Capítulo 46

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   Volto para a mesa de jantar com o rosto inchado, olho envolta do restaurante, mas não vejo a garota vestida de preto que me aconselhou no banheiro. Ela é estranha...
   Me aproximo dos meus irmãos, finalmente aquela conversa diminuiu um pouco que chega a ponto de eles perceberem que andei chorando por aí.
— O que foi? — pergunto meio irritada com os olhares.
— Andou chorando, Esther? — Érodys pergunta.
— Não — respondo secamente. — Eu estou bem, não se preocupem comigo.
   Única pessoa que não está nem aí com o que estou sentindo no momento é a Isabella, na verdade, ela só quer saber dela mesma. Decido sair porque sou uma péssima companhia. Aliás, companhia para quem, se estou sozinha? Fala sério!
— Eu estou indo, pessoal. Não me sinto bem.
— Espera aí, Esther — Érodys levanta da mesa e pega meu pulso, fazendo-me retroceder. Reviro os olhos.
— O que há de errado? — ele me encara.
— Me solte!
   Consigo me desvencilhar dele e saio quase correndo para um ponto de táxi lá fora, vejo ele e Taylison se aproximarem enquanto espero num ponto escuro. Os dois atravessam a rua com elegância e bem sérios.
— Esther, volte para o restaurante, aqui é perigoso — avisa Taylison.
— Eu vou esperar um táxi aqui.
— Volte, Marihá.
— Será que dá para me deixar em paz?
   Eles ficam espantados com a minha reação.
— O que aconteceu com você? Estávamos tão bem e de repente você aparece chorando.
— Vocês estavam bem, não eu. Mas, claro, ninguém notou porque estavam com companhias agradáveis demais para prestar a atenção na irmã idiota.
— Ah! É ciúme? — brinca Érodys. Isso me deixa furiosa.
— Não! Será que não percebeu que eu fiquei de vela para dois babacas? Érodys, você nem se quer viu que eu não ia me sentir tão à vontade com todo mundo naquele restaurante.
   Ele passa a mão nos cabelos e fica sem reação, Taylison também.
— Entendi. Me desculpe.
   O táxi chega bem na hora.
— Espera aí, irmã, não vai embora assim — ele puxa meu braço.
— Dá para me soltar, seu burro? — falo alto e ele me solta não acreditando na minha irritação.
   Entro no táxi e o carro dá partida. Quando o motorista já está longe do restaurante, ele me pergunta para onde quero ir, eu respondo com educação. Meu celular começa a vibrar na bolsa, eu o pego nas mãos, mas deixo tocar depois que vejo o nome de Érodys. Não vou atender, ele não pensou em mim.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora