Unidos pelo destino - 03

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- Vamos correr para aquele lado da floresta, seguindo adiante, teremos ajuda! - ordenou a linda mulher de cabelos escuros enrolados e um corpo perfeitamente desenhado. - Vou precisar de ajuda para limpar o caminho, alguém se candidata? - Ela olhou para o apresentador e para o anão, esperando que eles pudessem ajudar. O garoto de olhos azuis respirou fundo e tomou a frente, ficando ao lado de Kerolaine, a ex assassina de Klaus.

- Bom, sei que não sou a ajuda que você esperava, mas assim como você, quero levar essas pessoas para fora daqui. - Confiante, mas com um certo receio por conta do medo, o garoto se armou, sua companheira Sarah, segurou seu braço antes que ele pensasse em correr para atacar os Norvills. Pelo olhar que ela lhe lançou, era possível identificar o medo que Sarah tinha de perder o pequeno Jimmy.

- Não faça nada estúpido, vou ajudar na retaguarda, junto com os arqueiros. - Ela apontou para um grupo de homens que carregavam arcos e flechas, eles estavam logo atrás das pessoas que, aquela altura, estavam tão desesperadas quanto eles.
Jimmy assentiu e, em um rápido impulso beijou seu rosto, fazendo com que as bochechas da menina ficassem enrusbecidas, então, disparou em direção aos monstros. Sírus não podia ficar ali parado, assim como seu chefe. Sua honra estava em jogo, e acima de tudo, seu coração sabia o que era certo a se fazer.

- Escuta, Morlun, se você não fizer nada por essas pessoas e por nós, sua filha será a mais nova órfão da sua família, pois nossas cabeças irão rolar por esta praça se ficarmos apenas observando essas criaturas bizarras destroçarem inocentes. - O anão balançou o apresentador que estava atônito.

- A questão, não é deter o ataque dos elfos negros. Isso é o de menos. A ameaça maior está em algum lugar próximo daqui, e ele sim, pode acabar com todos nós. - respondeu.

- De quem você está falando?

- Vocês vão ficar de conversinha, no meio desse caos todo? - Kerolaine arrogantemente interrompeu o diálogo entre os dois e continuou. - Aquele garoto, que é uma CRIANÇA, está pondo sua vida em risco por um bem maior, agindo com mais coragem do que qualquer outro aqui. Fala sério, não acredito que vocês, nortenhos, costumam ser assim.

- Correção, somos do Leste. - retrucou Morlun, o apresentador de cartola. A mulher lhe olhou com desdém, depois pegou sua espada longa e fina, chamada Dente de sabre, e correu para ajudar o jovem espadachim.

Sarah e os arqueiros guiavam as outras pessoas para a direção que Kerolaine lhes havia ordenado seguir. Enquanto avançavam, vez ou outra tinham de atirar em alguns Norvills, que vinham correndo de todos os lados. Todos estavam tensos, principalmente Jimmy, que apesar de atacar as feras com toda sua força, estava horrorizado com a aparição repentina dos elfos negros, depois de tantos anos. A guarda de Melquíh era muito bem treinada para esse tipo de situação, os guerreiros eram brutais e destemidos. Os sobreviventes que tentavam fugir pela floresta já estavam quase para conseguir chegar ao final da praça, as criaturas de bocas gigantes pouco a pouco eram mortas, o número de monstros já era bem menor, a batalha estava caminhando para a vitória da resistência.

Do outro lado da floresta, um pouco longe dalí, o conjurador, de capuz, estava pouco satisfeito com o rumo da batalha. O homem robusto e careca estava prestes a abandonar o plano e fazer tudo com as próprias mãos. Ele mesmo pegaria a garota e entregaria ao seu soberano.

- Mantenha a calma, mais deles estão vindo. - disse o ser de capuz, com uma tranquilidade que irritava Füler. No entanto, mesmo com sua grande habilidade de conjuração, usar magia por muito tempo era perigoso e ele sabia disso. Sua energia vital estava se esgotando, o portal não poderia permanecer aberto por mais tempo, mas ele precisava ficar, não importasse a vida do "homem" de capuz estar para chegar ao fim, aquela era a missão dele, era o seu maior propósito e ele deveria aguentar a dor e o cansaço extremo.

- Lorde Séfratus me deu a chance de viver longe daquela maldita prisão em Fidélis, é hora de retribuir tudo o que ele fez por mim. - Endureceu seus braços queimados de tanto usar magia, para que continuassem retos, apontado para sua frente e voltou a recitar palavras em um idioma há muito esquecido.

Sarah precisava de uma visão mais ampla da praça. Havia uma pequena sentinela usada por guardas para a patrulha diária, a garota logo aproveitou a oportunidade e correu para a mini-torre, subiu alguns degraus rapidamente com passos acelerados até chegar ao topo, de onde assim como pensou, conseguia ver toda a praça e de onde os monstros estavam vindo. Agora ao invés de usar apenas uma flecha por tiro, ela passou a usar duas, derrubando mais Norvills a cada disparada. Morlun e o anão seguiam correndo junto com o pessoal que fugia para a floresta, ele sabia que não fazer nada era a melhor opção, ele tinha seus motivos e não queria esperar para encontrar a "verdadeira ameaça".

Na multidão de pessoas muitas caíam e eram atropeladas pelas centenas de pernas eufóricas. Uma pequena garotinha de cabelos ruivos que tinha sardas no rosto acabou soltando da mão de seu pai e a multidão lhe fez ficar para trás, a menininha acabou tropeçando e ninguém percebeu o choro desesperado da criança. A não ser Morlun, que um pouco longe, junto da multidão, olhou de relance para trás... Seu coração acelerou em batidas tão rápidas que poderia ter um ataque cardíaco e morrer num instante. A guarda de Melquíh foi aniquilada em segundos, pelas centenas de tropas de Elfos negros que surgiram novamente. Sarah viu a garotinha ruiva jogada no chão e ela viu o pior acontecer, mas precisava evitar que acontecesse. A velocidade com que ela atirava flechas nos monstros era assustadora, e sua tentativa desesperada de salvar a menina era agoniante.

Morlun parou, fixou seu olhar na garota e permaneceu estático, ela lhe lembrou sua filha de oito anos, "E se fosse ela, alí? Certamente eu não estaria pensando, já teria usado todo meu poder para impedir que os Norvills chegassem perto." Pensou consigo mesmo. A indecisão lhe torturava, seu coração lhe mandava salvar a garota, mas o medo de provocar atenção indesejada era maior.

As flechas de Sarah derrubaram mais de uns trinta monstros, ela estava indo bem, mas seu estoque era limitado e em um certo momento sua munição acabou. Em seguida vieram as lágrimas, a dor dilacerou seu coração, e o sentimento de impotência lhe engoliu.

Da visão da garotinha ruiva, aquelas criaturas que corriam em sua direção seriam derrotadas pelos valentes guardas de Melquíh, só não sabia ela que todos haviam sido mortos. Sua esperança nos heróis era grande, ela se levantou, esticou sua mão para eles e gritou:

- Vocês mecheram com o povo de Melquíh, preparem-se para o pior! - Ela esperava que talvez eles ficassem pasmos de medo e parassem, mas não o fizeram. Quando a garota estava prestes a chorar, uma rajada de fogo escaldante passou por cima dela, atingindo a linha de frente das criaturas. Um Dragão de fogo sobrevoou o lugar e incinerou os Norvills. A menina olhou para trás e seus olhos encontraram os de Morlun, que com as mãos esticadas em direção ao dragão flamejante, fazia um esforço tremendo para contra-lo, usando magia.

Quarttions - O Último TerúlyanOnde histórias criam vida. Descubra agora