Capítulo 27

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   Mais tarde, quando tudo está tranquilo, resolvemos comer a sobremesa no escritório de Leonel. O escritório é sombrio, fechado e gélido. Paredes brancas, quadros expostos nela, mesa de vidro. Por que é que ele gosta tanto de mesas de vidros? É bem a cara dele. Um grande janelão fica atrás de sua cadeira, ele pode muito bem virar as rodinhas e observar sentado o Rio de janeiro.
   A sobremesa que a Sra. Bouvier fez está uma delícia, é pudim de limão. Adoro pudim. Leonel também deve gostar, ele come devagar a sobremesa, acho que é para derreter em sua boca. Boca deliciosa. Eu me pergunto o que estou fazendo aqui, no escritório de Leonel, vendo ele falar com médicos da clínica Blanchard. Uma mensagem de texto surge na tela do meu celular.

Yany
Quando vai vir? Você está demorando. Me ligue assim que puder.

   Puta que pariu, esqueci de Yany. Como pude fazer isso? Que espécie de amiga eu sou? Mando outra mensagem para ela dizendo que em quarenta minutos — creio eu — chego em casa. Pulo do sofá e aguardo Leonel encerrar seu falatório. Faço um gesto com a mão dizendo que vou embora e ele devolve como quem fala: “Espere”.
— Ahn... sei. Tudo bem... Até.
   Leonel desliga. Ele me olha meio irritadinho, com as mãos entrelaçadas à frente da boca.
— O que é?
— Tenho que ir.
— Já? Fique mais um pouco — implora, levantando-se da cadeira vindo em minha direção, ele me joga um olhar de cachorro sem dono e eu me derreto todinha.
   Esse homem é lindo.
Yany já mandou mensagem dizendo estar preocupada. Além do mais, não quero tomar o seu tempo. Você trabalha até aos fins de semana.
   Ele toca meu queixo carinhosamente, sua mão está gelada. Ele me lasca um selinho bem devagar. Gostoso.
— Fique — pede ele com a voz soturna.
   Eu quero ficar, mas não posso.
— Leonel...
   E ele me joga em sua mesa de vidro rapidamente, subindo em cima de mim, ele coloca todo o seu peso no meu. Nossa, agora percebi o quão a mesa de vidro é longa. Leonel pega a barra da minha saia e vai erguendo lentamente, com os olhos fixos nos meus, ele dá um sorriso que tira o ar de qualquer uma.
— Tem certeza de que quer ir embora? — sussurra ao deixar um beijo molhada em minha coxa, meu corpo corresponde com um arrepio.
— Não.
   Ele se aproxima e deita em cima de mim. Sinto sua ereção roçar sobre minha calcinha, estou molhada. Ele continua se movimentando ali, devagar, me olhando em divertimento. Ele leva dois dedos por dentro da minha calcinha, e enfia em mim, me fazendo gemer. Aperto o músculo das suas costas.
— Ah, Leonel...
— Diga, Esther.
   O tom da voz dele é áspera. O que isso significa? Com certeza vai ser um sexo bruto.

20:00 PM 

   Yany e eu estamos discutindo um assunto sobre estilismo, a empresa da família Blanchard está lançando um vestido longo avaliado em trinta e cinco mil reais. Nossa! Trinta e cinco mil? É muito dinheiro, do jeito que a minha vida anda não dá para comprar um vestido desses, mas eu gostaria de ter.
   Seu pai pode te dar.
   Não, não quero nada do meu pai adotivo. O vestido é preto, de alcinhas, é perfeito para quem tem curvas. Analisamos a revista direitinho. Yany está com uma que tem o título: Novidades! Eu pego a do título: Moda Extremo.
— É tudo perfeito. Minha nossa! — murmura Yany quando depara com uma calça verde-musgo boca de sino.
— Eu adoraria conhecer a empresa.
   Estamos sentadas na mesa de jantar, saboreando o momento com pipocas.
— Gostei desse aqui — aponto para uma saia lápis.
   Ela balança a cabeça como quem diz: “É lindo”. Ah, eu amei a saia e o vestido. Pego mais pipoca.
— Como foi na casa dele?
   Yany me pega de surpresa com a pergunta. Ela vai ficar feliz quando souber, não só do que aconteceu na casa de Leonel, mas também de que vai jantar com a gente terça-feira à noite. Mal posso esperar.
— Foi ótimo.
— Transaram?
   Reviro os olhos quando folheio a próxima página da revista. Ela sempre quer saber essa parte.
— Sim.
— Foi bom?
— Mais que bom, mas ele foi agressivo.
— Como sempre, né? O que será que ele tem na cabeça de sair por aí trepando com agressividade?
— Trepando?
— É.
   Damos uma gargalhada. Meu celular pisca uma pequena luz vermelha bem do lado do alto-falante. É sinal de que recebi uma mensagem.

Leonel
Oi, ainda está de pé o nosso jantar?

Esther
Está. Vou levar Yany. Posso?

Leonel
Claro, também vou levar a Mary comigo.
               

Esther
Legal. Então a gente se vê amanhã. Beijos!!!

Leonel
Beijos!!!

   Olho para Yany, que ainda está folheando as páginas da revista.
— Quer ir jantar fora amanhã?
— Se for com você e o Leonel, não vou. Ficar segurando vela não é minha praia.
   Reviro os olhos, ela ainda está encarando a revista e nem se quer me deu a atenção. Fecho a revista na cara dela.
— Qual é a sua, Esther?
— A irmã do Leonel vai.
— Maryelli, aquela menininha mimada? Nem pensar.
   Tenho que dizer que Yany detesta um pouco a Maryelli porque a garota é mimada. É verdade, admito. Quando estou com Leonel, ela esperneia no ouvido do irmão querendo roupas caras, livros novos ou sapatos. Mary tem problemas com dinheiro, ela é mão-aberta, gasta tudo que tem, por isso Bryan Blanchard não lhe dá mais mesada.
— Por favor, Yany, me acompanhe.
— Ah, está bem.
   Dou um sorriso de orelha a orelha e agradeço ela por ter aceito.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora