A Pessoa Certa No Momento errado

E se fosse pra ser, seria

As 4:00 da manhã cai na cama que tinha só para mim na casa do meu pai e ele já entrava no quarto vindo reclamar por que a festa deveria acabar as 23:00 e a multa que ele levaria do condomínio seria alta.

— Pai, sei que o senhor vai dar um jeito nisso mas me diz, não foi sensacional ver o tio Antônio pagando micão no meio das minhas amigas ? — Disse mudando de assunto, não queria problemas hoje

— Seu tio é uma figura, pensa só se aquelas meninas novinhas iam querer um barrigudo igual o Tonhô — Gargalhamos

Talvez eu tivesse perdido uma parte muito boa da festa, seu Rodrigo me contou tudo.

— Falei com sua mãe hoje — Disse animado

— E aí ? — Me sentei na cama curiosa

— Você acredita que ela foi legal comigo filha ? Até dançamos uma música que você gosta ! — Até a pessoa mais burra do mundo veria que aquela expressão no rosto do meu pai era paixão.

— Awn Pai, como estou feliz por vocês — O abracei — Quando é para ser pode passar o tempo que for, o que é seu volta pra ti, não se esqueça !

Ele me olhou emocionado, era muito bobão mesmo e com certeza eu puxei todo esse lado sentimental dele.

Luiza, Matheus e mamãe entraram no quarto

— Ué, vão dormir aqui ? — Perguntei

— Ta tarde né filha — Ela falou olhando pro meu pai

— Ótimo, vou acomodar todos vocês por aqui — E se foi papai, feliz da vida em ver sua família se reunindo mais uma vez.

Aquele dia não poderia terminar melhor.

*******

Acordei ao som de conversas. espiei pela fresta da porta e lá estavam os dois, preparando o nosso café da manhã conversando como se ainda fossem marido e mulher, o que na verdade nunca deixaram de ser, apesar de tantos anos separados.

Sorri com a cena. Troquei de roupa, escovei os dentes e fui me sentar ao lado dos dois.

— Bom dia família — Disse dando um beijo em cada um e pegando um pedaço de bolo de milho

— Bom dia amor — O que achou da sua festa ontem ?

— Foi demais mãe, e só de pensar que eu nem queria, nossa, obrigada por ter insistido pai — Sorri para ele

— Agradeça a mim também — Luiza se ajuntou a mesa com uma cara de sono enorme

— Obrigada também maninha - A beijei na bochecha

Mamãe arrancou Matheus da cama e ele completou a Família Martins

— Manda ela dizer pra gente pra onde foi com aquele "amigo" dela pai — Fez questão de fazer aspas com os dedos, típico de irmão mais novo chato.

— Tinha até mesmo esquecido disso ,estou bem curioso, e então Vitória ?

Contei do começo ao fim a história para eles, disse até sobre o eu te amo, frase que até tinha esquecido que falei e quando a citei novamente me fez até se assustar.. Sim, eu o amo mas também pode existir inúmeras formas de amor não é ? Ha vitória, quem você estava querendo enganar menina boba ? Todos a minha volta já sabiam disso mais até do que eu, o meu eu te amo não era um eu te amo que dizemos para amigos mas e o dele ? Era difícil saber.

— Que lindo filha, já gosto desse menino — E isso realmente era uma novidade vindo da minha mãe, ela nunca gostava dos pretendentes de Luiza e muito menos dos meus.

Passamos a tarde de domingo assistindo o Corinthians jogar e conversando coisas aleatórias jogados no sofá do apartamento do meu pai. Tudo estava sendo ótimo que até esqueci de falar com Rafa. Enviei uma mensagem

" Oi, esqueceu de mim ? "

" Oi Vi, to ocupado "

Não respondi mais, talvez ele estivesse bem ocupado mesmo já que mesmo se estivesse fazendo algo importante parava para falar comigo, tudo bem, quando ele pudesse me chamaria.

Aproveitamos a noite e fomos jantar em um restaurante bonito no centro de São Paulo e logo depois nosso pai nos deixou em casa e foi-se embora para seu apartamento sozinho.

Mamãe parecia feliz, fazia muito tempo que não a via desse jeito e era maravilhoso ver o brilho no seu olhar.

— Mãe, você e o pai se resolveram ?

— Só estamos nos dando bem, por que ?

— Seus olhos mãe — Falei sorrindo

— O que tem eles ?

— Estão brilhando.

Ela ficou vermelha na hora

— Ora menina, que mãe que não fica feliz de ver seus filhos com muita saúde e contentes ? Não é nada demais. — Disse saindo para seu quarto com a desculpa de que estava cansada.

Ela era assim, na sua, escondia seus sentimentos a sete chaves, escondidos em um baú para que ninguém ou quase ninguém pudesse desvenda-los. Essa era a dona Claudia, Uma mulher forte, que preferia não demonstrar tudo que sentia e que as vezes até parecia ser fria mas que só nos, a sua família sabíamos que era uma florzinha, que chorava vendo filmes românticos e vendo nossos álbuns de fotos. Que era tão ou mais frágil ainda que meu pai mas só não mostrava esse seu lado para o mundo.

• Rafael

Ver Vitória beijando seu ex namorado me surpreendeu muito, eu não sabia nem quais eram meus sentimentos olhando aquela cena. Raiva, tristeza e revolta, tudo se misturava em uma bola de neve gigante mas quem era eu ? Eu era só um amigo, o que ela fazia ou não da sua vida amorosa não deveria caber a mim aceitar ou não. Era como se horas antes no terraço daquela firma abandonada não tivesse significado nada ou sei lá, eu não sabia o que sentir. Droga, eu realmente estava chateado.

Como ela pôde beijar aquele desgraçado que a machucou tanto ? Quem quisesse ver, veria como ela estava arrasada naquele Shopping. Eu não conseguia me conformar mas preferi fingir que nada tinha visto. Eu e vitória éramos amigos e se ela quisesse beijar a boca de qualquer outra pessoa seria da conta dela, bom... isso era o que meu cérebro dizia mas por que meu coração berrava que a única boca que ela deveria beijar era a minha ?

Inventei que Miguel precisava dormir e pedi para minha família e eu irmos embora, ela relutou um pouco a concordar mas depois falou que tava tudo bem e que precisava dar um pouco de atenção para os outros convidados também.

Passei a madrugada acordado pensando na cena, não era como a que aconteceu na minha casa com Juliana mas o sentimento era parecido. De certa forma eu me sentia traído por que eu sei lá.. Nao, eu não iria ficar pensando besteiras. O que eu sentia pela pequena era amor de amigo e ponto, não ia deixar minha mente me enlouquecer.

Pela tarde recebi uma mensagem sua, uma parte de mim estava feliz por ela falar comigo mas meu lado ciumento estava muito puto com ela.
Preferi dizer que estava ocupado, não iria ser grosso com ela, afinal provavelmente ela nem devia saber que eu vi tudo aquilo e era melhor assim mesmo.

Um dia inteiro sem falar com ela, há três meses não se desgrudávamos e agora isso... Tudo bem,era só um beijo e eu não ia ficar bolado por isso, não tinha nem esse direito.

Liguei para ela.

" E aí ? Quer fazer algo hoje ? "

" Só se não estiver ocupado "

" Te pego as 19:00 "

Não valia a pena ficar chateado por isso, prometemos um para o outro que deixaríamos tudo seguir normalmente e que se fosse para ser,seria.