Os Terúlyans - 01

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Na pequena cidade de Truce, viviam os divertidos e geralmente aventureiros Terúlyans. Tinham uma vida próspera, regida de uma boa economia e fartura de alimentos.
Suas casas eram sem dúvida nenhuma, as mais bonitas que você poderia encontrar; sempre com telhados vermelhos e paredes amarelas bem pintadas, cheias de janelas arredondadas. Habitavam principalmente áreas onde corriam rios e nasciam florestas.
Eles eram a raça mais conectada a natureza e por isso amavam catalogar
suas descobertas nos bosques, como novas frutas, alimentos e animais. E por falar em animais, cada terúlyan, ao nascer, era acompanhado pelo o resto de sua vida, por um animal que era ligado espiritualmente a ele.

Mediam por volta de um metro e sessenta, sendo pouco menores que os humanos.
Seus cabelos eram sempre castanhos, as orelhas eram pouco maiores do que a dos humanos, por serem pontudas. Os olhos eram diferentes, nenhuma outra raça tinha cor de olhos semelhante ao azul cintilante dos terúlyans.

Como sempre acontecia, desde os primórdios, ao anoitecer, todos reuniam-se envolta de fogueiras em imensos campos gramados e cantavam canções, usando harpas e flautas e contavam as melhores e mais fantásticas histórias sobre suas aventuras pelas cidades de Sódres, onde também, costumeiramente, vendiam frutas e vegetais que só nasciam em Truce.

Pelo menos foi assim, por muito tempo. Então depois de centenas de anos, as criaturas de brilhantes olhos azuis evoluíram, sofrendo poucas mudanças físicas, mas muitas interiores. O povo que um dia foi amante de incríveis jornadas pelos reinos de Quarttions, enfrentando monstros como os bórians, caçando tesouros nas montanhas brancas do sul, ou mesmo viajando em excursões para outros continentes nunca explorados, agora haviam se tornado em meras criaturas que preferiam viver no conforto de suas casas e cuidar de suas fazendas.

Eles tiveram muitos motivos para se tornarem assim. O mundo onde aventuravam-se sem muito perigo, também evoluiu, dando origem a novas raças, como os temíveis Norvills, o pior pesadelo dos terúlyans.

Os norvills mataram uma grande parte da última geração de Terúlyans, na grande guerra dos Pinheiros, e mesmo aliados como os humanos, karakis e voullys, não puderam salvar todos. Mas essa história não se trata disso, fica quem sabe, para uma próxima.

Quase todos os terúlyans foram mortos, exceto um recém-nascido. A raça prima dos Terúlyans, que chamavam-se de Varígs, migraram para Melquíh, a cidade vizinha. Foi naquelas terras, que depois de muito tempo e esforço retomaram suas vidas e seus negócios. Mas é claro, que nunca conseguindo esquecer da grande guerra.

E assim começa a incrível jornada de um jovem terúlyan, que não tinha um animal companheiro e achava ser um simples Varíg.

Na guerra de Truce, o último terúlyan, órfão de mãe e pai, foi resgatado por um varíg chamado Hugo. Ele era um dos quatro paladinos lendários. Foi através de seus cuidados que a criança cresceu forte e saudável
em um pequeno vilarejo de Melquíh, chamado Menzí.

Como de costume, ao entardecer, Hugo e Jimmy treinavam esgrima até o anoitecer. O jovem terúlyan evoluiu bastante desde o seu primeiro contato com uma espada, mesmo que esta fosse de madeira.

E em mais uma tardinha de treinamento no rancho, que era iluminado pelo sol poente e ficava próximo à uma antiga floresta de salgueiros, alguns pássaros terminavam de cantar, antes que caísse a noite, para que se recolhessem em seus ninhos.

As últimas aves que caminhavam sobre o gramado verde do rancho Menzí, assustaram-se com o som do bater de espadas de madeira. Elas alçaram vôo, afastando-se de onde uma batalha estava sendo travada por  Hugo, um varíg negro e musculoso, quase que do tamanho de um humano adulto, contra uma garoto de cabelos castanhos e orelhas pontudas chamado Jimmy.

- Vamos garoto, esquive e ataque com sua espada! - disse Hugo, o tio do pequeno terúlyan de treze anos, ao ataca-lo com uma investida de espada.

Jimmy esquivou-se do golpe, saltando para a esquerda.

- Estou cansado, tio. Nós treinamos o dia todo. - Suspirou com o rosto oleoso de suor.

Hugo sorriu e acenou com a cabeça. Ele sabia que o treino era duro e exigia muito esforço, mas seu dever era ensinar o garoto a se defender quando precisasse.

- Está bem, o treino acabou. Vá ajudar sua prima nas tarefas do rancho.

- Sim, senhor. - Jimmy assentiu e caminhou com o olhar perdido, até onde uma jovem varíg, de quinze anos estava colhendo maçãs e enchendo uma cesta de palha.

- Jimmy! - gritou ela, esboçando um enorme sorriso maroto, idêntico ao de Hugo. Pois se havia herdado algo de seu pai, com certeza era o largo e contagiante sorriso. Ao chegar perto de sua prima, seu coração acelerou, suas mãos soaram e seus olhos se perderam na exuberante beleza de Sarah.

Ela ostentava uma cabeleira marrom-clara, beirando o ruivo, que passava da sua cintura. Sua pele era demasiadamente branca. Os lindos olhos azuis da garota brilhavam refletidos sob a luz dos últimos raios de sol. Seus lábios delicados e pequenos tinham uma tonalidade de cor semelhante ao vermelho das maçãs que colhia.

Encarou Jimmy por um instante, tentando arranjar coragem para lhe fazer um convite. Tinha medo de ouvir um não e perder aquela oportunidade de passearem sozinhos, sem seu pai os vigiando o tempo todo.

- Você quer ir ao festival comigo? - Sarah referia-se a comemoração pelos treze anos que faziam desde que os descendentes dos terúlyans passaram a habitar as terras de Melquíh.

Todo ano, no quinto dia de maio, a população se mobilizava para enfeitar a praça de Válleriz, com balões e bandeirinhas de três cores diferentes; Vermelhas, amarelas e verdes, da cor da bandeira de Melquíh. Mercadores vinham de todos os cantos do mundo, para comprarem das iguarias que somente aqueles seres de olhos azuis brilhantes sabiam fazer. Desde vasos ornamentados, comidas regionais deliciosas e lindos quadros, com paisagens de se perder o fôlego.

Artistas de circos itinerantes eram convidados para o entretenimento do público, e esperavam ansiosos para apresentarem suas bizarras e divertidas atrações.

Jimmy arqueoou as sobrancelhas surpreso com o convite e não conseguiu conter o sorriso. Balançou sua cabeça para cima e para baixo repetidamente, num gesto de concordância.

- É claro que quero! - Sarah gargalhou da euforia de seu primo e passou a cesta de maçãs para ele.

Após terminarem de colher as frutas e ordenhar leite das vacas, os dois jovens entraram em sua casa para saborear a deliciosa ceia que Hugo tivera preparado. Deixaram a mesa depois de muita conversa, agradeceram pelo alimento e preparam-se para dormir, pois sabiam que o dia seguinte seria cheio.

Olaaá! Obrigado por ler esse capítulo e se você gostou, não esqueça de clicar na estrelinha! Agora se você não gostou, faça sua crítica nos comentários para que eu possa evoluir na escrita.

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Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora