Fevereiro/ Março de 2005

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11 anos atrás...

Mesmo contra vontade, Julie cumpriu o que disse. Às 20h bateu no portão de Diego.

Julie teve uma pequena melhora desde que viu Diego no dia anterior. Na manhã seguinte, não sentiu febre ou calafrio, o que deixou Helena mais tranquila. Ela nem imaginava o quanto Julie estava quebrada por dentro, e que não melhoraria nem tão cedo. Mas isso ninguém além de Julie sabia, e ela pretendia que fosse assim para sempre.

Nesse dia eles só conversaram.

Diego milagrosamente fez Julie sorrir bastante. E por todo o resto do mês, foram apenas conversas divertidas, abraços e beijos carinhosos. Não teve amasso. Julie não estava pronta ainda e Diego mesmo sem entender ou saber o motivo, respeitou.

Março chegou e às aulas retornaram. Com isso, a antiga rotina de Julie voltava ao normal aos poucos. Na terceira semana de aulas depois das férias, Diego a chamou na hora da saída.

- Minha mãe vai passar o final de semana na casa de praia, mas eu não tô a fim de ir. Queria que tu fosse lá pra casa ficar comigo.

- Eu vou. Mas vou ter que falar com Tati, combinar com ela de fingir que eu vou dormir na casa dela.

- Beleza. Minha mãe sai hoje às 16h. Puta que pariu! A casa é nossa, bebê.

Julie estremeceu, sentiu-se hesitante. Correu os olhos ao redor, a frente da escola cheia de alunos se despedindo. Perguntou-se se alguém além dela passava por isso, ou passou, e se eles também eram medrosos. Ela sentiu a sensação de estar sendo observada. Não por Diego que estava em sua frente, mas por outra pessoa. Rapidamente olhou para os lados, se certificando de que ele, Marcelo miserável, ou algum dos amigos dele estavam ali. Não estavam. Ela olhou para Diego de novo e lembrou-se de como era bom quando estava com ele. De como ela esquecia todo o resto, toda a merda. Ele era divertido, carinhoso e safado e Julie gostava disso. Então Julie sorriu para ele, recebendo um doce sorriso dele como incentivo, e nesse momento ela já não sentia mais tanto medo.

***

Helena não viu problema em sua filha dormir na casa da amiga. Julie colocou suas coisas na bolsa e saiu. O único problema era que Julie não podia entrar pelo portão da frente de Diego, se não Helena iria vê-la, ela teria que pular o muro do quintal de Diego. Mas só de imaginar de sair de baixo de um teto cheio de brigas, hostilidade, ofensas e humilhações, ela fez isso sem esforço e com dor na barriga de tanto rir.

Eles conversaram, comeram, jogaram Playstation, comeram novamente. Decidiram assistir um DVD, mas já no início do filme começaram a se beijar, se agarrar, rir, beijar novamente. Por ideia de Julie, tomaram doses de Vodca. Jogaram-se na piscina inflável do quintal, tomaram mais Vodca. Sentiram frio. Um aqueceu o outro. Mais uma rodada de vodca, e a mesma começou a surtir efeito.

Não muito tempo depois, já enxutos, localizavam-se no quarto de Diego. Julie vestia apenas uma camisa comprida que era dele e sua calcinha. Ela tinha levado roupas, mas Diego insistiu para que ela vestisse as dele enquanto as dela estavam molhadas. Não fazia sentido, mas quem disse que Vodca faz alguém ter sentido das coisas? Julie ficou encantada porque Diego tinha em seu quarto uma enorme e fofa cama de casal. Só dele.

- Que inveja! Olha essa cama! Tu nunca me dissesse dessa cama enorme.

Ele riu.

- Minha mãe me deu ela ontem, depois que a cama nova dela chegou.

- Cuidado que eu posso te matar enquanto tu dorme e roubar essa maravilha só pra mim.

- Posso escolher de que jeito vou morrer?

- Pode. Fala aí.

- Quero morrer de overdose de orgasmo.

Julie gargalhou alto e os olhos de Diego se iluminaram com doçura ao olhar para ela. Logo a doçura foi substituída por malícia, e surgiu em seu rosto aquele sorriso safado.

- Vem cá!

Julie disse ao observar a sutil mudança. Ele foi. Ele a olhou nos olhos e a beijou lento e profundamente. Ele repousou o peso do seu corpo nela, e Julie expirou com força. Ele já estava duro. Julie se moveu, fazendo Diego gemer no seu ouvido.

- Delícia!

Eles se beijavam sob efeito do álcool, sob efeito do desejo, que juntos fazem tudo parecer ainda melhor, e por isso não conseguiam parar. Era o tipo de beijo que parecia não ser o suficiente.

- Quero sentir teu gosto.

Diego se afastou e puxou Julie até que ela ficasse sentada. Ele tirou sua camisa e a empurrou lentamente para que deitasse de novo. Suas mãos estavam em todos os lugares. Diego beijou todo corpo de Julie, os seios dela cabiam perfeitamente na sua mão. Ele abaixou-se e abocanhou cada um deles. Julie sentiu a boca quente sugando suavemente seus mamilos e arqueou as costas, enquanto ele encaixava os polegares na calcinha de Julie para removê-la.

Julie achou que teria medo ou ficaria nervosa nessa hora por tudo o que já tinha acontecido com ela. Mas de alguma forma, Diego era diferente.

- Posso?

E lá estavam os olhos verdes e o sorriso safado que fariam Julie deixá-lo fazer o que quisesse. Talvez ela fosse apaixonada por ele. Talvez.

Julie assentiu calmamente para ele, suspirando fundo, então Diego a chupou. Ele subia e descia sua língua macia e quente nela. Julie revirou os olhos e agarrou com força os cabelos dele. Era a primeira vez que Julie sentia isso. Um prazer suave e contínuo, que foi gradualmente aumentando.

Pelo menos você está sendo o primeiro que me dá prazer ao me chupar, Diego.

Quando ele lambeu em círculos seu clitóris, ela o sentiu latejar.

- Ai meu Deus, Diego!

Seu corpo falava por ela. Julie olhou para baixo e viu os olhos verdes a encarando. Ela mordeu o lábio inferior. Estava perto. Mais uma olhada diretamente naqueles olhos verdes. Era viciante. Sua boca tomou formato de o. Ao ver isso, Diego gemeu, ainda chupando gostoso. Foi o suficiente. Após ouvir aquilo, Julie prendeu a respiração, revirou os olhos e explodiu. As ondas que dominaram seu corpo fez Julie estremecer em todos os lugares. Ela desejou que esse momento não acabasse nunca. Era como se ela estivesse nas nuvens. Diego sorria serenamente, escondendo a euforia dentro de si.

- No dia que tu gozar apertando meu pau, eu posso morrer feliz.

Disse ele com a voz safada no ouvido dela.

- Então vai ser hoje.

Diego viu a certeza nos olhos de Julie refletida em seus próprios olhos, e não hesitou. Os beijos recomeçaram. Julie tirou a bermuda dele e em seguida a cueca. Ela segurou seu pênis com confiança que ela nem sabia que tinha, subindo e descendo os punhos e passando o polegar na ponta úmida dele. Diego mordeu o lábio e Julie podia ver o sorriso safado surgindo de novo. Ela não se cansava daquele sorriso. Após esticar o braço até o criado mudo, abriu e colocou em ai a camisinha. Lentamente, abaixou-se sobre Julie tomando o cuidado para segurar seu próprio peso.

- Tem certeza, bebê?

- Tenho.

- Se doer, me diz que eu paro, tá?

Julie assentiu e ele lentamente a penetrou. Doeu. Doeu e ardeu bastante. Nada comparado àquela terrível noite, mas ainda era atormentador. Por um momento, ela teve um flash daquela noite horrenda, mas foi dissipado com um beijo carinhoso que recebeu dele. Ainda doía. Bem menos agora. Entretanto, com dor ou sem dor, com tormento ou sem tormento, Julie decidiu que iria até o fim. Ela queria que Diego tivesse isso, ou pelo menos pensasse que tinha.

Talvez ela o amasse. Talvez.

Eles tomaram banho juntos, comeram, assistiram o final do filme, se beijaram carinhosamente, dormiram abraçados e só acordaram depois do meio dia.

Julie amou aquela noite e todas as outras.

Isso se repetiu por oito meses. Até que Diego e sua família se mudaram com pesar para outro estado, e eles não se viram mais desde então. Ela desejou o tempo todo que tivesse sido Diego na noite atrás da escola...

Mas nunca, jamais, falou isso para ninguém.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora