Felicidade Clandestina

36:

  Estávamos no terraço, porque Betina queria vim para cá.
— O que aconteceu naquele dia? — olhei para ela tentando entender do que ela estava falando — O dia que você chegou lá em casa, com a mão...
Não deixei ela terminar de falar. Era um assunto que eu não queria lembrar. Só de lembrar, já me subia aquela raiva e vontade de socar alguma coisa.
— Não quero falar sobre isso.
Puxei meu maço de cigarro do bolso, tirei apenas um e coloquei na boca. Peguei o esqueiro no meu outro bolso, e acendi o mesmo.
— Tudo bem. Eu li sua ficha, a que o Pierre tem.
Soltei a fumaça, e encarei-a.
— O Pierre tem uma ficha minha? — ela assentiu — E o que você perdeu lá? Acho que isso não é muito da sua conta.
Ela deu um suspiro alto.
— Você não cansa de grosso não? — continuei olhando a mesma, levei o cigarro na minha boca novamente, e neguei com a cabeça — Pois eu cansei das suas grosserias.
— Quem está te obrigando a falar comigo? — arquiei minha sobrancelha direita.
— Você foi preso... — dei de ombros, ela me olhando acho que ela queria que eu falasse sobre isso.
— Onde você está querendo chegar com essas perguntas?
— Quero te conhecer. — disse dando de ombros.
— E por que você quer me conhecer? Por que a gente fudeu? Eu esperava mais de você. — ela me olhou séria — Que dizer, esperava que você fosse demorar mais para gamar. Só bastou sentir meu pau uma vez na sua vagina, que já se apaixonou.
— Eu não sou apaixonada nem pelo homem que sou casada à três anos. Então nem nos seus maiores sonhos, eu me apaixonaria por você.
— Que bom. Assim não teremos corações partidos. — dei de ombros mais uma vez, terminei com o cigarro e joguei o resto no chão — Disseram que eu matei um cara.
— E você matou?
— Ele matou o meu melhor amigo.
— Então você realmente o matou. — ela olhou no meus olhos por mais alguns segundos — Não consigo imaginar você matando alguém, apesar de você ter essa cara de mal.
— É só não mexer com as pessoas que eu amo.
Ela ficou me encarando, depois desviou o olhar. Coloquei minhas mãos no bolso da minha jaqueta.
— Por que você só usa preto?
Rolei os olhos.
— Não só uso preto. Mas, digamos que eu amo essa cor. Agora chega de peguntas né?! Já deu isso.