Caçada aos traidores - 03

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- Você vai na frente e não se preocupe comigo. Logo mais eu te alcançarei. - Disse Eliaquim para Kerolaine, enquanto os mesmos zelavam para que ninguém os visse alí, no Jardim do palácio, onde uma enorme estátua de Klaus, apontando uma espada para o céu, era rodeada por um pequeno lago artificial. O casal de namorados beijaram-se por alguns instantes até que o guerreiro de cabelos encaracolados voltou para dentro da fortaleza de seu imperador, ele ainda precisava do dinheiro que havia guardado para essa fuga.

Kerolaine observou a gigantesca imagem de Klaus e soltou um sorriso de deboche. Aquele homem nunca mais seria o dono de sua vida, a partir daquele momento, ela seria livre, ou morreria tentando. A linda mulher bronzeada, de olhos pretos cintilantes, respirou fundo, reuniu em seu coração toda a coragem que corria em seu interior e rumou para fora do palácio, em direção a floresta que fazia fronteira com o deserto de Kírüs, guardando em sua lembrança todos aqueles rostos sofridos dos moradores que caminhavam aos arredores da fortaleza.  Desta vez, o medo já tivera esvaido e agora, nada ou ninguém poderia impedi-la de começar uma nova vida.

De volta ao seu dormitório, o guerreiro número um de Klaus, procurava desesperado pelo pacote onde mantinha seu salário de todo o tempo que serviu ao imperador de Sol Nascente. Não era possível que estivesse louco, ele sabia que seu pacote estava em um fundo falso na parede, escondido por um tijolo. Somente Eliaquim sabia daquele esconderijo, então como podia ter desaparecido de uma hora para outra? Bem, isso o rapaz não sabia. Não sossegou nem por um instante, porém, quando ouviu alguém pigarrear por detrás de suas costas, um frio lhe percorreu a espinha.

- Está procurando por isto? - Aquela voz... Quando o homem esbelto virou-se para quem fez a pergunta, seus olhos encheram-se de uma ira intensa, como labaredas de chamas ardentes. Gugh jogava o pacote de pano paro o alto, e o aparava com a mão, sorrindo maleficamente.

- Com que direito tu achas que pode tomar para ti, o salário de um homem?

- Talvez eu pudesse aceitar isso como suborno. Sim... Mas não seria o suficiente. Jamais eu aceitaria ouro, ou qualquer outra coisa para esconder a traição de um bastardo como você! - O jeito que Gugh vociferava aquelas palavras deixou claro para o guerreiro que aquele guarda miserável havia de algum jeito, descoberto sobre sua fuga com Kerolaine.

- Por que você se deixa dominar pela raiva? Eu amo aquela mulher e a única coisa que quero é viver em outro lugar com ela, longe de todo esse ódio que reina sobre estas terras...

- Cale-se! Não diga mais nenhuma palavra! Sua insolência logo será revelada para o meu senhor e soberano Klaus, ele certamente punirá seus atos da melhor maneira, hehehe. - Eliaquim sabia que não teria como continuar apelando para a humanidade de Gugh, pois compaixão era uma das qualidades que mais lhe era escassa.

- Vejamos então, se terás coragem para interromper a reunião dos lordes, porque se bem lembro, o último que o fez, foi degolado por Klaus. - O sorriso desapareceu da face do guarda magricelo e ele sentiu medo. Contudo, não podia permitir que aquele vagabundo fugisse com a sua "deusa", que era como a chamava.

- Ora, seu verme! Eu não tenho pressa, posso ficar o dia todo aqui, para te entregar ao meu imperador!

- Se desejas dificultar as coisas, não irei hesitar em lutar contra ti, Gugh, filho de Tródus! - Eliaquim sacou sua longa espada de aço Sêffaniano e pôs-se em posição de ataque. O guarda engoliu em seco, ele sabia que não tinha chance alguma contra seu oponente. Todavia, sua inveja mesclada ao ódio que obscurecia seu coração lhe impulsionou a atacar Eliaquim.

Desta forma, Gugh correu com sua lança na direção do guerreiro e lhe deu uma estocada com a ponta prateada de sua lança média. Eliaquim desviou por alguns centímetros do ataque mal feito, agarrando o cabo da arma de seu oponente, golpeando-o em seguida, com o cotovelo que atingiu o rosto de Gugh e o desmaiou na hora.

O rapaz suspirou fundo de olhos fechados e logo recuperou seu dinheiro. Tomou cuidado ao sair do cômodo, observando se ninguém andava por alí e partiu, fingindo para os outros que nada havia acontecido. Quase tudo tivera ocorrido bem, pensava o rapaz montado em seu ganharão negro, diante dos portões do Palácio.

- Precisamos encontrar Kerolaine e sair de Sol Nascente com a ajuda da Águia, antes que Gugh acorde e espalhe tudo para os outros. Vamos lá, tempestade! - disse Eliaquim ao seu cavalo, que relinchou levantando suas patas frontais e disparou em direção a floresta de Vanír.

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora