A Pessoa Certa No Momento errado

Vermelha igual Tomate

O procurei depois de um mês de término, afinal eu ainda gostava dele. Ele se mostrou indiferente e disparou:

 - Você terá que provar que me ama! 

Fiquei embasbacada com a atitude.

Provar amor a alguém! Sempre achei tão ridículo ter que fazer algo para que a pessoa realmente acredite que você está apaixonada por ela. A prova está nos detalhes, no simples "Bom dia, dormiu bem?", "Toma cuidado!", "Não esquece o guarda-chuva!", "Abre a porta pra mim, tô te esperando";  até uma flor arrancada de um jardim qualquer. Uma vez que o amor não é apenas formado por sentimento mas sim de atitudes, não há maneira alguma como provar senão a boa e velha "atenção" e carinho.

Mas o Diego nunca viu o quanto eu tentava segurar o nosso mundo nas mãos enquanto ele só dava ordens e dizia que era o certo da relação; e ele ainda queria que eu provasse alguma coisa? Quando eu nem ao menos sabia se era recíproco tudo o que ele sentia por mim. Afinal, ele não me respeitou e fez questão de postar em todas as redes sociais que estava solteiro e "pronto para negócio", e isso me atingia de uma maneira absurda, doía ver todo o seu descaso. É incrível como podemos ser feitos de trouxas e continuar correndo atrás.

E lá estava eu, na terça-feira tentando ficar o mais linda possível para ir ao encontro do meu ex namorado. Sinceramente - depois de tudo - eu já estava convencida de que não iríamos voltar e que seria melhor assim. Já não dava mais para ficar em uma relação tão tóxica e que me fazia tão mal. Porém eu não gosto de histórias inacabadas, precisava ouví-lo, saber e entender porque ele tinha sido tão imaturo e duro comigo - não ligando para os meus sentimentos, me deixando a esmo - no entanto, eu sabia que quando eu começasse a falar as lágrimas viriam a tona e eu não podia chorar, fico horrível! Vermelha igual um tomate e com o rosto todo inchado! Seria uma cena trágica, eu em um shopping chorando. Tenho vergonha só de pensar e era por isso que estava ouvindo aquelas músicas de desapego, elas deveriam servir pra alguma coisa...

Mas não serviram...

Diego era lindo, com 1,76 de altura - bom, era alto pra mim, já que eu só tenho 1,51. Moreno, com um sorriso de molhar qualquer calcinha. Usava um piercing no nariz que era o maior charme e um par de alargadores que o deixava super estiloso, era um colírio de homem.

E eu? 

Bom, prazer eu sou Vitória Martins. É estranho estar falando de mim só agora mas é que sou meio afobada por contar as coisas. Caros leitores me desculpem por esse e por mais erros que provavelmente cometerei daqui pra frente, eu nunca gostei muito de seguir regras.

Aparentemente sou uma garota normal - talvez um pouco menor do que as meninas da minha idade - mas comum. Morena com olhos castanhos escuros e cabelos longos e lisos, totalmente pretos. Alguns dizem que pareço uma criança, talvez eu não tenha evoluído tanto como os adolescentes da minha idade fisicamente mas me amo do jeitinho pequenininho que Deus me criou.

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Às exatas 12:01, eu desci do ônibus e me encontrei com Diego em um banquinho perto de uma loja qualquer no shopping. Ele estava bonito, vestia um short jeans, um tênis esportivo e uma camiseta vermelha e eu fui com um vestido florido e uma sapatilha preta.

Nos cumprimentamos desconfortavelmente e ele foi direto ao assunto :

— Você disse que precisava conversar comigo. — Estava sério

— Sim, é.. Você sabe Diego, eu só quero saber por quê? Por que terminou comigo sem mais nem menos? Poxa, você até me apresentou para sua família! — Era preciso respirar e manter a calma, tudo dentro de mim gritava "não chora" "não chora".

— Eu acho que não estou preparado para um relacionamento sério, Vitória. Ainda mais a distância — Riu — E então decidi que era melhor terminar, cê sabe... não queria te machucar.

— Mas poderíamos ter conversado ao menos, lembra que prometemos um ao outro que não desistiríamos?

— Você tem que entender que eu não tinha escolha, isso nunca iria pra frente...

— Entendi, e não foi mesmo, não foi por que você nem ao menos se esforçou pra estar ao meu lado - as lágrimas começaram a descer e não consegui evitar.

Se eu tinha alguma dúvida ela acabou ali, ele nunca gostou de mim realmente, para ele nada passara de uma paixão rápida de verão e saber disso me destruía.

— Vi, não chora, foi aquele lance de amor impossível, saca? Não fomos feitos para dar certo. Você é incrível, tenho certeza que vai encontrar uma pessoa que queira algo sério com você. Não me arrependo de nada que vivemos mas já passaram dois meses e além do mais ... 

Não deixei que ele terminasse a frase:

— Você já está conhecendo outro alguém! Nunca sentiu nada por mim, eu pensei que fosse real mas agora eu vejo que tudo dentro de você é oco! Espero que nunca te façam sofrer como você está me fazendo! — Solucei.

Ele tentou chegar perto de mim e me dar um abraço mas fugi de seu toque.

— Eu espero nunca... nunca mais te ver!

Já sentia que meu rosto estava todo inchado e então segui até o banheiro olhando para o chão -assim ninguém notaria que eu havia chorado - entrei rapidamente e lavei meu rosto mas o inchaço não iria sair tão rápido assim. Eu só queria ir embora.

Retoquei a maquiagem, o que disfarçou um pouco, e sai apressadamente, sempre olhando para baixo... até que fui violentamente empurrada e cai com outra pessoa no chão. Droga! Meu dia podia piorar mais?!