05:27 AM
— Mamãe, sabia que o papai ouviu meu coração hoje com aqueles foninhos que ele coloca no ouvido?
— É, filho? Não sabia.
— Papai!
Ele corre em busca do pai, que acaba de chegar do trabalho. Leonel pega o menino no colo e faz cócegas nele.
— Espertalhão!
O menino ri a toda hora. Ele se parece muito com Leonel, muito mesmo.Droga! Mais um sonho com criança. O que foi isso? Acordo pensando que estou na casa de Yany, mas me dou conta de que estou na de meus pais em Por Alegre. Hoje é aniversário do meu irmão e, claro, gostaria de ser a primeira a parabenizá-lo. Levanto da cama e sigo para o banheiro. Quando coloco o crime dental na escova de dente, ouço um som estrondar lá embaixo, uma música eletrônica capaz de levantar qualquer um. Rio ao ouvir Taylison gritar: “Hoje é meu dia!” Que horas são para ele estar com essa folia de manhã cedo? Esse meu irmão...
Escovo os dentes rapidinho e tomo banho, depois opto por um macacão cor-de-rosa e uma sandália para passar o domingo ao lado da família Winkler. Prendo o cabelo ruivo numa presilha, mas ele insiste em sair do objeto de tão liso que é. Queria ao menos ter uns cachinhos igual a da minha tia.
Ao descer, dou de cara com meu irmão em cima do piano dançando uma música supersensual de Sam Smith sem camisa e de calça jeans. Cadê Yany para sossegar esse molecão? Nossa, ele já tem vinte e quatro anos e não toma vergonha nessa cara.
— Desça já desse piano, Taylison — puxo a barra da calça dele, fazendo-o cair em cima de mim. Nos estatelamos no chão, sou esmagada com o peso dele.
— Ai!
Ele ri sem parar quando se levanta.
— Viu? Nisso que dá mexer com quem está quieto.
— Só que você não está nada quieto.
Papai surge lá de cima.
— E esse som escandaloso pela casa, Taylison?
Taylison desliga o som pelo controle. Ele dá mais gargalhadas ainda. Meu pai ri e o abraça com carinho.
— Parabéns, filho — ele dá uns tapinhas nas costas de Taylison. — Seja sempre assim, meu herdeiro, feliz sem se preocupar com que os outros vão pensar.
Eu sorrio quando vejo essa cena tão linda.
— Obrigado, pai.
— Vinte e quatro, garotão!
— Ah... pai, preciso conversar com o Taylison rapidinho, está bem?
— Claro, ele é todo seu.
— Vem — pego em sua mãe e arrasto ele para o escritório do nosso pai.
Fecho as portas em seguida atrás de mim. Taylison pega o acento do papai, e ele fica bonitão na cadeira, ereto e ansioso.
— Então.
Sento à sua frente.
— Fiquei sabendo que você quer ser pai. É verdade?
— Fiz meu filho ontem — ele ri.
— Não brinque, Taylison.
— É verdade, eu quero ser pai. Não acho errado pensar nisso — ele fala sério.
— Não está cedo demais?
— Eu não acho. Já tenho vinte e quatro anos, Esther, posso muito bem me casar, comprar uma casa e morar com a minha família. Quero pelo menos uns três filhos com a Yany.
Meu queixo vai no chão. Cadê aquele garoto que gostava de gozar a vida? Não estou entendo.
— Taylison, ela tem vinte e dois anos — repreendo ele.
— Vinte e dois — ergue o dedo indicador — não dezoito anos.
Amarro a cara para ele. Acho que esse imbecil jogou um ponto para mim.
— Esther, esse assunto é meu e da Yany, você não precisa se meter.
— Ela é minha amiga e pediu ajuda para mim.
— Sei plenamente disso, mas o assunto é nosso.
— Tudo bem, não vou discutir porque hoje é seu dia.
Ele dá um sorriso de menino bobo, então passo para outro lado e abraço-o.
— Parabéns.
— Obrigado, minha irmã.
— Vê se toma juízo agora.
— Digo o mesmo, sua feia.
— Feio.
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Minha estúpida coragem
RomanceInconformada com a vida sem o prestigioso Leonel Blanchard, Esther vê seu mundo desabar ao se mudar para Porto Alegre. E nessa jornada, ela descobrirá um Leonel sem escrúpulos, possessivo além da conta e descontrolado. Esther se vê sem saída ao p...