2008

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8 anos atrás...

Julie aos 16 anos se tornou mãe.

No começo achou estranho o fato de estar carregando uma vida dentro dela, ela não se achava capaz dessa enorme tarefa.

Perguntava-se como saberia se o choro do bebê seria cólica ou não.

Perguntava-se como saberia a quantidade certa de leite para fazer a mamadeira.

Perguntava-se como saberia se já estaria na hora de trocar a fralda.
Se perguntava tantas coisas...

Até que um dia Helena lhe disse:

- Não precisa ter medo, Julie. Você vai olhar para seu bebê e todas as respostas estarão lá.

E Julie parou de perguntar e passou a sentir.

Julie continuou a estudar à noite e não faltava nenhuma das aulas. Estava morando na casa da sua avó de novo. Não era um paraíso, mas tinha melhorado bastante.

Aparentemente, a maternidade muda uma casa.

Ela estava com cinco meses de gestação quando soube o sexo do bebê. Julie chorou de emoção e sentiu seu peito explodir de felicidade quando olhou a tela do monitor no consultório e viu a pequenina pessoa que tinha se tornado a mais importante da sua vida, e agora ela sabia:
Era um menino.

- É MENINO MÃE!!!!

- Meu netinho é um MENINO!

Elas se abraçaram, sorriram, choraram, se abraçaram e sorriram de novo.

- Como vamos chamar nosso novo amor?

- Gabriel De Luca Lótus.

Ele terá nome de anjo porque ele é o meu anjo e sempre será.
Pensava Julie.

A gravidez foi difícil, mas Julie e Gabriel sobreviveram firme.
Julie não recebia mais a pensão do pai e passou de novo a depender da avó para se manter. Às vezes, ela dava aula de reforço para crianças do jardim da infância, mas o que recebia só dava para comprar coisas superficiais. Não chegaram a passar fome, graças a Deus. Os pais de Christopher, avós de Gabriel, nunca estavam presentes. O enxoval de Gabriel só chegou quando Julie estava com oito meses de gestação.

Poderia soar horrível, mas Julie não sentiu pela morte de Christopher em nenhum momento, e dava graças a Deus pela distância da família dele. Gabriel era só dela. Era assim que ela pensava, era assim que era e sempre seria.

Gabriel De Luca Lótus nasceu no mês de Julho com 4,289 quilos, era um bebê muito, muito lindo e enorme.

Julie sofreu muito no trabalho de parto, que durou 15 horas seguidas. Julie era corajosa e Gabriel nasceu de parto normal por escolha dela.

Foi o dia mais feliz da sua vida.

Quando ela escutou seu primeiro choro se rompeu em lágrimas, lágrimas boas, lágrimas de felicidade. Quando viu o rostinho gordinho e redondo com olhos e cabelos castanhos sentiu-se transbordando e achou que seu coração não daria conta do tamanho do amor que sentiu naquele momento. Julie sabia que aquele era o melhor presente que Deus poderia ter lhe dado, mesmo sem ela merecer.

Julie era nova, apenas 16 anos, mas como uma mãe da sua idade ela não tinha nenhum defeito.

Acordava a qualquer hora da noite para trocar fraldas e alimentá-lo.

Levantava antes das seis da manhã para que Gabriel tomasse banho dos primeiros raios de sol do dia, porque esse era o horário mais saudável.

Dava banho, mesmo se sentindo insegura com aquele corpo molinho e pequeno em seus braços.

Levou Gabriel sozinha para todas as consultas.

Levou para tomar todas as vacinas.

Seguiu a dieta prescrita pelo pediatra e amamentou Gabriel não só apenas por seis meses, mas durante dois anos inteiros.

Tirava leite do peito com um desmamador todas as noites para que Gabriel tomasse enquanto ela estava na escola, e quando chegava à escola, seu coração já estava apertado de saudade e não via a hora de voltar e pegá-lo de novo nos braços.

E embora ela se sentisse exausta na maioria das vezes, fazia tudo isso com muito amor e prazer.
Julie deixou de viver para si e passou a viver para Gabriel. Não frequentava nenhuma festa nem arrumou nenhum namorado.
Era só Julie e Gabriel. E isso era motivo de orgulho para ela.

Julie sentiu orgulho quando presenciou o primeiro, mais lindo e puro sorriso de Gabriel.

Julie sentiu orgulho na primeira vez que Gabriel ficou de bruços e levantou a cabeça sozinho.

Julie sentiu orgulho quando Gabriel mesmo ainda caindo para os lados sentou-se sozinho.

Julie sentiu orgulho quando Gabriel ficou com febre e seu primeiro dentinho nasceu.

Julie sentiu orgulho quando Gabriel comeu sua primeira papinha.

Julie sentiu orgulho quando Gabriel aprendeu a engatinhar sozinho.

Julie quase-morreu-de-orgulho quando ouviu Gabriel dizer sua primeira palavra: Mama.

Julie sentiu orgulho da primeira vez em que Gabriel ficou em pé e deu sozinho seus primeiros passinhos.

Julie sentia orgulho 24 horas por dia aos 7 dias da semana, e desconfiava que seria sempre assim...

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora