Saia justa

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Se tudo antes era colorido e cheio de vida se tornou preto e branco e não pense leitor que é drama meu porque eu realmente não vi mais graça no mundo depois que ela se foi. E eu sei que quando ela ainda estava aqui a gente já não se falava mais porém eu sabia que ela estava aqui, apenas a vinte minutos de distância agora eu não sei o que tá acontecendo com ela lá do outro lado do oceano e não posso saber já que ela me bloqueou de todas suas redes sociais antes de sair do país. Suspirei tentando afasta-lá dos meus pensamentos.

Levantei depois de meia hora sem conseguir dormir direito, havia sido uma péssima noite.

Depois de tudo que aconteceu eu devia distrair a minha mente com algo e eu já sabia que com 18 anos eu precisava de um emprego e seria fácil conquista-lo já que meu pai era dono de uma das maiores empresas de engenharia do país, a AFY ( uma junção do sobrenome da família com as palavras for you, para você em inglês)  não era lá muita coisa mas como aqui em casa todo mundo, até mesmo Miguelzinho que preferia os números do que as letras era de Exatas foi difícil achar um nome melhor.

— Bom dia Pai

Ele tomava seu café da manhã e lia seu sagrado jornal, era rotina. Não costumava comer conosco pois as 6:00 estava praticamente preparado para partir para o trabalho.

— Caiu da cama moleque?

— Só não consegui dormir

— Pior que mulher sofrendo por amor só homem mesmo, tu tá um lixo.

— Muito obrigada — Sentei-me a mesa colocando um pouco de café na xícara

— Termina logo com a Juliana, a menina pode ser a maior cobra mas não merece isso também.

— É sobre isso que tô pensando mas tem outra coisa também, pai deixa eu trabalhar contigo?

— Pensei que quisesse terminar a faculdade primeiro — Ainda olhava para o jornal não acreditando nas minhas palavras

— Estou indo para o segundo ano da faculdade de engenharia, quero um estágio e nada melhor do que fazê-lo na empresa da minha família, além do mais, eu preciso ocupar minha mente com o máximo de coisas possíveis, vai ser melhor para todo mundo, não acha? — Ele soltou o jornal e me olhou prestando atenção, agora de verdade

— Sim, faz sentido mas não vou te dar mole só por que é meu herdeiro ta entendendo?

— Claro pai!

Conversamos sobre um monte de coisas e ele me explicou como seria minha rotina daqui para frente, estava ansioso, Vitória havia recomeçado sua vida, eu também precisava recomeçar a minha mas faltava uma coisa.

No estacionamento daquele aeroporto eu finalmente me toquei que Juliana nunca forá a pessoa certa para mim e que Vitória sim era, eu deveria ter notado que todo aquele frio na barriga antes de vê-la, que toda a preocupação e que toda vontade de falar com ela não era apenas um sentimento de amigo, meu Deus! Nunca foi e eu percebi isso tarde demais, portanto eu e Juliana precisávamos terminar o que não tinha mais jeito de continuar.

As 10:30 liguei para ela que me atendeu sonolenta

"Bom dia amor"

"Bom dia, preciso conversar contigo"

"Pra me ligar essa hora é algo importante né?—bocejou"

" É sim, me encontra naquele Starbucks perto do seu condomínio as 11:30?"

"tá bom amor, tchau, te amo"

"Tchau Ju"

Tomei um banho lento criando um roteiro em minha mente sobre o que eu falaria mas eu mesmo não encontrava as palavras certas para dizer que já não dava mais então só tentei não pensar nisso até que a hora chegasse.

Vesti uma camiseta leve branca e uma bermuda jeans, peguei as chaves do meu carro e segui até a lanchonete.

Assim que entrei ela já me esperava, vestia um longo vestido amarelo e seus cabelos estavam presos em um coque, usava óculos de descanso, estava naturalmente bonita como sempre forá. Seu sorriso abriu-se ao me ver

— Demorou mas eu te perdôo—Roubou um selinho de mim sorrindo

Eu não conseguia me manter simpático, aquilo estava me matando e tratá-la com indiferença era horrível para mim, nunca gostei disso.

— Bem.. Precisamos conversar

— Pelo visto aconteceu algo bem grave né? O que foi? — Desmanchará o sorriso e agora me olhava séria assim como eu a olhava

— Vivemos três anos de muito amor,aprendemos muitas coisas um com o outro e por um certo tempo você foi o amor da minha vida, quando você me destruiu eu nem sabia para onde seguir, já tínhamos nosso futuro planejado, a casa, um único filho e um ou dois cachorros mas tudo se perdeu quando você fez aquilo... E eu, eu nunca vou conseguir esquecer disso e bem... Nesse meio tempo, eu conheci a Vitória, ela me fez enxergar o mundo de uma maneira diferente, uma maneira simples e bonita e só agora eu percebi que... — Respirei fundo— Meu coração hoje é de outra pessoa, não mais seu.

Ela me olhava sem alguma expressão em sua face fazendo que não com a cabeça, abaixou a cabeça e encarou a mesa de madeira que nos separava, preferi não dizer nada pois sabia que seria bem pior, eu já tinha sido claro demais.

Em um minuto depois Juliana se desatou a chorar, borrando toda sua maquiagem e embaçando seu óculos, pedia para mim não deixá-la e para mim perdoa-lá.

— Não faz isso comigo! — Agarrou-se a minha mão — Não me destrói também!

— Eu só tô tentando não me destruir mais uma vez, me desculpa.

Deixei uma quantia suficiente para pagar seu milk Shake e sai pela porta sem acreditar no que eu havia acabado de fazer, não doía, eu me sentia livre mas ao mesmo tempo triste por ela.

Meu coração continuava partido mas dessa vez o responsável era inteiramente eu, não outra pessoa e eu teria que lidar com isso mas era preciso ter a consciência de não machucar mais ninguém nessa trama toda e com toda a certeza eu não faria mais isso.

A Pessoa Certa No Momento erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora