Caçada aos traidores - 01

45 10 3
                                    

Sob os tímidos raios de sol, duas pessoas deslocavam-se depressa de uma pequena floresta, para os portões do palácio.

Somente a sorte não livraria a pele do casal de namorados da punição de seu imperador, que não aceitava atraso de maneira nenhuma. Seus cavalos galopavam velozmente, eles precisavam ajudar seus montadores à chegar no Palácio antes do despertar de Klaus.

Kerolaine e Eliaquim pararam sobre um monte que abrangia uma visão sobre todo o vasto campo de Sol Nascente, que levava aos portões do palácio.

Seus animais precisavam de descanso, então, o homem de cabelos encaracolados aproveitou a oportunidade para relembrar sua amada sobre o procedimento padrão que seguiam quando se encontravam as escondidas.

- Tudo bem, eu nunca esqueço. Você vai primeiro, informa aos guardas que estava em missão, em seguida eu chego e digo que estava lhe ajudando, para garantir o sucesso de seu dever.

- Isso mesmo! Nós temos sorte, meu amor, porque o fato de sermos o braço direito de Klaus nos garante uma grande confiança no Império. Logo, mesmo que os guardas desconfiem de algo, não podem contradizer as vontades do soberano.

A linda mulher de longos cabelos negros sorriu, com o olhar admirado para o seu amado. Aquela era a rotina de anos dos dois, mas Kerolaine já não era mais aquela jovem garota amante das aventuras, ela queria algo a mais, desejava o dia em que não precisaria mais ter de se esconder com Eliaquim para poder se amarem. Ela baixou sua cabeça e observou o solo areioso, tentando disfarçar sua tristeza.

Eliaquim não era nenhum adivinho, mas sabia dos pensamentos de sua namorada. Contudo, para a surpresa de Kerolaine, o rapaz vinha há um tempo desenvolvendo um plano que mudaria suas vidas. Certamente não cumpriria com ele de imediato, pois o guerreiro precisava de mais tempo.

- Quando eu era criança e vivia em um dos vilarejos de Ponta de Pedras, um dos principais pensamentos que se passava pela minha cabeça, quando eu via os pobres moradores sofrendo, carregando pedras para a construção do Palácio, era que eu nunca deixaria de ser aquela criança sonhadora e determinada, eu iria mudar o futuro da nossa cidade, nem que para isso eu tivesse de matar o imperador.

Kerolaine engoliu em seco, ela sentiu uma dor em seu coração, pois sabia que a cidade natal de seu amado ainda vivia no terror da escravidão. Ao olhar para Eliaquim, viu algo diferente em seu semblante, uma confiança nunca antes vista naquele homem emanava através de um grande sorriso.

- Você... Você nunca me disso isso.

- Eu sei. Você deve estar pensando que nada eu mudei naquela cidade, porque ela ainda está imersa no caos...

- Eu... Bem, isso...

- Eu ainda não estou morto e tenho certeza de que um dia, nós voltaremos com nossos filhos para aquela cidade e mudaremos as coisas por lá.

- Voltaremos? Como assim? Nós iremos...

- Sim, minha mulher. Nós vamos partir de Sol Nascente, montados na grande Águia da floresta de Vanír. Dessa forma, o exército de Klaus não será capaz de deter nossa fuga e nós poderemos atravessar o deserto rapidamente. - Eliaquim se aproximou da mulher e segurou seu rosto com as duas mãos.

- Você tem certeza de que quer arriscar tudo, pelo nosso amor?

- Eu sempre tive, Kerolaine. - A linda mulher pôs suas mãos sobre as dele e perdeu-se no maravilhoso frescor de seus lábios.

Os cavalos descansaram o suficiente, assim, os amantes puderam seguir seu caminho, fazendo o que tinham combinado antes.

Em uma das torres de vigia dormiam dois soldados, um deles estava tão ferrado no sono que deixava sua saliva escorrer pelo canto da boca, enquanto que o outro falava coisas sem sentido.

Este último teve seu sono interrompido por um chamado vindo da frente dos portões. Ele se levantou rapidamente, arrumou sua armadura e procurou pelo seu elmo, que estava ao lado dos pés de seu companheiro. Ao junta-lo, ele sacudiu o guarda babão.

- Acorda seu nojento, tem alguém alí em baixo!

- O quê? Os trolls vão nos matar! - disse o dorminhoco ainda desnorteado.

- Esquece. Deixa que eu vou ver. - O guarda de elmo caminhou até a beirada da Torre, semicerrou seus olhos e identificou Eliaquim.

- Ah, é você. O que faz aí fora? O galo ainda nem cantou.

- Missão de rotina.

- Oh, então ela está com você né?! Hehe... - O guarda sorriu maliciosamente. O coitado era apaixonado pelas curvas atraentes de Kerolaine, o que fazia Eliaquim ter que se controlar para não lhe dar uma surra.

- Sim. - disse o guerreiro, de dentes cerrados. Logo atrás, a linda mulher vinha cavalgando em seu Shire, um enorme cavalo preto de patas brancas maiores e mais cobertas de pelos do que a dos outros de sua espécie.

- Saudações, Gugh.

- Saudações, meu amor... Digo, Kerolaine! - Os olhos amarelados do guarda extrovertido deliravam por apreciar a beleza da assassina. Ele acionou uma alavanca e abriu o gigantesco portão do Palácio.

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora