Agosto de 2007

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9 anos atrás...

Julie não amava Christopher. Ela achava que gostava dele, mas não tinha certeza, não sabia. Não sabia de mais nada sobre ele.
Talvez ela só gostasse do sexo bom que ele fazia, sendo mais exata. No meio disso tudo, só tinha uma coisa que Julie realmente sabia: Ela não poderia voltar para casa da avó, e por isso ia levando.

Julie estava certa:
As aparências enganam.

- Tais pensando que eu sou o quê, Christopher? O caralho de uma palhaça? Julie gritou.

- Palhaça? Quem te chamou de palhaça aqui? Disse ele rindo.

- Eu posso ser nova, mas não sou idiota, porra! Aquela puta tá espalhando no bairro todo que tá te comendo!

- E agora tu acredita em boato? E outra, fala baixo e baixa essa tua bola aí! Disse ele com um tom desdém.

- Baixar minha bola é o caralho! Não reclama quando eu começar a abrir as pernas para todos os teus amigos de merda e tu virar piada!

- Abre, porra. Abre o máximo que tu conseguir. Eles vão te usar e depois te jogar fora, e sabe porquê? Porque é isso que tu merece!

A raiva atingiu Julie e a deixou cega. Ela avançou em cima dele e o agarrou pela garganta cravando suas unhas nele. Nesse momento Julie só o soltaria quando ele caísse morto no chão.
Mas Julie era uma mulher.

E uma mulher não tem força suficiente para derrubar um cara de um metro e oitenta. Ele a apertou pelos braços e empurrou-a bruscamente, e em seguida deu um soco em seu rosto. Doeu. Julie sentiu vontade de chorar, mas não chorou. Ela o cuspiu no rosto.

- Filho da puta! Eu vou te matar!

Christopher riu.

- Matar? Sério?

Ele a empurrou com força no sofá. Seu rosto doía e ela se sentiu tonta. Julie fechou os punhos e os olhos com força, se encolheu no sofá e ficou pensando em alguma forma de machucá-lo. Ou matá-lo.

Ele foi para o banheiro, lavou o rosto cuspido e saiu.

Julie levantou minutos depois e tomou um longo banho. Seu rosto ainda estava vermelho, mas ela tomou o cuidado de colocar gelo numa tentativa de não ficar roxo. Julie não conseguia se controlar, era mais forte que ela. Quando via já estava em cima dele dando murros, socos ou arranhões, sendo que no fim, era ela quem sempre ficava mais machucada.

Ele batia em mulheres.

Bateu muito em suas duas irmãs também, mas Julie só soube quando aconteceu com ela. Os pais de Christopher não aprovavam esse comportamento, e apesar de Christopher ter apenas 17 anos, eles não faziam nada para pará-lo. Vai ver que era por isso que ele era do jeito que era. Ele não conhecia limites. Ninguém nunca lhe deu limites e não seria Julie que daria.

Já fazia três horas que Christopher tinha saído, e Julie sabia o que aconteceria quando ele chegasse.
Ele pediria desculpas com a boca no meio das suas pernas e Julie aceitaria.

Julie não tinha outra saída. Ele iria prometer a ela que nunca mais faria isso, mas Julie sabia que não era verdade. Julie escutou o portão abrir e se encolheu na cama. Era ele. Ela já podia senti-lo tocando-a e sentiu uma mistura de ódio e prazer. Era sempre assim: o cérebro falava uma coisa e o corpo outra.

Até quando vai ser assim? Pensava ela.

Ele entrou e foi direto para o banheiro. Após uns minutos, Julie sentiu a cama afundar ao seu lado. O quarto estava em total escuridão e ela estava deitada de lado com o rosto virado para parede. Ele colocou a mão na lateral da coxa de Julie e foi subindo, passando por seu quadril, pela barriga, roçou os dedos no elástico frontal da calcinha e subiu para os seios. Ele passou a mão por cada um e Julie suspirou. Ele encostou seu corpo nela ficando de conchinha e falou no seu ouvido:

- Desculpa, bebê. Não vou fazer mais isso. Vira pra mim.

Julie não respondeu, mas virou. A mão de Christopher entrou por sua calcinha fazendo Julie inconscientemente abrir as pernas. Ele se levantou e a tirou, separou seus joelhos e deu um beijo muito suave bem em cima do seu clitóris. Julie arfou e o agarrou pelos cabelos com demasiada força.

Talvez ela quisesse machucá-lo. Talvez.

Julie não disse nada, e nem iria dizer. Era sempre assim. Ele encostou a língua nela circulando muito, muito lentamente seu clitóris, depois o sugou. Ele penetrou um dedo e viu Julie encolher os dedos dos pés e puxar com ainda mais força seus cabelos.

- Ai, porra...

Disse ele baixo, ela ignorou.
Julie atingiu um orgasmo intenso e silencioso e com lágrimas.

Incrivelmente, ele sabia, sabia porque sentiu em seus dedos. Logo se levantou, virou Julie de lado de novo e deitou atrás dela, levantou uma das suas pernas e lentamente penetrou. Seu outro braço passou por baixo dela e agarrou seu seio esquerdo, e delicadamente torceu o mamilo, sem nenhum sinal da força que tinha usado horas antes para lhe acertar no rosto.

Ele fez amor com ela cuidadosamente.

Não era exatamente "amor", mas era muito, muito melhor do que um estupro.

Não é tão ruim afinal. Posso suportar.

Pensou Julie.

Pensou...

Pensou...

E antes que pegasse no sono, ela sabia que não era isso que queria para o resto da sua vida. Não era essa Julie que ela deveria ser. Não era essa vida que deveria levar... Mas não tinha nada que ela pudesse fazer para mudar isso.

Então dormiu.

Quem Eu Deveria Ser? (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora