Janeiro de 2007

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9 anos atrás...

Julie completou 15 anos.

Durante todo ano passado (2006) depois da partida de Diego, Julie passou a frequentar muitas festas e ficou mais conhecida no bairro do que já era. Ela ficou com um número grande de caras, mas só houve sexo com alguns. Era sexo casual, bom, agradável, e geralmente só acontecia depois de Julie ingerir uma grande quantidade de álcool. Mas era só isso. Sexo. Nada de sentimentos.

Talvez ela não soubesse ou se recusava a admitir, mas Diego ainda era o dono do seu coração.

Julie entrou para o ensino médio e passou a estudar à noite. Ela achava mais tranquilo e menos rigoroso. Ou talvez ela quisesse preencher o vazio que ficou porque não tinha mais Diego todas às noites do outro lado da sua calçada.

Em casa a situação ficava cada vez pior. Eram brigas intermináveis que envolviam até alimentos. A avó de Julie, quando estava com raiva, até escondia comida, e quando cedia, sempre aproveitava a primeira oportunidade para humilhar Julie, Helena e Marie.

Helena não trabalhava fora por causa da sua saúde que já não era tão boa, e elas sobreviviam da pensão que Julie recebia do pai. Julie não entendia o que aconteceu para fazer sua avó mudar assim, desconfiava que sua avó aproveitou para colocar as garras de fora depois que seu avô morreu. Não tinha outro porquê...

- Olha à hora! São doze horas, Julie! Isso é hora de acordar, vagabunda?

- Vagabunda? Sério? E mais o quê? Fala aí.

Julie deu um sorriso ácido.

- Vai dormir de madrugada com fogo no rabo, acorda essa hora e ainda se acha no direito de me responder?

- Eu acordo a hora que eu quiser. Todo dia essa casa se encontra limpa e é a palhaça aqui que faz tudo. Desde quando existe lei para que a casa seja limpa apenas pela manhã? Melhore, viu. Melhore!

- Se você não gosta da situação pega tuas coisas e vai embora! Pede aos bêbados drogados que tu chamas de amigos um cantinho na casa deles. Faz qualquer coisa, mas sai da minha casa.

- Com certeza! Logo logo a senhora vai ter o que tanto quer, pode esperar. Depois disso nem o caralho da poeira dos meus pés a senhora vai ver aqui. Ridícula!

Julie não chorava nunca.

Desde o acontecido atrás da escola, e na noite em que viu Diego após dez dias, não chorou mais. O que era bom. Ela se tornou aos outros inabalável, a menina que sorria e usava sarcasmo quando era ofendida, debochada. Mas ninguém imaginava como ela se sentia por dentro.

Todas às noites, um rapaz ficava com seus amigos em frente à escola de Julie. Ele era encantado por ela e se chamava Christopher. Um dos amigos de Christopher estudava com Julie, cujo Christopher convenceu a mandar um recado para Julie por ele.

- Ei, Julie!

- E aí?

- Quero falar contigo.

- Fala logo!

- Eh... É o Christopher. Ele quer te conhecer...

- Quê? Sem chance.

- Qual é, Julie? O cara tá apaixonado.

- Apaixonado porra nenhuma.

- Sério! Ele não larga do meu pé. Conhece o cara pelo menos...

- Aff! Me erra, Carlos.

E foi assim por quase dois meses.
Christopher não desistiu, e depois de muita persuasão, eles se encontraram por acaso em uma festa e acabaram ficando.

Julie nem imaginava que depois disso sua vida iria mudar. E muito.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora