(Revisado)
Antonieta narrando
Acordo com pressentimento estranho, mas não me importo. Levanto da cama e espero por Carmen, a pessoa que me ajuda a arrumar-me, chegue.
Desço as escadas e vejo Henrique entrando na sala de jantar, logo, ele que servirá a refeição. Entro no cômodo e apenas a minha mãe cumprimenta-me, pois meu pai está concentrado em seu jornal.
—Chá ou café, senhorita?— pergunta o empregado. Não o suporto.
—Café!— exclamo com autoridade. Ele serve-me e de repente a campainha toca, Luís vai atender.
Napoleão entra no recinto e aparenta estar nervoso com algo ou alguém. Mamãe não percebe e diz:
— Napoleão, querido, estás com fome? Henrique pe...— porém, ela não termina, pois ele interrompe-a.
—Não, obrigado. Eu já comi em casa.— olha-me— Só quero falar com Antonieta.
—Oh, claro!— ela respondeu meio triste— Querida, leve-o para o jardim.
—Sim, mamãe.
Então, saímos da sala e o trajeto até o lugar indicado pela minha mãe foi silencioso. Chegando lá, sentamos num banco.
—O que deseja falar comigo?— pergunto começando a ficar preocupada.
—Antonieta, eu... eu quero terminar contigo!— diz e tranquiliza-se depois.
—Como?— sinto meus olhos começarem a umedecer.
—Foi o que tu ouviste: está tudo acabado entre nós— abaixo a cabeça.
—Sai!— digo baixinho, mas o suficiente para que ele escute e encontro-me chorando— Não me ouviu: SAI DAQUI AGORA!— grito a última parte.
Ele sai e eu corro para meu quarto. Chegando lá, deito na cama e choro muito.
Henrique narrando
De repente, vejo Napoleão saindo do jardim furioso e logo depois Antonieta chorando. Quero dizer, não só eu percebi, mas seus pais também. Então Joana fala:
—Henrique, querido— viro-me para ela— tu poderias levar algo para Antonieta comer, pois ela não degustou a refeição.
—Claro, senhora!— respondo com um pouco apreensivo.
Preparo uma bandeja com alguns pães, pedaços de bolo e uma xícara de café e subo a escada em direção ao quarto dela. Chegando lá, bato na porta e ouço um "entre" choroso. Entro e ponho a bandeja na mesinha e quando me viro encontro a dona do quarto assustada e pergunta:
—O que tu estás fazendo aqui?
—A senhorita deixou-me entrar.
—Eu pensei que fosse minha mãe— ela responde começando a ficar nervosa.
—Sua mãe mandou-me aqui para que eu trouxesse-te o café, já que a senhorita não o tomo— sinto que ela vai ficar chateada com a mãe, mas ela pergunta:
—Como tu sentiste-te quando a tua mãe faleceu?
Tomo um choque com a pergunta. Ninguém nunca me perguntou como foi perder a minha querida mãe, porém, respondo algo simples:
—Destruído. Por quê?— percebo que falei demais— Desculpe-me, acabei expressando coisas que não devia, com licença— então, me dirijo para a porta, mas ela diz:
—Não, por favor, fique. Preciso de alguém para desabafar e acredito que tu és melhor que minha mãe.
Surpreendi-me com sua fala, logo me viro e encaro-a:
—Sobre o que a senhorita deseja desabafar?
—Napoleão.
Então foi por ele que ela chorou. Será que conto para senhora Joana? Melhor prestar a atenção no que ela vai dizer para saber.
—Prossiga.
—Ele terminou comigo!— seus olhos marejam— Trocou-me por uma princesa húngara!— e começa a chorar novamente.
Abraço-a ou não? Vamos deixar o profissionalismo de lado e conversar com dois "amigos":
—Não chore! Napoleão nunca merecerá tuas lágrimas!— digo tentando acalmá-la— Vai ficar tudo bem. Encontrarás alguém muito melhor do que ele e que te fará feliz!
—Obrigada, Henrique. A nossa conversa ajudou-me muito.— ela agradeceu-me. Estranho.
—Sem problemas— respondo— Agora é melhor comer se não tua mãe brigará comigo!— tento soar engraçado e acho que consegui, pois ela está rindo.
—Tens razão.— Levanto e ajudo-a a fazer o mesmo.
—Fique e divida o café da manhã comigo.
—Estou ouvindo direito, Antonieta Agreste, condessa francesa, está chamando-me para fazer uma refeição com ela! É o fim do mundo!— digo ironicamente e ela ri.
—Pare de drama!— ela diz controlando-se para não rir mais.
Depois disso, o dia passou normalmente. Pela primeira vez após a morte de mamãe, eu não chorei a noite e tudo graças a Napoleão.
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Obrigados a casar
RomanceNa França do século XIX, Henrique é um jovem de origem humilde de 17 anos que fora vendido, antes de nascer, para os patrões de seus pais, a fim de seus parentes não percam o emprego. Enquanto Antonieta é uma condessa francesa de 20 anos, quase 21...