Capítulo 33

72 5 1
                                    

Assistam o vídeo com tradução da música desse capítulo!
A Thousand Years - Christina Perri

6 anos depois...

Eu me lembro daquele dia como se fosse hoje...

Nossa! Isso é muito clichê. Mas é verdade.

Era um domingo. Gabriel tinha saído com a namorada e um amigo para o cinema e iria dormir na casa dele. Mamãe estava na sua casa nova com o marido. Eu estava sozinha em casa, e tinha a televisão e um pote de sorvete como companhia.

Escutei um pequeno barulho na porta, um barulho quase imperceptível. Eu olhei do sofá e não vi nada. Após alguns segundos, escutei de novo e fiquei assustada.

Fantasma??????

Que ridículo!

Quem tem medo de fantasma aos 29 anos?

Julie. Julie tem.

Eu levantei do sofá e fui devagarinho até o corredor da porta, mas não vi nem a sombra de nada. Eu parei no corredor olhando para porta como se ela fosse um monstro disfarçado de porta, e fiquei ali esperando ela se derreter, criar braços ou se abrir num portal para Nárnia.

Louca. Você é louca, Julie.

Eu estava tão concentrada na porta que levei alguns minutos para perceber que havia algo no chão.

Um papel.

Eu soltei o ar e ri de mim mesma para as paredes.

Portal da Nárnia... Essa foi boa!

Eu imaginei que era mais um folheto de anúncio da pizzaria nova do bairro.

Me enganei.

Era um papel antigo, uma folha de agenda cortada em formato quadrado e dobrada ao meio.

Eu sabia o que era.

Mas isso não me impediu de sentir meu coração queimar como se todo sangue do meu corpo estivesse concentrado ali.
O papel tremia nos meus dedos e eu queria gritar.

" Eu Amo Você, Miss Bad Mood."

Era tudo o que tinha no papel.

Era suficiente.

Era certo.

Eu caminhei até a porta e abri, e o que meus olhos viram me fez cobrir a boca com as mãos e puxar forte o ar dos pulmões para me certificar que eles ainda estavam funcionando.

Duzentas e setenta semanas e doze dias sem ver Ben. E ali estava ele na minha frente.

Com os mesmos olhos verdes. O mesmo sorriso safado. As mesmas covinhas. De calça preta e botas. Só que naquele momento, tinha algo mais a ser acrescentado a Ben... O meu coração.

Ben carregava com ele meu coração.

Ele estava parado, encostado no capô do carro, olhando diretamente para mim como se sua vida dependesse disso. Ele girava o anel do dedo indicador por hábito nervoso igualzinho a mim. Mordeu o lábio inferior e olhou para baixo... exatamente como na primeira vez que eu o vi. Naquele instante, quando Ben voltou seus olhos para mim, ele não estava sério, muito sério igual a mim... Ele estava sorrindo!

O sorriso lindo de covinhas e olhos verdes.

Eu sorri e meus olhos ficaram embaçados de lágrimas. Corri até ele e o agarrei pelo pescoço. Tive medo que o peso do meu coração sobrecarregado de amor o derrubasse no chão. Os braços de Ben me envolveram e senti seu coração acelerado combinando perfeitamente com o ritmo do meu. Ele me rodou no ar. Só o abraço de Ben poderia me fazer perder toda noção de tempo e espaço. Nada existia entre nós. Era só Julie e Ben. Parecia que o tempo não havia passado.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora