Os Terúlyans - 03

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- Crianças! - Hugo os chamou. Jimmy guardou com carinho o retrato de sua mãe e deixou de lado o que estava fazendo para atender ao chamado de seu tio, que estava na sala, pulindo uma linda espada dourada de tamanho médio, com vários símbolos de ampulhetas em alto relevo na sua empunhadura.

- O que foi, pai? - Sarah que havia acabado de organizar seus pertences em uma bolsa, o perguntou. Ele olhou para as duas crianças pensando talvez em como haviam crescido tão rápido.

- Voltem antes do anoitecer, não falem com estranhos, mantenham distância de becos escuros e evitem se meter em confusão. Caso haja algo suspeito acontecendo ao redor de vocês, voltem imediatamente para casa! - Os dois se assustaram ao ouvir aquelas palavras, não estavam acostumados à ouvir sobre os perigos do mundo, eles achavam que a vida era sempre próspera e alegre.

- Não se preocupe, nós faremos apenas o que for seguro e lembraremos de suas ordens, tio.

Hugo sentiu orgulho, por perceber o amadurecimento de seu sobrinho e concordou com a cabeça. 

- Aproxime-se, garoto. - Jimmy inclinou levemente a cabeça para o lado, como um cachorrinho, estranhando o pedido de Hugo. Andou em direção ao seu tio, até parar em sua frente.

- Ponha sua mão sobre a lâmina desta espada, feche seus olhos e repita o que eu disser. - Mesmo sem compreender, o pequeno varíg assentiu.

- Humildemente, minha alma deixa pra trás toda a fragilidade de meus pensamentos mundanos e agora adere à justiça dos deuses e dos seres de coração nobre. Juro, pela minha vida, proteger os inocentes e prometo não derramar sangue se não houver a necessidade.

Dessa forma, Jimmy que estava tomado por fortes emoções, entendeu a seriedade daquele acontecimento e pôs sua mão sobre a espada dourada, repetindo o juramento de Hugo. Ao terminar, a lâmina da espada pareceu rapidamente brilhar numa tonalidade semelhante ao fogo.

Hugo soltou o cabo da espada, envolto em tiras circulares de prata, enquanto Jimmy segurou e levantou a arma, sem saber que ela tivera pertencido há muito tempo, ao seu avô, e mais recentemente ao seu falecido pai.

Sarah admirava a cena com os olhos marejados de lágrimas, tamanha era sua felicidade por ver seu primo chegar ao fim de seu treinamento e receber a espada de um guerreiro.

No entanto, os pensamentos de Jimmy mudaram de repente, ele ponderou sobre seus parentes e vizinhos. Todos viviam suas vidas tranquilas e sem muita novidade. Então se todos eram assim, por que eles não? Por que raios Hugo os treinava e incentivava que vivessem aventuras fora de Melquíh, para que descobrissem o gigantesco mundo fora daquelas fazendas? Por que, e por quê? Certamente eram muitos porquês que tomavam os pensamentos de Jimmy. Mas ele não se atreveu a perguntar nada, pois se seu tio criava eles daquele jeito, nada poderia fazer contra isso.

Um tempo depois, as crianças tinham saído para passear e aproveitar o início do dia ensolarado com um lindo céu azul sem nuvens. Aquele condado onde viviam, chamava-se Menzí. Por alí, haviam muitas lagoas, bosques e grandes colinas. Era sem dúvida, a maior extensão de terras daquela região.

Um enorme rio separava os varígs da agitação do povo (em sua maioria mercante) de Karíndines. Do outro lado desse rio, que era interligado por uma imensa e larga ponte, viviam os Karakis - humanos bem pequeninos. Naquelas terras a vegetação era abundante, somente lá, era que cresciam rosas e girassóis. Todavia, existiam muitos vales e também muitas casas, das mais bonitas e criativas.

Então, no fim das contas esses eram alguns dos povos espalhados por vilarejos como: Menzí, Karíndines e Válleriz. Ah, é claro! Válleriz! Era um enorme bosque, onde viviam os Krains. Eles tinham corpos de humanos, mas suas feições eram de felinos, como tigres e gatos.

De todo jeito, ainda há outras várias raças que vivem na região de Melquíh, mas falar sobre eles nos custaria o dia todo. Então vamos prosseguir com a espera das crianças pelo seu grande amigo, de longas orelhas pontudas e brilhantes cabelos esverdeados, que tivera prometido lhes levar até o festival em Válleriz.

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora