Capítulo 52

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   A companhia aéria diz que o avião caiu num matagal em Serra Leoa. Meu Deus! Leonel saiu cedo demais de casa para chegar até lá. Bryan e o grupo da Força Tática recebe todos os comandos, segundo ele o exército com médicos e enfermeiros também vai viajar para prestar os primeiros socorros. É tanta gente... Bombeiros...
   O medo não sai da minha cabeça, é como se o mundo parasse para ajudar. As notícias já correram como água na televisão, no rádio e na internet. Em todo lugar só se fala do avião que caiu em Serra Leoa, e isso me dá náuseas.
   Estou sentada numa cadeira de plástico esperando Bryan sair da sala da companhia, onde ele está recebendo os comandos para viajar de helicóptero. Aqueles caras que estavam no carro estão todos sentados perto de mim, com armas nas mãos e na cintura, o motorista, que também é policial, não tira os olhos de mim. Isso é irritante! O cara é um tremendo brutamonte, loiro, forte, alto, tatuado no pescoço e tem a cara de safado. Noto seus olhos em minhas pernas, cruzo assim que percebo seu olhar de cobiça. Filho da mãe! Policial safado.
   Com certeza esse cara não está nem aí para o que aconteceu com o filho do seu chefe. Bryan surge minutos depois com a cara nada satisfeita. Eu me levanto rapidamente.
— O que eles disseram? — toco o braço dele.
— Calma, viajaremos até lá. Esther, eu acho que você deveria ficar no Rio.
— Não, Bryan, eu vou.
   Ele respira, passando a mão nos cabelos.
— Mas... Pelo amor de Deus, o Athos vai...
— Eu falo com meu pai depois. Por favor — imploro, com a voz angustiada. De repente ele repara minha roupa dos pés à cabeça.
— Vá trocar de roupa. Coloque uma calça jeans, calce um tênis, vista uma camisa e um paletó por cima...
   Sem deixá-lo falar direito, pego a malinha e vou correndo para um banheiro feminino. Ouço uma risada dele junto ao um suspiro. Depois da troca de roupa, volto.
— Pronta?
— Sim.
   Saímos do aeroporto em direção ao um helicóptero que nos espera lá fora. Um friozinho rola no ar, e só agora percebo porque Bryan pediu para que eu trocasse de roupa. Optei por uma calça jeans preta, uma blusinha branca de cetim, meu blazer por cima e um par de All Star azul. Solto os cabelos para colocar o fone de ouvido, mais três pessoas entra no helicóptero. Tudo fica pronto para decolar. O piloto joga instruções a uma pessoa do outro lado do fone de ouvido.
— Aqui é o piloto John, precisamos da confirmação agora mesmo, câmbio.
— Tanger XT-66 pronto para decolar, câmbio — finaliza uma voz experiente no alto-falante.
   O helicóptero se movimenta no ar. Meu coração está prestes a saltar pela boca. Tomara que esse helicóptero não caia, Senhor. Minhas mãos estão gélidas, a tremedeira quase me ataca quando olho pela janela e vejo Rio de Janeiro aos meus pés. Puta que pariu!
Você está bem? — pergunta o loiro safado, que sentou a meu lado e eu nem percebi. Olho para ele, constrangida.
— Estou bem, obrigada.
— Hã... O seu... — ele faz um gesto com as mãos, tocando sua própria camiseta. — está...
   Quando olho para baixo, vejo meus seios quase saltando da blusa. Como isso aconteceu? Acho que não fechei os botões naquele desespero em que eu estava no banheiro. Droga!
— Obrigada — digo sem jeito.
— Você tem os seios bonitos.
   Oh, que ousadia! Encaro ele totalmente incrédula. Eu sabia que esse cara não era boa coisa.
— Por favor, rapaz — repreendo-o.
— A verdade tem que ser dita, moça — ele sorri com malícia.
   Arght!
— O filho do meu chefe é um sortudo — ele se mexe no banco, aproximando ainda mais de mim.
— Se tocar em mim, você vai se arrepender.
— Será? — ele arqueia uma sobrancelha. — Podemos nos conhecer melhor, Srta. Winkler.
— Eu não quero, obrigada.
— Ah, gatinha, eu te achei muito nova para o filho do Dr. Blanchard. Você não acha?
— Não — digo rispidamente. Ele ri.
— É sim, você tem apenas dezoito anos e ele já é um pouco velho, vinte e oito anos, acho.
— Você não tem que achar nada, rapazinho — encaro ele.
— Rapazinho? Hum... Posso te mostrar que não sou um rapazinho.
   De repente, Bryan vira e encontra o sujeito quase colado em mim. Ele fuzila o rapaz com os olhos.
— Creio que você, Bruno, não vai querer perder seu trabalho por uma coisa banal, vai?
   O rapaz engole em seco.
— Desculpe, doutor.
— Acho bom.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora