia.

- Porra, Marco! Tu nem conhecia o cara. Que Diabos!

- Poderia ser um possível cliente?

- Poderia ser o Mestre dos Magos da Caverna do Dragão?

- Quem?

- Esquece.

- Certo. Agora vai lá com toda sua beleza e seca os bolsos dos trouxas. A mesa é aquela ali.

Marco apontou na direção das minhas costas. Eu me virei, e todo o sangue sumiu do meu rosto. Era ele: O calça preta!

Meu Deus!

Esse cara não pode me perturbar assim!

Eu nem conheço ele!

- Sério mesmo? Aquela mesa?

- É. Vou te levar lá agora.

- Puta merda!

- Que foi?

- Nada. Bora logo antes que eu desista dessa porra.

É até vergonhoso dizer que o meu coração realmente está acelerado e eu nem sei qual o motivo disso. Tenho 24 anos, porra! Qual é o meu problema? É só um cara (cinco caras nesse caso), mesa, bebida, cigarro, dança. O que tem demais nisso?

Marco sai de trás do balcão e passa um braço pelo meu ombro. Olhando para ele agora, me faz lembrar dos desenhos animados, quando os olhos dos bonecos têm dois cifrões. Andamos até a mesa e eu posso ver que o calça preta está me queimando com os olhos penetrantes dele, então desvia o olhar e fala para os amigos da mesa algo que eu não entendo.

O que é isso?

- Boa noite, rapazes! Queria pedir um favor a vocês.

Marco sorri com todos os dentes. Esse é seu sorriso bajulador.

- Essa é minha prima Julie! Ela levou um bolo da amiga e agora está extremamente entediada. Eu vou estar muito ocupado, vocês se importariam dela ficar aqui na mesa com vocês?

Essa é a hora que eu tenho que sorrir e fazer cara de anjo. Eu nem precisaria me esforçar porque essa é o tipo de coisa que realmente me deixa de bom humor: sem sexo. Eu reagiria normalmente, mas é impossível ficar calma com esse cara me olhando desse jeito. É impossível ficar calma no estado psicologicamente nervoso que estou.

- Claro! Prazer, Julie. Me chamo Ronald.

Um dos caras sorri e aperta minha mão. Eu sorrio de volta e só. Marco me olha desconfiado, e com razão, ele nunca deve ter me visto estranha assim. Eu forço:

- Obrigada.

- Relaxa. Esses são meus amigos: Daniel, Alex e Robert.

Eu acenos para eles.

- Ah, e esse cara estranho aqui é o Ben.

O tal Ronald aponta para o calça preta. Esse é o nome dele: Ben.

Ben. Ben. Ben. Ben. Ben.

Ben simplesmente está vestido de novo com uma calça jeans justa preta, botas pretas, moletom cinza e seus olhos intensos.

Meu Deus! De perto é muito melhor!

Eu levanto meu olhar até o rosto dele e vejo o seu primeiro sorriso. É lindo. Ele tem covinhas. Puta que pariu! Eu sorrio para Ben.

Ben. Ben. Ben. Ben. Ben.

O cabelo dele é escuro e cortado no estilo quiff. E só para foder de vez meu psicológico, os olhos dele são de um tom verde maravilhosamente lindo e... Familiar...

Diego.

Ele tem os olhos da mesma cor que Diego. O mesmo sorriso. A nostalgia me atinge.

Como pode? Espera... Será?
Irmãos? Não. Diego só tinha irmãs. Minha nossa!

Eu só não me encantaria por esse cara se eu estivesse morta. Ele é muito lindo.

"Encantaria", Julie? Sério mesmo?

Ok. Sem empolgação!

Ele daria um ótimo cliente e só.

Ben acende um cigarro. Ben fuma também. Ele olha ao todo seu redor, mas sempre dá um jeito de olhar para mim de novo nem que seja por 1 segundo. Ele parece nervoso, inquieto... Mas também muito confiante. Eu diria que ele é tímido, mas corajoso. Isso me confunde...

Menos, Julie, menos.

Os caras não me fitam com malícia, eles foram educados, mas distantes. Eu mentalmente me pergunto: por quê? Geralmente, caras olham uma mulher na minha posição babando feito cachorro, já imaginando seu pau dentro dela.
Marco aperta as mãos de cada um deles e dá umas batidinhas nas costas se despedindo, então se vira para mim. Eu olho para ele e estreito meus olhos querendo que ele receba meu recado telepático: "Que cilada em, caralho? Que cilada!".

Ele finge não ver e fala:

- Muito obrigado, rapazes. Aproveitem à noite! Se precisarem de mim é só chamar.

Marco sorri, pisca pra mim e se vai. Traidor!

Droga... Essa noite vai ser longa...

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora