O retorno dos mortos - 02

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Não demorou muito até que os peregrinos se depararam com a imensa fortaleza de Fízladrin.

Resumidamente tratava-se de um imenso casarão, acompanhado de uma torre que beirava os trinta metros de altura. As paredes eram de um material chamado Jhíon, este era um dos materiais mais resistentes e pesados de Quarttions. A morada de Ürdis era encoberta por centenas de árvores, e em cada árvore haviam arqueiros, prontos para disparar suas flechas envenenadas em intrusos.

As imensas portas avermelhadas, foram abertas por soldados, fazendo passagem para seis cavaleiros que saíram até á ponte que passava por cima de um vasto rio e atravessava até o outro lado da floresta, onde estavam os viajantes. Cornetas foram tocadas, houve um grande alvoroço. Os seis cavaleiros dividiram-se em dois grupos de três. Logo atrás deles, surgiu o rei voullyano, acompanhado de dois servos que seguravam sua imensa capa azulada.

- Eis o vosso rei, saúdam o senhor das terras voullyanas, o rei Ürdis! - pronunciou um porta-voz, carregando  uma bandeira vermelha, onde havia um unicórnio de asas flamejantes. Os três paladinos prostaram-se de joelhos, em reverência. Em seguida todos fizeram o mesmo. Morlun tentou chamar o rei, mas este levantou sua mão, num gesto de negação e passou por entre os peregrinos, sem temer mal algum, parando diante de um mero garoto.

- A última vez em que vi olhos tão brilhantes, ocorreu uma guerra. - disse Ürdis para o jovem Terúlyan.

- Senhor, é um honra estar diante da sua digníssima presença. - respondeu Jimmy com as pernas bambas.

- Não diga tal absurdo. Honrado estou eu, por ter a dádiva de conversar com o último Terúlyan. Minha criança, a atenção de todos os deuses está voltada somente para você. - Tal afirmação teve um grande impacto na mente de Jimmy, pois até o momento o jovem pensava estar sendo castigado por tais entidades.

- Vamos todos, há um delicioso banquete que foi preparado para vocês. - disse Ürdis. Assim o fizeram, mas esperaram que o rei entrasse primeiro, depois o seguiram.

O interior da fortaleza assemelhava-se a um vasto campo. Haviam muitas árvores, lagos artificiais e também muitas borboletas de todos os tipos. Vagalumes voavam livre por alí, brilhando em sincronia. Ao entrar, os peregrinos sentiram que um poder místico estava em todos os cantos daquele lugar. Sentiram ter sido fortalacidos somente por pisar no chão gramado.

Era possível ouvir uma grande cantoria que ecoava por todos os cantos. Não há como descrever, apenas os que estavam alí, sentiram a maravilhosa música dos voullys encher seus corações com paz e harmonia.

- Eis o banquete real! - disse um servo voullyano, ao som de cornetas que acompanharam sua voz. Muitos soldados trouxeram uma gigantesca mesa, que tivera sido entalhada em uma árvore. Os outros servos rapidamente puseram todos os alimentos e talheres em cima dela. Depois organizaram bancos, que na verdade eram pequenos troncos avermelhados, ao redor da mesa. E então, dois soldados trouxeram com cuidado, o trono do rei. Este era feito de galhos retorcidos, enfeitados com ouro, rubi e quartzo branco.

Ürdis foi o primeiro a se sentar, então os presentes fizeram o mesmo em seguida. Já era noite, no lado de fora da fortaleza, podia-se escutar muitos uivos e estranhos barulhos de monstros, que rondavam por aquelas áreas. É claro que nenhuma criatura ousava aparecer diante da fortaleza do rei. Isto era um fato que nunca havia ocorrido, até então. Mal sabiam, de que a paz duradoura de Fízladrin estava prestes a acabar. Nem mesmo Ürdis podia ter adivinhado que um perigo de nível catastrófico avançava  dia após dia, até seu reino.

De fato, ninguém teria a capacidade de adivinhar que os seis grandes magos do passado, conhecidos como heróis de Quarttions, tiveram sido ressuscitados por um poderoso necromante, servo de Séfratus.

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora