Quarttions - O Último Terúlyan

Unidos pelo destino - 01

- Temos de desmascarar aqueles ladrões! Nós podemos fazer isso, somos filhos de Hugo, o ferreiro. "Mãos de fogo e braços de aço!" - Se não fosse pelo momento, Jimmy soltaria uma bela gargalhada de Sarah, pois sabia que nenhum dos dois era como Hugo.

- Eu pensei em algo. Pode dar certo.

- Esse seu "Pode dar certo" me faz querer desistir antes mesmo de começar. - disse a garota desconfiada. Jimmy sorriu de canto e correu na direção de um casal de namorados que por ali passava, falou algo para eles e os mesmos concordaram com a cabeça, isso deixou Sarah encabulada, ela não fazia ideia do quão audacioso o garoto podia ser, queria além de tudo saber o que ele estava aprontando. Jimmy falou com várias pessoas, algumas lhe ignoravam mas ele não desistia e insistentemente falava com mais turistas. Depois de tanto, ele chamou a garota de cabelos quase ruivos e pediu para que ela localiza-se os ladrões.

Uma melodia bem animada tocada por uma banda amadora de flautistas a paisana criou uma expectativa eufórica para o que viria a seguir. Um grande amontoado de pessoas esperava a garota trazer a atração que Jimmy havia lhes prometido. Uma luta épica, o desmascaramento de um farsante e um acerto de contas digno de uma boa platéia.

O tornado vermelho e o homem de cartola estavam sentados ao redor de um chafariz. O homem contava o dinheiro arrecadado e o anão admirava seu reflexo na espada sagrada dos paladinos. A garota pigarreou com o punho fechado na frente de sua boca. O apresentador lhe encarou com desdém, guardou o dinheiro em uma bolsinha e se levantou calmamente, pôs-se em uma posição ereta, esbanjando valentia.

- Queremos a espada. Temos uma platéia enorme que vai adorar a revanche. - O senhor vestido de forma social achou graça da autoridade com que a garota falava.

- Nunca vi alguém ganhar desse anão. Seu amigo deve ser louco por querer enfrentar Sírus novamente. - retrucou despretensioso.

- Não é isso. Para pessoas de bem como ele, é difícil aceitar que gente como vocês passem a perna nos outros.

- Opa, calma lá! Vencemos ele de forma justa, ele apostou a espada e perdeu. Não há nada de errado nisso.

- Certo. Então eu aposto o dobro e mais esse arco nas minhas costas, fora que com a plateia que espera vocês, vai dar para arrecadar umas boas pratas. - Hugo certamente não tivera ensinado Sarah a ter uma lábia desse nível, talvez ela tivesse aprendido com os livros que ela lia sobre um jovem ant-herói contrabandista, que se apaixonou pela filha de um Duque. Ele era astuto e sagaz, conseguia convencer qualquer um a fazer o que quisesse.

- Muito bem. Vamos dar a ele o que ele quer. - respondeu o anão sorrindo de canto para o senhor de cartola.

- Vá! Iremos logo mais. - Ao ouvir isso do apresentador, a linda moça de pele branca como as nuvens correu em disparada para avisar seu parceiro.

Já o homem, pegou a espada de aço do anão e segurou-a na lâmina com uma mão, com a outra ele segurou a mão de Sírus, então recitou palavras em um idioma desconhecido.

- Gauldur, Sírus. Aziris okulu'ocullaris. - O aço virou madeira, pelo menos na aparência. Os olhos do anão brilharam rapidamente em um tom roxo e depois voltaram a cor normal preta. Os dois trapaceiros caminharam por dentre a passagem que a multidão havia formado, em forma de chave. No círculo, estava Jimmy, á espera de uma revanche digna.

- Ei, garoto! É melhor repensar os seus atos. Ninguém é tão burro quanto você para querer desafiar meu anão duas vezes.

- Me dê a espada! - A firmeza com que Jiimmy falava era intimidadora. O apresentador, então, entregou uma espada de madeira para Sírus e Jimmy.

- Senhoras e senhores, moradores e visitantes de Melquíh, é com grande satisfação que lhes apresento um embate épico, a revanche de um jovem camponês, contra o incrível Sírus, mais conhecido como "O tornado vermelho"! - O homem de cartola era elétrico, fazia muitos gestos e falava com muita praticidade.
As pessoas se espremiam para tentar ver melhor a luta, outras subiam nos ombros de seus companheiros para assistirem o duelo de um ângulo diferente. Dentre essas pessoas, uma linda mulher de cabelos enrolados e negros como a vastidão do universo, destacava-se por tamanha beleza, ela sim tivera conseguido um bom lugar para ver o show. Carregava em sua cintura uma espada longa e fina, muito incomum para homens.

Jimmy segurava o cabo da arma de madeira com força, seu olhar era calculista, ele sabia que apesar ter conhecimento sobre a fraqueza do anão, teria de se esforçar para desviar dos golpes rápidos e ágeis do Tornado. Sírus deu início ao embate quando se atirou na direção do garoto de cabelos castanhos, desferindo um golpe horizontal que cortou somente o ar, pois Jimmy se abaixou rapidamente, desviando com facilidade do ataque.

Um pouco distante de toda essa luta de espadas, um homem careca e forte que a pouco tempo havia perguntado a Sarah sobre a origem do arco que a menina carregava, estava conversando com uma figura misteriosa, coberta por um manto negro e capuz. Era irreconhecível, as únicas características que podiam ser observadas por qualquer um, era a sua altura de dois metros e oito.

- Se não for ela, sua cabeça será entregue ao nosso senhor e soberano. Ouviu bem, Füler? - perguntou a figura misteriosa impaciente. O homem robusto não tinha um histórico muito bom em suas missões. Vez ou outra cometia erros absurdos. Por isso o ser encapuzado não confiava tanto nele. No entanto, Füler nunca esteve tão certo ao afirmar algo  como desta vez, essa seria sua chance de ganhar um reconhecimento maior com seu chefe.

- É ela. Traga o reforço, Meledine. - afirmou com um sorriso confiante no rosto. Ambos os comparsas dirigiram-se para a floresta que rodeava a Praça de Válleriz, quando adentraram mais a fundo, o de capuz pegou um livro antigo de capa desgastada em uma bolsa que carregava consigo, folheou algumas páginas até encontrar o feitiço que procurava. Estendeu sua mão em direção a nada e deu início a uma série de palavras em um idioma desconhecido.