Um destino improvável - 03

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O sol nascia por detrás de grandes montanhas, fazendo com que as trevas se extinguissem de Truce. Era um novo dia, um dia que seria inesquecível para Jimmy, pois neste dia, sua incrível jornada começaria.

O pequeno varíg acordou, sentindo uma dor forte na barriga e no pescoço, pois estava com uma fome horrenda, e havia dormido de mal jeito naquele chão de terra escura e dura. Teve a impressão de ter sentido o cheiro de carne assando, mas sabia que não era possível ser verdade.

Muitas pessoas falavam ao redor, todas estavam agitadas, rindo e cantarolando. Jimmy questionou o motivo da felicidade alheia, tendo em mente de que todos estavam passando por uma situação terrivelmente desagradável.

Levantou-se devagar e piscou várias vezes, para enxergar melhor. Viu a sua frente a gigantesca águia que ajudou os sobreviventes no dia anterior, e viu também, próximo à ela, pessoas comendo grandes pedaços de carne, e em outro canto, crianças brincando de pega-pega. O que aconteceu nesse tempo em que estive dormindo? Perguntou o pequeno varíg. Então Kerolaine veio até ele e lhe desejou um bom dia, abrindo um sorriso simpático e fraterno.

- Eu sei. Foi tão repentino que ninguém acreditou. Deviam ser seis horas da manhã, quando Lady Gaugh voltou de Melquíh e trouxe uma grande quantidade de água e comida. - disse a mulher de pele bronzeada. Nesse momento Sírus percebeu que a criança tinha acordado e se aproximou dos dois.

- Vejam só! O pequeno herói de Válleriz! - Anunciou o karaki, - que era menor do que um varíg - de modo que pôde chamar a atenção de todos os que estavam alí. As pessoas juntaram-se ao redor dos três, e Sírus continuou, enquanto Jimmy fazia um gesto com as mãos para que o karaki não fizesse o discurso a seguir. Ele sentia que não precisava de reconhecimento, o que fez na praça foi somente o seu dever, e o que qualquer outro deveria fazer.

- Foi essa criança, esse simples varíg, que lutou contra os norvills como um grande guerreiro, ele pôs sua vida de lado, para salvar todos que estão aqui. - Sírus olhou para Jimmy com um grande sorriso no rosto, colocou ambas as mãos em cada ombro do jovem e disse-lhe.

- Em nome de Morlun, e em meu nome, peço desculpas por enganarmos você e tomarmos sua espada. Nós é quem fomos os trapaceiros, não você. E de hoje em diante, ofereço meu serviços a ti, jovem Jimmy, enquanto eu viver! - Sírus se prostrou de joelhos, diante do varíg e baixou sua cabeça, em seguida levantou-se e então todos aplaudiram a criança de brilhantes olhos azuis, enquanto uma aura de paz e alegria infestou o lugar inteiro.

- Obrigado, muito obrigado! - disse o varíg sorridente. - Mas eu não fui o único. Sírus e Kerolaine estavam lá para ajudar. Sarah e Morlun, que ainda não voltaram, também fizeram parte do confronto contra os monstros. E rogo eu, para os deuses, que eles estejam bem.

O dia foi alegre e festivo, parecia no fim das contas, que aquele lugar tinha um clima acalentador e tranquilo, quando visto por olhos mais calmos. A manhã de clima ameno, deu lugar a um lindo entardecer de céu alaranjado e nuvens rosadas. Lady Gaugh levou o primeiro grupo de sobreviventes de volta para o outro lado do rio, onde ficava a praça de Válleriz, em Melquíh.

Kerolaine, Sírus e Jimmy, combinaram que seriam os últimos transportados pela gigantesca águia. Eles ficaram sentados ao redor de uma fogueira apagada, jogando conversa fora e conhecendo melhor uns aos outros. Uma amizade das mais improváveis e eternas tivera iniciado-se naquele por do sol.

Jimmy afastou-se sem que seus companheiros percebessem, e uma passagem entre a floresta que ficava aos pés de uma montanha lhe tomou a atenção. Algo o chamava para o interior daquela trilha, e ele sentia isso. Engoliu em seco, um frio lhe percorreu a espinha. Não seria uma idéia das mais sensatas. Mas você deve lembrar que ele não era um varíg, como aqueles que exitam em encarar novos caminhos e aventuras. O sangue dos antigos terúlyans corria em sua veia, e isso quer dizer que ele seguiu floresta adentro. Disse a si mesmo que voltaria a tempo, que iria somente averiguar o estranho caminho.

Enquanto caminhava, com a espada dos paladinos empunhada firmemente em suas mãos, ele sentia alguma coisa dentro de seu corpo. Era como uma estranha energia, aumentando gradativamente a cada passo que dava, em direção ao pé da montanha. E depois de alguns minutos e de passos acelerados, por dentro da floresta de pinheiros mortos, ele encontrou uma caverna pouco maior que sua altura, na grande montanha cinzenta. Exitou em entrar por um momento, mas ao ver que o sol ainda iluminava, mesmo que pouco, o interior da cavidade, ele decidiu entrar. No entanto, não conseguiu. Isso mesmo, ele esbarrou no nada. De início não entendeu, e tomou distância e correu até a entrada, e outra vez sofreu um baque contra uma barreira invisível.

- Ah! Como não pensei nisso antes?! É magia. - Ao dizer isso em voz alta, Jimmy percebeu que o lugar onde estava, era a fronteira que separava o continente dos demônios, dos seres mais pacíficos.

- É inútil tentar passar. - disse uma voz rouca e pesada. Não vinha aparentemente de nenhum lugar. Jimmy assustou-se de imediato, pôs-se em posição de combate e olhou para todos os lados.

- Quem está aí? - Ao terminar sua pergunta, sentiu uma respiração forte e alta aproximar-se dele. Suou frio, pensou que deveria ser um monstro invisível. Então, uma criatura achegou-se da entrada da caverna, fazendo com que o jovem entrasse em um estado de pânico.

- O destino é imprevisível, e por isso sou grato, porque ele te trouxe até aqui. - disse o réptil de olhos amarelos.

- Você é o dragão do meu sonho! - replicou o pequeno varíg assustado.

- Sou sua outra metade, pequeno Terúlyan. Sou Fülgh, o último dragão de Quarttions.

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora