Janeiro de 2002

68 6 0
                                    

14 anos atrás...

Mês do aniversário de Julie. 10 anos.

Há dois anos, seus avós se mudaram do bairro em que moraram por quase 50 anos.
Eles não conseguiram quitar a hipoteca da casa, e a perderam para o banco. A casa foi a leilão.

Tiveram que se mudar para uma casa muito menor de aluguel, num bairro não muito longe de lá. Julie então passou a morar com eles, seus avós e um tio. Helena, a mãe de Julie, morava em outro bairro e estava casada com Otávio (que não gostava de Julie), e eles tiveram juntos uma filha chamada Marie, que estava com quatro anos. Julie sentiu que sua mãe a tratava diferente, que foi deixada de lado. Mas, como Julie era muito chegada aos avós, isso foi deixado em 'modo repouso' naquele momento.

Julie foi uma criança saudável fisicamente, porém, se comportava diferente das outras crianças. Ninguém ligava muito para isso. Por vezes, ameaçaram interná-la num colégio interno ou comprar calmantes, etc... Pena que só diziam isso da boca pra fora, porque Julie realmente precisava ser tratada, ela precisava ter atenção especial, Julie tinha um leve Transtorno de Conduta.

Julie aos nove anos já tinha vandalizado casas ou coisas (jogava pedras enormes em telhados, em janelas, tentou colocar fogo e inundar a casa de um vizinho, quebrou telefones públicos, banheiros particulares...) e também era má com animais. Os enforcava (mas nunca chegou a matar), queimava-os com taco em brasa...

Algumas pessoas tem certa noção de que, Tendências Psicopatas afloram e são diagnosticadas na infância, exatamente com esses sintomas que geralmente acompanham um Transtorno de Conduta.

Era uma pena a família estar alheia a isso.

Quando Julie ainda tinha oito anos, houve um dia em que chegou da escola e não viu ninguém em casa. A porta de um dos quartos estava fechada e todo ambiente em total silêncio, então deduziu estar sozinha. Entrou no banheiro para tomar um banho e não fechou a porta. Julie já mostrava sinais da puberdade no corpo (pelos, seios), os hormônios aflorando, e também era muito, muito curiosa.

Ela tinha pegado uma tesoura para aparar a "pelugem" recentemente adquirida, em seguida pegou a ducha.
No momento em que sentiu a ducha em sua parte íntima ela sentiu prazer, e continuou com o jato d'água direcionado nela. Fechou os olhos e ficou ali sentindo a sensação, até que algo que a fez abrir os olhos. Ela ficou vermelha na hora, tinha uma pessoa em pé observando-a: Era seu tio.

Julie levantou rápido e trancou a porta, não antes de escutar a voz dele:

- Julie, venha no meu quarto assim que terminar o banho. Se você não fizer o que eu mandar, vou contar tudo para sua avó e vou te machucar bastante.

Julie sentiu medo.

Não queria sair dali, mas sabia que tinha que encará-lo.

Depois de um banho exageradamente demorado, saiu só de toalha e bateu a porta do quarto do tio.

- Entra.

Julie entrou. Muito, muito assustada. Seu tio tinha um olhar sombrio sobre ela, e então falou:

- Eu quero que você tire essa toalha e se deite na cama nua.

Julie engoliu seco, mas obedeceu.
Ela era corajosa.

E por breves segundos pensou em matá-lo. Olhou em torno do quarto procurando algo para sua defesa, no entanto, nada achou. Daí pensou que poderia fazer algo enquanto esse merda de tio dormisse... Ou não. Ou poderia dizer que estava só se defendendo...

Pensou... Pensou...

E com os pensamentos ainda se contradizendo, deitou. Ele se aproximou dela olhando todo seu corpo e disse:

- Você vai me deixar fazer o que quiser com você, e nunca, jamais, vai falar sobre isso com ninguém. Eu não quero realmente te machucar, só quero dá umas lambidas nessa tua bucetinha nova cheirando a leite e enfiar uns dedos em você. Ah, e quero também que você se esfregue em mim e pegue no meu pau. Se não fizer tudo isso, aí sim vou te machucar, Julie. Machucar muito.

Meu Deus, me ajuda!
Eu juro ser uma menina melhor e menos malvada. Me perdoa, Jesus!
Julie orou. Seu coração nunca esteve tão acelerado antes.
Ele abriu bruscamente suas pernas e encostou o rosto nela, esfregando-o por todo meio de suas pernas; lambeu, chupou, babou, arranhou-a com a barba crespa e nojenta. Ele se masturbava simultaneamente, e isso fez Julie querer vomitar.

Ela fechou os olhos com força, até que uma lágrima escorreu por seu rosto, que em segundos, já tinham se transformado em uma cachoeira de lágrimas. Ela estava com muita raiva, muita vergonha e desejou morrer ali mesmo.

Foi então que sentiu. Ele lambia doentiamente o pequeno clitóris dela. Ela achou que estava enganada, mas não, realmente sentiu. Sentiu prazer.

Então chorou mais.

Ela não queria sentir isso porque toda a situação era nojenta, feia.

As lágrimas viraram soluços e gritos abafados à medida que a sensação aumentava, mas ela não conseguia controlar. Ela ficou em pânico, tinha as mãos presas e queria gritar, mas ele tampou sua boca com mais força. Brutalmente com força.

- Isso safada. Sabia que tu gostavas disso. Abre mais as pernas, porra! Vai, caralho!

Julie só tinha oito anos, mas ainda sim, contra sua vontade, ela teve um orgasmo. Em seu subconsciente, jurou nunca mais querer isso de novo.

Ela se odiava por isso.

Infelizmente, isso se repetiu por 13 meses, tempo suficiente para danificá-la.

Até que um dia, ele passou mal após beber 1 litro de cachaça em casa. Já na emergência, após vários exames, informaram que ele tinha ingerido um ácido fortíssimo chamado H.C.L, uma solução aquosa e tensiativa, provavelmente diluído na bebida alcoólica. Ele entrou em coma, não demorando a falecer, devido aos órgãos corroídos drasticamente.

Todos deram conta de que sempre existiu a certeza de que a bebida o mataria, entretanto, ninguém se deu conta de que também havia existido uma garrafa deste ácido em casa.

Julie, ironicamente, passou a acreditar em milagres. E, sádica e secretamente, respirou aliviada. Tudo estava certo agora. Ela tinha feito o que devia.

Mas, nunca, jamais, contou nada a ninguém.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora