E depois ?

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" Passo aí as 20:00 " — Desliguei

Minha mãe não estava nem um pouco animada em reencontrar minha ex/atual namorada, afinal ela virá de perto o quanto eu fui machucado e humilhado, até eu via isso mas era como se tivesse um imã que me trouxesse de volta para ela ou em outras palavras, eu sou trouxa mesmo.

Abri a porta do carro para Juliana e ela entrou sorridente, vestia um jeans rasgado, uma camisa branca de uma banda de rock que ela gostava e uma jaqueta de couro por cima, fazia frio.

— Tô ansiosa para reencontra-los amor — bateu palminhas

Sorri amarelo e dirigi até a minha casa. Sentia de longe o clima pesado que pairava sobre o ar. Minha mãe nunca foi do tipo de disfarçar sentimentos então seria uma situação um tanto quanto delicada aquele jantar.

Abri a porta e todos estavam sentados na sala. Meu pai e Miguel brincavam de carrinho e minha mãe estava sentada com os braços cruzados e a cara fechada. É, fácil com certeza não seria.

Juliana não se abalou, ou fingiu muito bem e foi cumprimentar a todos.

— Bom, vamos jantar e acabar logo com isso né ? – Minha mãe disse e caminhou até a sala de jantar.

Pude ouvir meu pai cochichando em seu ouvido que ela estava sendo rude e então ela tentou forçar um sorriso amigável a minha companheira.

— Estou muito feliz de reencontrar todos vocês — Juliana disse simpática

— Nós também estamos, né amor ? — meu pai deu uma cutuvelada de leve no braço da minha mãe que Sorriu e concordou.

A comida foi servida e a única coisa que podia ser ouvida era os pequenos sons que saiam da boca de Miguel, ninguém ousava dizer se quer uma palavra, até que ela disse

— E aquela sua amiguinha amor, já veio visitar sua casa ?

— Já sim e eu amei ela!  — Minha mãe fez questão de responder por mim

Nossa como aquilo estava se tornando desagradável.

Minha namorada deu um sorriso forçado e voltou a comer seu jantar.

— Olha, se tem uma coisa que eu não sei é disfarçar quando algo me incomoda. Juliana, eu sempre gostei de você mas depois de tudo aquilo é muita cara de pau fingir que nada aconteceu, eu não quero você com meu filho e se tô sentada aqui tendo que olhar para sua cara é por causa dele.

— Amor !

— Mãe !

Protestamos indignados

— Falei e tô mais aliviada, inclusive perdi a fome — Se levantou e saiu.

— Desculpa ela Ju, é que a Barbara anda meio nervosa ultimamente — Ele tentou apaziguar a situação

— Não, tudo bem seu André. Eu entendo — Limpou uma lágrima de seu rosto — Vou tomar um ar ta amor ?

Se levantou e saiu também e eu fui atrás.

— Hey, eu disse que não seria fácil

— Eu nunca fui tratada tão mal na minha vida Rafael ! — Chorou

— Poxa amor, perdoa ela — A abracei

— Eu perdôo, porque ela vai ter que me engolir

— Melhor você ir pra casa.

A deixei em frente ao seu condomínio e dirigindo de volta avistei de longe a firma abandonada, já era tarde para ir até lá e outra, só seria mais doloroso. Afastei meus pensamentos e foquei na estrada, eu precisava conversar com minha mãe quando chegasse.

Bati na porta do seu quarto

— Você sabe que não vou abrir porque não to legal com você

— Mãe, por favor

Esperei mas alguns estantes parado ali em frente e ela girou a maçaneta e abriu.

— Não tô boa pra conversa hoje

Entrei no seu quarto e sentei na cama. Meu pai ainda brincava com Miguel e preferiu nem se intrometer, o pegou no colo e saiu de fininho

— Eu te entendo — A olhei nos olhos

— Se entende por que tá fazendo essa burrada ? — Me olhava séria com as mãos na cintura em pé na minha frente

— Ah mãe, eu meio que me meti em uma bola de neve gigante, não sei o que fazer, acho que não tem mais nada pra fazer.

— A Vitória ta indo embora amanhã. — Sentou-se ao meu lado

Eu não encontrei palavras para responder porque ainda tentava processar a informação. Ela iria mesmo embora e depois ? Depois não existiria mais o depois. Só seria duas pessoas machucadas caminhando em direções opostas.

Engoli em seco e olhei para minhas mãos que agora suavam frio.

— O vôo parte as 15:00, se você quer saber. Pode ver ela mais uma vez.

— Como descobriu isso ?

— Ela não parou de manter contato com os Assunção, foi só com você amor.

Sem pedir deitei em seu colo procurando aconchego

— O que eu faço ?

— As vezes nem nós seus protetores podemos te dar as respostas, você vai ter que aprender e errando é que se aprende. — Beijou minha testa e fez carinho nos meus cabelos.

— Sério isso ? Acabei de colocar um neném na cama e vou ter que deixar o outro dormir aqui ? — Meu pai entrou rindo quebrando o clima de mãe e filho

— Eu já tô indo pra cama pai.

Levantei, beijei a testa dos dois e sai.

                         *****
Vitória

Eu olhava as malas já prontas num canto do quarto, todos dormiam mas eu não estava com sono.
Coloquei os fones nos ouvidos e deixei no aleatório, ouvindo todo o meu álbum de músicas preferidas até que Kiss me começou a tocar.

Fechei os olhos e a cena veio a minha mente. Lágrimas quentes rolavam pelo meu rosto sem a minha permissão. Foi o melhor dia da minha vida mas pra que tudo aquilo se depois do beijo ele iria me fazer sofrer ? Era sádico.

Nunca passou pela minha cabeça que logo ele faria meu coração sangrar, eu sou nova e sei que daqui pra frente ele sangrará muitas vezes mas sabe quando tem aquela pessoa, aquela única pessoa que você acredita que não vai te machucar ? Que você aposta todas as fichas sem medo de perder e aí justamente essa pessoa te machuca da pior maneira possível. Só quem que já levou uma punhalada pelas costas sabem como eu me sinto.

A Pessoa Certa No Momento erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora