Dezembro de 2007

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9 anos atrás...

- Que merda tu tava fazendo que demorasse tanto?

- Falou o rei da idiotice! Tu é demente mesmo ou é só fingimento?

- Fala direito comigo porra!

- Eu tava no caralho da emergência, filho da puta! Tu não serve nem pra fazer uma ligação e saber de mim!

- Jura que eu tenho que perder meu tempo, Julie?

- Perder tempo? Faz dois meses que a merda da menstruação não vem e tu me diz que não tem com o que perder tempo? Tu tá de palhaçada comigo?

- Palhaçada é o meu pau! Essa porra de menstruação vai ter que descer querendo ou não.

- Como é? Tu tá louco miserável?

- Louco é o caralho! Tu tais pensando que engravidando vai me prender?

- Te prender?

Julie gargalhou como uma bruxa asquerosa.

- Tu é um bosta! Um merda! Quem quer prender merda na própria vida? Eu sempre tomei remédio porque tu é a última pessoa nesse mundo que eu daria um filho.

- Tu vai abortar.

- Abortar, Christopher? Que porra tu tem na cabeça? A maconha estava estragada?

- Eu não vou assumir esse filho nem que me pague! Nem sei de quem é.

O riso foi substituído pelo ódio mortal. Julie partiu para cima de Christopher e deu um soco no rosto dele, o anel que ela usava o cortou perto da sobrancelha, em seguida o cuspiu, de novo. Christopher levantou a mão até o rosto e quando viu o sangue em seus dedos, olhou Julie com ódio, como se o olhar dele fosse matá-la. Ele a pegou pelos cabelos com uma mão e com a outra deu socos em seus braços, nas costas, no rosto e até na barriga, depois a jogou com força no chão e deu-lhe vários chutes fazendo Julie se encolher em posição fetal.

Julie chorava mais de raiva do que de dor.

Ele parou e se afastou. Julie com muito esforço se levantou, pegou o ferro de passar em cima da cama e jogou contra ele o atingindo nas costas. Ela virou e pegou o celular dele na cômoda e o estraçalhou em milhares de pedaços contra a parede. Não satisfeita, correu até a mesa de jantar e pegou uma faca de serra. Julie voou em cima dele, cravando a faca na primeira parte disponível que lhe apareceu: o braço. O estrago foi feio. Julie ainda estava segurando a faca que pingava sangue, enquanto imaginava como enfiá-la no pescoço dele.
Os olhos de Christopher também foram tomados por ódio mortal.
Ele veio em cima dela de novo, deu um tapa na sua mão, fazendo a faca voar longe. Ele a empurrou na parece segurando-a pela garganta. Julie também tinha os braços livres e fez o mesmo, cravou suas unhas no pescoço dele até senti-lo em carne viva.

- Não vou te matar, puta... Tu... Tu não vales o... esforço.

Foi tudo o que ele disse com a voz entrecortada. Ele a soltou, fazendo Julie tossir e com dificuldade tomar a respiração de novo. Christopher se virou, olhando ao redor procurando algo. Muito sangue pingava do seu braço. Ele não se importou. Apenas pegou um casaco, vestiu, depois saiu sem olhar para trás.

Já havia passado alguns minutos quando Julie correu para tirar todas as suas roupas do armário e jogá-las de qualquer jeito dentro do primeiro saco de lixo que achou. Pegou uma bolsa de couro e encheu com seus acessórios e uns pares de calçados. Ela ainda chorava muito e todo seu corpo tremia ainda em estado de choque. Sua mente viajava por todas as formas possíveis de vingança.

Ele vai me pagar! Ah se vai...

Ela tomou um banho. Lavou o sangue de si e da faca. Soltou o cabelo. Trocou de roupa, colocou uma gilete afiada no bolso e juntou todas as suas coisas. Ela sabia que iria passar um inferno dali por diante, no entanto, naquele momento sentiu-se aliviada. Pegou o celular e ligou para a mãe.

- Alô...

- Mãe!

- Julie? Oi. Você piorou?

- Tô voltando pra casa!

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora