Capítulo 23 - Julie

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Assistam o vídeo com tradução da música desse capítulo!
Torn - One Direction

Dias atuais...

Eu experimentei meu primeiro ataque de ansiedade. Talvez não tenha sido o primeiro, mas sem dúvida foi um dos mais fortes.

A cada passo que eu dava para longe dele, senti a ansiedade aumentando. No começo foi apenas vontade de chorar e eu reprimi. As palavras dele permaneceram girando na minha mente, até que a sensação ruim foi surgindo.

Senti meu peito queimar e doer, minha garganta fechou, e eu não conseguia respirar naturalmente. Meu coração começou bater acelerado e simultaneamente senti tremores pelo corpo. Solucei de chorar, me debater, queria gritar, senti pânico. Parecia que tinha alguém dando choques horrorosos em meu coração, e suas batidas eram doloridas e assustadoramente fortes.

Fumei quatro cigarros seguidos. Sim, você realmente leu isso. Quatro cigarros seguidos e mais 2 diazepans de 10mg, que por um milagre, ainda estavam no fundo da minha bolsa.

Não foi nada bom. Foi horrível, aterrorizante. Sem dúvida é uma coisa muito apavorante.

Pânico.

Essa pode ser a palavra mais próxima para definir o que senti ao sair sem olhar para trás do carro de Ben.

Não foi como os clichês das novelas que a moça sai com raiva na chuva e o cara vai atrás dela, pega a moça pelo braço, vira, beija, e fica tudo bem. Não foi assim. Às vezes esses clichês são tão ridículos!

Ele veio sim atrás de mim, mas eu tive a vantagem de estar em meu próprio bairro e conhecê-lo muito melhor que Ben, pegando um atalho e desviando deliberadamente o percurso até chegar em casa sozinha e enxarcada e totalmente fora de si. Não lembro o que fiz depois disso.

Na manhã do dia seguinte, eu abri os olhos, mas não acordei. Apenas concluí pela cama vazia que Gabriel já havia saído para escola, mas eu literalmente não estava desperta. Minha cabeça doía. Meus braços e ombros doíam. Minhas pernas estavam pesadas como se tivessem amarradas à dois sacos grandes de batatas. Meu cérebro era uma névoa densa e meu coração um buraco negro. Do momento em que abri os olhos, até às três horas da tarde, por um milagre, consegui ser capaz de responder penguntas automaticamente, mas sem pensar sobre elas, sem raciocinar.

Gabriel chegou da escola às cinco horas, e foi o melhor antídoto para o buraco negro dentro de mim. Eu tomei um banho gelado e preparei o jantar para ele. Coloquei Gabriel no banho, e fiz companhia para ele na mesa enquanto ele comia. Entre esse meio tempo, tomei três xícaras de café. Senti meu cérebro acelerar de uma forma estranha, fazendo eu me sentir mal por não poder, nem conseguir externar ou verbalizar nada.

Fiquei parada inexplicavelmente sorrindo, olhando Gabriel comer e contar sobre seu dia. Quando ele terminou, avisei que havia mudança na rotina do dia: iríamos para o espaço de esportes do bairro. Era o único lugar que tinha entrada grátis. Gabriel se animou, mesmo depois de eu ter afirmado que não teria dinheiro para gastar lá, e isso me trouxe um pouco de vida de volta.

Trocamos de roupa, calçamos nossos tênis gastos, enchemos nossas garrafinhas de água e colocamos a bola laranja fluorescente numa bolsa. Era uma distância curta, um quilômetro mais ou menos, e fomos correndo e rindo até chegar lá. Jogamos futebol, basquete, queimado, e futebol de novo. Meu corpo se resumia em pulmões explodindo e pura exaustão. Foi totalmente intencional. Eu queria me sabotar. No entanto, meu coração também foi recompensado com recarga de energia boa.

É tão bom constatar que Gabriel é feliz por ter "um mãe que brinca e joga melhor que seus amigos". Trocamos "Eu te amo" tantas vezes que eu me senti culpada de sofrer por qualquer outra coisa.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora