Más lençois

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Algumas semanas depois

Com o tempo eu comecei a me acostumar com o clima frio que fazia em Manhattan e já estava até gostando. Minha vida havia mudado completamente e ao longo dos dias meu coração ia se preenchendo com uma vontade de não ir embora nunca mais daquela cidade maravilhosa apesar de já não agüentar de saudades de casa.

Meus pais me ligavam todos os dias para saber sobre como me sentia e do meu progresso no inglês, eu estava animada, estudar outro idioma no seu país nativo fazia toda a diferença ainda mais cursando o ensino médio em inglês também.

A família Scott era muito anteciosa conosco, não havia nada do que reclamar, Megan era a mais próxima de mim, sempre estava pronta para me ajudar no que eu precisasse e em algumas vezes até viramos noites assistindo seriados de TV e fofocando sobre a escola.

Eram exatamente 16:00 quando papai me ligou.

— Amor? Já saiu da aula?

— Sim pai

— Aqui são 17:00 e aí? — Ele sempre perguntava sobre isso, achava engraçado toda essa mudança

— Aqui são 4 am pai, estamos em horário de verão, a diferença é só de uma hora mas normalmente é de duas e eu já te expliquei isso cinco vezes

— Juro que dessa vez entendi, me conta, como foi seu dia?

— Foi cansativo, eu ainda não domino totalmente o inglês, acabo me dando mal nas matérias da escola mas a Mag ta me ajudando, ela disse que tem um amigo brasileiro que mora aqui perto da gente, seria bom eu conhecê-lo né? Legal encontrar alguém do meu país

— Vai ser ótimo filha, você é muito esforçada, quando voltar já vai até ter esquecido o português — Rimos

— E como estão todos aí?

— Com saudades — Disse com a voz embargada, ele ia chorar de novo e me embarcar junto nesse oceano de drama

— Eu também estou, não chora pai, eu amo todos vocês, logo estaremos juntos

— Com certeza, te amo amor, preciso desligar antes que todo mundo aqui do trabalho me veja limpando as lágrimas, tchau amor, se cuida.

— Tchau pai.

Segui até a escola de intercâmbio e depois de concluir o dia voltei caminhando para casa que não ficava tão longe, apenas três quadras, gostava de caminhar pelas ruas de Manhattan ouvindo músicas no volume máximo e treinando meu inglês sozinha, aproveitava para cumprimentar velhinhos ou crianças, com esse tipo de público eu não tinha medo de errar, eles até achavam engraçado.

Eu já conhecia o caminho da escola e do curso de intercâmbio então eu tinha passe livre para ir sozinha até os dois, pela semana tudo era corrido mas nos finais de semana eu aproveitava para conhecer um pouco da cidade e seus shoppings e parques, todas manhãs de sábado eu e Megan andávamos de bicicleta pelo Central Park, a vida era um verdadeiro filme da sessão da tarde, leve e gostoso de ver.

— Hey vick! — Elisabeth me gritou vendo que eu ainda estava sentada na entrada da casa sem entrar

— What happened? ( o que houve?) — Se sentou ao meu lado preocupada

— Nothing, I'm thinking about things, my family and friends and.. Only. ( Nada, eu estou pensando sobre coisas, minha família e amigos e ... Só)

Ela me olhou desconfiada e concordou com a cabeça, pegou em minha mão e disse que tudo daria certo e que era preciso passar por isso e em seguida me convocou para o jantar e eu prometi que iria dali a cinco minutos.

A Pessoa Certa No Momento erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora