Capítulo 19 - Ben

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Assistam o vídeo com tradução da música desse capítulo! 😭👆
Strong - One Direction

Dias atuais...

Ela nem sabe o que sinto e nem há quanto tempo sinto.

Amor platônico é juvenil, não importa a idade. É uma vulnerabilidade constante, insegurança para qualquer passo em direção à pessoa desejada.

É uma certeza de que tudo pode e vai dar errado no momento em que tentarmos quebrar essa dolorosa distância entre os corpos.
Platônico de Platão, que idealizava um amor sem cunho sexual. Da história, dos livros e da poesia para os dias de hoje. Um amor amador, que ainda tenta amadurecer, mas que vive uma efêmera eternidade. Sem sexo. Sem nexo.

Mal conhecemos e já amamos. Um amor totalmente condicional, que sobrevive na fantasia da realidade.

Ama-se pela forma que o coração reagiu quando a vi pela primeira vez muitos anos atrás. Ama-se pelo olhar, pelo jeito de passar a mão no cabelo, pelo jeito de girar nervosamente o anel, pela forma como o riso alto ecoa direto no coração.

Ama-se pela calça jeans escura desbotada, pelas unhas curtas pintadas com esmalte café com rebu sem vaidade, pelo perfume que ficou na pele durante a dança inesquecível na noite quando fomos apresentados.

Ama-se pelo conteúdo. Ama-se mesmo conhecendo a história, sabendo os defeitos.

Amor platônico talvez seja a certeza da dúvida. Descobrimos ali o quanto podemos nos entregar. É a nossa iniciação emocional. Amor platônico parece frio, mas não é. Aquece a nossa alma, revela como um sentimento pode ser tão puro e como podemos nos descobrir sempre um pouco mais.

Amor platônico faz parte da vida. Ensina e alimenta o sonho de um dia sermos felizes no amor. Amor platônico faz a gente ter esperança, faz a gente amar antes mesmo do amor acontecer.

Ben Slon. XX

***

Eu estava relendo meu rascunho pela terceira vez quando a voz alterada do meu lado chamou minha atenção.

- Que diabos, Ben. Que porra de lugar tu deixasse tua cabeça? Entendeu o que eu disse?

Porra!

Nada me desconcentra tanto quanto ela...

- Escutei, mas não entendi. Repete.

Uma batida raivosa afetou o volante.

- Pelo amor de Deus! Presta atenção, Ben! Acabamos de sair da frente do Juiz, tu queres fazer merda? Botar tudo por água abaixo?

- Olha, sabe que eu detesto ser grosso, mas essa é a pergunta mais idiota que ouvi hoje.

O sermão continuou, mas nada fazia mais sentido. Um alívio me tomou por saber que veria Julie logo logo, em contrapartida, a raiva foi avassaladora por saber que eu estava enfiado numa porra de uma merda.

Julie. Julie. Julie. Julie.

Droga!

Enquanto minhas emoções estavam em duelo e a voz insistente continuava irritantemente entrando pelos meus ouvidos, comecei escrever mais. Isso seria muito mais útil para mim.

***

Oi, Julie!

Miss bad mood...

Se tem uma coisa que me deixa triste é saber o quanto você está sofrendo e estou tão longe que não posso ajudar de outra forma a não ser te escrevendo ou ligando.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora