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  Hora de voltar a meu infernal trabalho. Os portões se abriram, e eu entrei com meu carro nada potente, estacionei o mesmo, saí e hoje não precisava seguir ninguém, já sabia o caminho, me sentia um pouco melhor, mais dono do pedaço, por mais que isso só fosse uma ilusão. Assim que entrei na casa, não avistei ninguém, apenas alguns seguranças e o Matt.
— Cadê a Senhora Miller? — perguntei e ele me encarou.
— Está no segundo andar, pode subir. Mas fica no corredor, esperando-a.
Assenti e subi as escadas, ouvi algum gemido, mas não era de tesão, segui-o para ver até onde dava, entrei no quarto, o barulho vinha de outro cômodo, entrei no mesmo, e Betina estava no chão, encolhida, enquanto onde ela estava sentada tinha uma poça de sangue.
— Você está bem?
Foi uma pergunta idiota a se fazer, mas a foi a única coisa que consegui pronunciar.
— Pareço bem? — ela disse fazendo uma careta de dor — Mas saí daqui, e me deixa quieta.
— Não quer ir para um hospital? — elaa me olhou e fez que não com a cabeça — Você está sangrando, está com dor, mas não quer ir para um hospital?
— Isso, e eu não quero que fale sobre isso com o Pierre.
Eu não estava entendendo nada, não sei porquê mas meus olhos foram parar na lata de lixo, e eu vi uma coisa que parecia ser um teste de gravidez.
— Você está grávida?
— Não mais. — ela deu um sorriso de lado, e fez uma careta de dor.
— Você fez um aborto de propósito? — perguntei perplexo.
— Nossa Sherlock! Descobriu isso sozinho? — até com dor ela consegue ser debochada.
— Já quer realmente esconder isso, tira o lixo. — virei as costas para sair do banheiro.
— Vai me deixar aqui sozinha?
— Foi você que me pediu isso. Se você tem capacidade para matar seu filho, você pode se virar sozinha. E eu não sou enfermeiro, sou apenas seu cachorrinho pessoal. — encarei-a por alguns segundos e ela soltou um suspiro.
— Você não sabe o que seria ter um filho do Pierre, e outra eu não vou estragar meu corpo, para ter um filho de um homem que eu só sinto repulsa. — ela desviou os olhos de mim e encarou a parede a sua frente.
— Era para ficar com pena de você? — ironizei — Se ele te causa repulsa, significa que vocês fazem um casal perfeito. — ela me olhou incrédula — Seu cachorrinho pessoal foi adestrado para ficar na porta do seu quarto, e não aqui olhando para você, então vou ficar onde eu deveria estar, senhora. — enfatizei o "senhora", e saí do banheiro.  

Felicidade ClandestinaOnde histórias criam vida. Descubra agora