Capítulo 17

5.1K 303 18
                                    

   O closet está cheio de roupas sensuais, fantasias e até chicotes. Esta boate me impressionou muito, é tudo chique, com certeza aqui é o centro do bordel. Será que as garotas daqui se prostituem? Acho que sim. É claro que deve haver alguma que passa dificuldade em casa.
   Passo minhas mãos sobre as roupas. Só de pensar que vou dançar para um estranho me dá arrepios. A porta da suíte é aberta por Derick.
— Esther, você já tem um candidato?
   Fico meio sem jeito diante dele, com essa simplicidade ao anunciar o candidato.
— Quem é?
— É um velho cliente nosso, ele também é sócio da boate, você vai gostar. Bom, boa sorte de novo.
— Obrigada.
   Ele sai. Merda! Esse cara diz as coisas como se não fossem nada de mais. Que roupa eu coloco? Fantasia... Hum... É, fantasia, vou me vestir de mulher gato. Quem será esse homem? Deve ser decrépito. O pole dance está à minha frente. Respiro fundo — a primeira dança sensual que faço, e em uma boate. Nossa!
   Piso no palco, com um salto e com um frio nas entranhas. Fico de costas, esperando o tal sócio da boate. A música sensual começa, é de Sam Smith - I'M Not The Only One, é sinal de que o cara chegou e já está sentado na poltrona. Me mexo, descendo o traseiro na barra de ferro gelado, ao me virar, dou de cara com o sócio, ou seja, Leonel Blanchard.
   Putz! Ele é o sócio! Que droga. Onde fui me meter? Fico paralisada só encarando ele. Seus lindos olhos me fazem ofegar, sua postura de médico impassível é enlouquecedor. Leonel está sentado na poltrona, com o tornozelo posado no joelho. Esse homem é lindo. Tento censurar meu inconsciente, mas a imagem aguda do grande Dr. Blanchard está tomando meus devaneios. Ele se levanta do sofá e começa a bater palmas com ironia.
— Parabéns, Srta. Winkler, você desceu o pole dance numa posição muito sexy — ele sobe no palco.
   A música de Sam Smith termina antes da hora.
— Acha que eu vou deixar você trabalhar num lugar desses? — ele me encara muito zangado.
— Você não tem nada a ver com isso.
— Eu sou o dono dessa boate — diz num tom de voz frio.
   O quê? Achei que fosse Derick. Ele deve ter mentido para mim.
— Não é Derick?
— Derick? — Leonel bufa. — Eu sou o chefe dele, tudo aqui é meu.
— Mas ele disse que é o dono da boate.
— Puxa-saco de merda — rezinga baixinho ao virar o rosto para o lado. Ele me olha de novo, sério — bem sério. Nossa! Tomara que ele não faça nada comigo aqui.
— Vista as roupas e vamos embora.
— Eu preciso trabalhar.
— Você foi admitida por quem?
— Pelo Derick.
— Pois agora, você está demitida por mim.
— O quê?
— Vamos! Vista já suas roupas.
   A autoridade dele me dá medo. O que ele tem? Está estressado — como sempre — nunca muda essa cara. Visto minhas roupas às pressas. Derick Prado entra no quarto depois de ser chamado por Leonel.
— Derick, por que disse a Esther que você é dono da boate?
— Bom, na verdade, eu digo para todo mundo — diz ele meio sem graça.
— Ah, é? O dono dessa droga sou eu! — grita Leonel. — Você é apenas meu empregado, e que por sinal é um puxa-saco mentiroso.
— Dr. Blanchard, eu estava te substituindo durante a sua viagem, por isso disse isso. Me desculpe.
   Fico olhando para os dois. Leonel está frenético.
— Por bancar o Dr. Leonel Blanchard você está demitido, Derick. Aqui ninguém vai me substituir, eu construi tudo com o meu dinheiro.
   Ah, não. Leonel não pensa antes de fazer isso com os empregados dele. Me meto no meio, pois sei que Derick precisa desse emprego.
— Não! Por favor, não demita ele.
   Leonel cai na gargalhada.
— Vai defender ele?
— Só estou compreendendo ele, Leonel, uma coisa que você não consegue fazer.
— Srta. Winkler, não precisa se meter nos meus assuntos, deixe comigo.
— Eu vou me meter sim. O seu patrão vai admitir você, não é, Leonel? — olho para ele.
— Com uma condição.
— Eu aceito qualquer uma, mas devolva o emprego dele.
— Está bem, o emprego é seu de novo, Derick.
   Ele relaxa o corpo. Que condição é essa, meus Deus? O pobre do Derick sai da suíte com um sorriso bobo. Leonel e eu ficamos sozinhos.
— Dance para mim, Esther.
— Essa é a condição?
— Sim, mas sem roupas.
— O quê?
— Quer que eu demita Derick de novo?
— Não.
— Então dance.
   Minha boca quase vai no chão de tão perplexa que estou.
— Leonel, você joga sujo.
— Vivi imbuído disso.
   Vou ao closet e pego minhas roupas. Não vou dançar coisa nenhuma, penso irritada com a petulância dele. Leonel me envolve em seus braços à força, gemo ao ser pega de surpresa.
— Me solte! — brando.
— Vem cá, vem — ele me arrasta para outro quarto ainda dentro da suíte.
   O quarto está bagunçado, há um objeto grudado na parede tipo braçadeiras, acho que são braçadeiras. Leonel prende meus braços a cima da minha cabeça, com força. Isso dói. O que ele vai fazer?
— O que está pretendendo, Leonel?
— Brincar um pouco com você — murmura, deslizando o dedo dentro da minha calcinha. Gemo, pois faz tempo que não sinto seus toques. Ele me olha com malícia. Leonel Blanchard está louco.
— Esther... Hum... — ele se afasta, e rapidamente pega cinco punhais na cômoda ao lado.
— O que vai fazer com isso, seu infeliz? — grito, chorando.
   Leonel joga o primeiro punhal, o objeto fica cravado na grande roleta de madeira, sob o meu rosto. Grito de novo. Meu Deus! Ele vai me matar.
— Pare! Pare, Leonel, por favor!
   Ele joga o segundo punhal na roleta. Que merda! Essas braçadeiras estão machucando os meus pulsos. Leonel me olha e começa a rir com maldade. Seus olhos escondem uma enorme tristeza.
— Por favor — imploro, choramingando. O terceiro objeto é lançado com mais força.
— Ah! — grito alto. — Pare!
— Cale a boca, Esther, cale a boca! — ele altera a voz e luta contra todos os objetos que encontra à sua frente. Alguns copos de vidro caem no chão e quebram. Ele se aproxima, muito frenético e descontrolado. Ai, não, não!
Eu não quero te machucar.
   Sua respiração é ofegante, ele fala como se dependesse de mim para viver, fala como um lunático infeliz e suspira como um touro bravo. Minha nossa... Ele toca meu abdômen, suas mãos estão geladas. Minhas entranhas reagem.
— Leonel.
— Esther. Por que faz isso? Por que foi aparecer na minha vida? Por que escolheu aquela sala para estudar anatomia?
— São coisas do destino — viro meu rosto, ele está olhando fixamente para mim.
— Coisas do destino é um caralho! — ele dá um soco com os punhos na roleta. — Você sabia que eu existia, sabia meu nome e tudo sobre mim.
— Não é verdade. Eu só sabia seu nome.
    Leonel ri com ironia, e pega meu queixo, apertando-o entre os dedos.
— Olhe para mim quando eu estiver falando.
— Não grite.
   Ficamos em silêncio por cerca de trinta segundos, mas ele resolve falar:
— Sua boca é perfeita, e é minha — ele passa o dedo indicador en meu lábio. Explora canto por canto e me beija lentamente. Meu corpo arrepia e entra em chamas. Leonel me solta, leva a mão na minha nuca e me olha.
— Me beije mais — peço. Ele sorri cheio de malícia.
   As braçadeiras são soltas num piscar de olhos, ele me pega abruptamente pelos braços e me arrasta para uma cama. Os lençóis são brancos e cheirosos. Sou debruçada bem devagar no colchão. Meu sutiã é retirado, meus mamilos enrijem.
— Você é incontrolavelmente irresistível. Você fode minha cabeça, Esther.
— Acalme-se.
— Não tem como me acalmar com você aqui.
   À medida que ele sussurra em meu ouvido, seus lábios descem pela minha barriga e para logo perto da virilha.
— Diga que me quer — ordena numa voz assombrosa.
— Quero.
   Ele tira minha calcinha verde com os dentes e vai descendo com ela até meus joelhos. Ele beija minha virilha e depois ali, no meu ponto fraco.
— Ah! — gemo, arqueando o corpo no colchão. A sensação é inexplicável, minha vagina incha com o poder de sua língua. Gemo de novo. Algo me diz para sair daqui, mas ele é irresistível. Leonel Blanchard é um tremendo gostoso.
— Mais — peço. Ele movimenta a língua rapidamente, e para.
— Não! — gemo em protesto.
   Leonel monta em cima de mim, já tirando a camisa branca que estava usando agora a pouco. Ele abaixa a calça junto com a cueca. É agora, ai, Deus, ele vai me penetrar depois de meses.
— Ai!!! — grito, arranhando o lençol da cama ao ser penetrada com brutalidade.
   Ele continua sendo o mesmo brutamonte na cama. A entrada foi rápida demais. Ele começa o vaivém, forte, ágil, me forçando no colchão. Seguro seus dois pulsos, encontro o relógio (eu adoro quando ele usa relógio no braço) o objeto é de ouro.
— Devagar.
   As estocadas dele estão me machucando aos poucos.
— Ai, Leonel... Ai! Devagar!
— Quem mandou você aparecer no meu caminho, sua vadia! — grita ele.
— Vadia... Ait's, seu bruto. Devagar!
   Ele pega meu cabelo e puxa com força, à medida que aumenta a velocidade na penetração. Eu gemo, gemo e gemo alto até minha goela cansar. Ele continua sendo o mesmo homem bruto. Meu corpo já não o tolera mais, não aguento, estou fraca.
— Me solte — minha voz soa fraca e baixa. Ele diminui os movimentos, avaliando-me com os olhos.
— O que foi?
— Você... — engulo minha saliva. — Está me machucando.
— Machucando? Eu não quero machucar, minha princesa. Marihá...
   De repente, Leonel passa para um homem apreensivo. Realmente, não sei acompanhar esse cara. Uma hora ele fica agressivo, outra hora ele vira um demônio em pessoa. Que dor insuportáve. Faço cara de quem chupou limão azedo.
   Ele pega meu queixo carinhosamente.
— Fuja de mim — sussurra.
— Não vou fugir coisa nenhuma, estou aqui para ajudar você, Leonel.
— Não. Você tem tempo para ser feliz, minha vida já não é mais a mesma, você não merece isso.
— Não posso deixá-lo.
   Ele beija meu pescoço e suspira bem próximo à minha boca.
— Eu amo você loucamente, amo você desde quando fizemos amor naquela noite chuvosa de dezembro.
   Não acredito. Leonel Blanchard dizendo que me ama. Ele está se declarando, sua boba. Aproveite.
— Você... quer dizer... — fico sem fala. — Ah, céus!
— Eu amo você — murmura ele num suspiro.
   Yes! Ele me ama, claro, não pôde esconder mais isso consigo mesmo.
— Eu também amo você, Leonel.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora