Império de Klaus - 01

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No extremo Sul de Sódres, pequenos aglomerados de cidades rodeadas por desertos, formavam o lugar mais quente do mundo, onde situava-se o palácio da ordem sangrenta, sempre cheio pelas mais influentes autoridades dos arredores, desde os lordes de Ponta de Pedras, até o imperador de Sol Nascente, o troglodita Klaus, que vivia com sua família no palácio.

O soberano das terras do Sul, era um homem corrupto e adepto ao ateísmo, ele acreditava que as histórias sobre deuses terem vivido em Quarttions não passavam de invenções e contos populares. A única justiça verdadeira era a dos homens, segundo ele.

Klaus era um dos poucos homens que ainda se proclamavam imperadores, com sua ideologia arcaica e arrogante. Ele desprezava a opinião alheia e achava-se no direito de impor suas ordens até mesmo em cidadãos de outras cidades, que não viviam sobre sua ditadura. Pena que nunca o fez, senão provavelmente provaria da justiça dos governantes e aprenderia da pior forma a verdadeira maneira de agir e pensar.

Para os moradores de Sol nascente, onde situava-se o palácio do imperador, o único jeito de sair da miséria, era ingressando no exército de Klaus. Para eles era a maior chance de mudar de vida.
O salário era ótimo, porém, os afazeres... Seja lá quem fosse, deveria ter mais do que coragem para obedecer as vontades do tirano.

Além disso, uma vez alistado, a pobre alma nunca mais poderia deixar de servir ao exército do tirano. A única escapatória, era a morte. No entanto, se o sujeito tentasse fugir, era preso, torturado por dias e por fim, seus membros eram quebrados pelo próprio Klaus, depois era degolado pelo seu carrasco.

Foi sabendo disso que a jovem Kerolaine ingressou na ordem sangrenta. Não por sua vontade, mas sim pela pena que sentia do seu irmão mais velho de vinte e seis anos, paralítico desde a adolescência.

Na época em que moravam nos subúrbios da cidade vizinha, Ponta de Pedras, eles descobriram que o rapaz sofria de uma rara doença que enfraquecia os ossos. O paralítico treinou esgrima a infância toda, seu maior sonho era se tornar um guerreiro conhecido por todos de Sódres, assim ele poderia dar uma casa melhor ao seu pai e comprar tudo o que sua irmã quisesse, mas o destino não teve pena do coitado.

A garota também era motivada pelo pai, que sempre quis ter um filho guerreiro. Ela tinha medo de ir contra sua vontade, pois sabia como seu pai ficava agressivo ao ser contrariado.
Foi dessa forma, nesse ambiente opressor e sufocante que a jovem garota de dezoito anos teve de aceitar uma das poucas vagas que restavam no Império de Klaus.

Com o tempo, Kerolaine se destacou como uma assassina extremamente habilidosa, sendo na maioria das vezes, chamada pelo próprio imperador para realizar missões secretas e desumanas, como saquear templos de outros reinos, assassinando os clérigos, sequestrar crianças de dez anos para servir de escravos no palácio e outras atrocidades. Ela se mudou com sua família para o Centro e comprou uma casa digna de membros da realeza.

No entanto, apesar de tudo o que havia feito, seu coração se recusava a mudar. No fundo, ela ainda tinha esperanças de viver uma vida melhor em outro lugar, como nas cidades do Norte, onde os moradores eram honrados e ganhavam bem, apenas por cuidar de animais e vender produtos em mercados ao ar livre.

Passaram-se oito anos desde sua entrada na ordem. A jovem garota brozeanda pelo calor escaldante do Sul, se tornou uma mulher de aparência exuberante. Seus olhos pretos de águia eram sedutores e calculistas. Os longos cabelos cacheados e escuros desciam sobre sua costa delicada que ficava exposta pela roupa de couro preto, aberta em forma de "V" na parte traseira. E seus grandes seios eram cobertos por um tomara que caia na parte frontal. Sua calça era de cor e material semelhante a blusa, definia suas coxas, pernas e glúteos, sendo assim, um conjunto extravagante.

Com uma beleza daquelas, não demorou nada até que um dos guerreiros da ordem se apaixonasse perdidamente pela assassina preferida de Klaus, que sentia o mesmo pelo homem moreno de cabelos castanhos-encaracolados e olhos grandes e cinzentos.

Os dois se encontravam em uma das poucas e pequenas florestas que existiam alí, para sentirem a pele um do outro, saborearem seus lábios e amarem-se pelo resto das noites. O guerreiro esbelto e forte chamava-se Eliaquim, e assim como sua amada, partilhava pensamentos sobre uma vida melhor, onde viveriam felizes e teriam muitos filhos, lhes dando boa educação e livrando-os da maldade de tiranos como seu imperador.

Mas o dois sabiam que aquilo seria impossível!

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora