Os norvills invadiram a praça de Válleriz, matando todos que encontraram pela frente. Ao longe, Jimmy e Sarah lutavam contra os monstros, juntos de Sírus e uma habilidosa guerreira humana, Kerolaine.
- Desgraçados! Se encostarem em um só fio de cabelo dessas crianças vocês pagarão caro! - Nôah estendeu seu braço, e abriu suas mãos como se fosse aparar algo.
- Summon Fallzdragain! - Ao pronunciar aquelas palavras em um místico idioma, uma espada flamejante materializou-se em sua mão.
- Faça-os queimar, lâmina do dragão! - Sua velocidade era incrível. Atacou centenas de norvills em segundos. Seus olhos amarelos moviam-se depressa para acompanhar a situação da batalha na praça. Retomou seu fôlego, e quando estava prestes a enfrentar ainda mais norvills, uma voz chamou pelo seu nome; era doce e suave, como uma canção de ninar, cantada por uma âma de leite.
- Quem me chama? - perguntou confuso.
- Nôdaverth, por que desperdiça seu tempo com essas criaturas, meu sobrinho? - Ao ouvir novamente a voz, que chamava pelo seu nome de nascença, Nôah teve certeza de que era seu tio, comunicando-se através de telepatia.
- Que os deuses abençoem seu reinado, meu senhor. - disse Noah.
- Preciso que venha até mim. Tenho uma missão de prioridade máxima para você.
- Eu... - O pedido de seu rei, lhe pegou desprevenido. Como poderia deixar as crianças sozinhas? Ele havia prometido para Hugo que cuidaria deles.
- Você tem um dia para chegar em Sêffas, sugiro que escolha o melhor cavalo e tenha cuidado. As florestas, agora são lar de criaturas perigosas. - Infelizmente Nôah não poderia desobedecer a uma ordem de seu rei. Teve de deixar a praça, fugindo com Mancha, o lindo cavalo branco de pintas marrons.
Logo, o barulho horrível daquela batalha sangrenta foi ficando para trás a medida que ele se distanciava. O jovem estava confuso, queria entender o porquê do repentino pedido de seu tio, a final, haviam muitos anos se passado desde que seu rei entrou em contato pela última vez.
- Yah! - Gritou Nôah, para o cavalo. O animal acelerou a cavalgada, enquanto adentrava em uma floresta silenciosa e relativamente escura, apesar do dia ainda não ter terminado. Em cada um de seus lados, haviam enormes árvores de acácia, e a sua frente, seguia uma trilha de terra e lama.
Passou a cavalgavar mais devagar, seu animal estava cansado, então começou a duvidar de si mesmo, se conseguiria chegar a tempo em Sêffas. O pobre animal relinchava de cansaço e isso já estava encomodando o voully de cabelos esverdeados, fazendo com que ele passasse andar a pé metade do caminho puxando as rédeas de Mancha.
A floresta tinha um cheiro pouco agradável. Um insuportável odor de estrume e sangue podre estava impregnado por todo o lugar, e lentamente causava sonolência em Nôah, sem que o mesmo percebesse. Foi um grande erro do rapaz não ter notado que a cada passo que dava, sua energia esgotava-se mais depressa. Até que, depois de mais algum tempo de caminhada na escuridão da mata, sua visão lhe deixou, e todo o cenário ao redor desapareceu, seu rosto foi de encontro ao chão. O coitado desmaiou, e seu estado de sono era de uma profundidade sem igual, nada o faria acordar.
- Finalmente! - Exclamou uma estranha criatura de pele avermelhada e nariz pontudo que correu em direção a vítima desmaiada.
- Wárus, venha ver, é um voully! - gritou a criatura eufórica, para seu parceiro, que assemelhava-se a ele. O pequeno ser, de orelhas e nariz pontudo, de pele avermelhada e que tinha uma enorme cabeça careca aproximou-se para observar Nôah.
- O que faz um voully andando por essas terras, Dratinír?- Perguntou confuso.
- Disso eu não sei, mas sei que agora temos o que comer, hehe.
- Simmmmm, comida boa, carne deliciosa de voully, maninho. - respondeu Wárus, passando a língua longa bizarra sobre os lábios carnudos.
Enquanto ambas as criaturas, conhecidas como Slinders, arrastavam o corpo de Nôah pela floresta, Wárus teve a certeza de ter visto um enorme arbusto se mexer algumas vezes. Mas Dratinír, seu irmão, não acreditou em suas palavras.
Por tanto, depois de uma caminhada cansativa, chegaram a uma clareira, cercada de árvores mortas, semelhantes a gigantes cheios de braços retorcidos. Lá, eles prepararam um caldeirão com água fervente e mais alguns ingredientes, como sálvia, insetos e tomates.
A alegria dos diabos, era sem igual. Deviam estar sem saborear um jantar como aquele há mais de dois anos, pois ninguém que tivesse o mínimo de bom senso, tomaria aquele caminho para viajar.
Nôah despertou, sonolento, com uma forte enxaqueca. Tentou se mexer, mas estava amarrado por cordas grossas e bem apertadas. O brilho da fogueira lhe ofuscou a visão, que naquele momento já estava adaptada á escuridão da floresta.
Os dois slinders batiam com gravetos secos em um tronco, que servia de tambor e cantarolavam algo como:
Um carneirinho perdido eu encontrei,
tirei sua lã, e as tripas devorei.
Carneirinho perdido berrou
e com o brilhante fogo ele torrou.
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Quarttions - O Último Terúlyan
FantasiaQuarttions é um incrível e vasto mundo medieval, regido pela magia dos antigos deuses e formado por quatro reinos, divididos por uma barreira mística, que separa os monstros cruéis das outras raças mais pacíficas. Essa gigantesca divisa foi feita há...