A decepção Part.2

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Há três meses atrás eu achava que tudo estava perdido, há três meses atrás eu olhava o mundo perdendo as cores, há três meses atrás meu coração se partia pela primeira vez. Até que ele apareceu, coloriu tudo, limpou as lágrimas e me deu sorrisos de presente.

Como não se apaixonar ? Como não sentir nada se ele me fazia sentir tudo ? Como ser imune a esse sentimento ?  Eu não tinha o antídoto para essa droga que estava acabando comigo, eu não consegui escapar, mesmo que eu negasse para mim mesma eu sabia que desde o dia que eu o vi pela primeira vez  senti meu coração ganhando vida novamente. Mais uma vez em menos de um ano eu ia ao chão, eu sentia meus alicerces fraquejarem e desabarem em cima da ilusão que eu criei para mim mesma.

Depois que ele passou pela porta corri para meu quarto, agarrei meu ursinho preferido e deixei que o oceano que estava em meus olhos o inundasse, eu chorei um dos piores choros dessa minha curta vida. Quem poderia imaginar o gosto amargo que isso teria ?

Ele não estava apaixonado ? Mas era isso que seus olhos diziam quando se encontravam com os meus, quem consegue mentir com os olhos ?

Eu mal havia começado a colar os pedaços do meu coração e mais uma vez ele se partia, era frustrante, era triste, como não pude perceber que não era recíproco ? E doeu muito mais do que da primeira vez, por que dessa vez eu me joguei de um lugar muito mais alto esperando ser segurada mas tudo que encontrei foi o chão duro sobre o meu corpo. Um coração partido, agora eu nem fazia mais questão de juntar todos os caquinhos, eu não queria mais amar, porque sempre que tentei fazer o melhor para as pessoas elas fizeram o pior comigo.

Vem fácil, vai fácil, eu devia ter percebido, a vida não é como em uma novela ou como nos meus livros de romance. Ele nunca me amou.

Levantei, entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixei que a água caísse sobre meu corpo se misturando com minhas lágrimas, lágrimas amargas que caiam sem cessar do meu rosto. Não sei quando tempo fiquei lá mas quando sai Luiza estava no quarto, devia ser tarde já que quase não a via pois ela sempre chegava tarde da faculdade de psicologia.

— O que houve ? — Me olhou preocupada

— Nada — caminhei até minha cama e me sentei, ela se levantou e sentou ao meu lado.

— Não precisa falar se não quiser — me abraçou

— É que se eu começar a falar.. Eu.. — Novamente sentia as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto inchado.

— Foi ele né ?

Concordei com a cabeça soluçando.

                         *****

O sol batia sobre o meu rosto, já estava de manhã, Luiza dormia ao meu lado, passou a noite me acalmando até que eu pegasse no sono, era a melhor irmã do mundo.

Não sentia vontade de levantar da cama mas sabia que era preciso. Tomei um banho rápido, arrumei a casa e fui para a escola.  Não contei nada para ninguém sobre o que havia acontecido, não queria ter que reviver isso novamente mas minha melhor amiga me conhecia muito bem para não notar meu semblante triste.

— Vou na sua casa depois da escola — me deu um beijo e um abraço e se sentou no seu lugar.

Chovia, o céu estava cinzento, nada de cores e flores, chovia lá fora e dentro de mim.

Não havia ninguém em casa, Luiza e minha mãe estavam no trabalho, Matheus no curso. Eu e Ana poderíamos conversar com mais privacidade. Contei tudo, ela ficou chocada, chorou comigo e amaldiçoou Rafael com todas suas forças, me abraçou e passamos a tarde assistindo filmes de romance e chorando comendo sorvete, era para isso que melhores amigas existiam.

Sem mensagens, sem ligações, daqui para frente seria assim, era preciso saber aceitar, tudo não passou de uma doce ilusão que durou o tempo suficiente para me destruir, que durou o tempo suficiente para fazer com que a menina boba finalmente morresse para que outra mais madura começasse a nascer.

A Pessoa Certa No Momento erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora