Seis meses depois...

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Meu quarto está repleto pela luz da lua, o janelão da varanda está escancarado. Deixei assim porque lá fora está fresco e cheira a chuva. Isso é um sinal de que vai chover daqui a pouco e vou ter que fechar a janela, que vai do chão até o teto.
Estou debruça na cama, os pés para cima da parede e com a cara quase grudada no notebook. Já tem uma hora que estou diante desse monitor estudando para minha última prova de medicina - ou tiro dez, ou tiro dez. De qualquer jeito eu tenho que tirar um dez nessa prova.
Ouço a chuva cair lá fora, eu corro imediatamente para fechar as portas do janelão. Parece que vai ser daquelas chuvas... com trovão e tudo. Minha nossa, que Deus guarde os desabrigados. Volto segundos depois para a cama, mas uma batida no vidro da janela me faz virar as costas.
É ele! Ele! Meu estômago embrulha, meu cérebro vira mingau e sinto meu coração bater fortemente. Leonel Blanchard, em carne e osso, na minha frente, e está impecavelmente lindo. Ficalizo sua postura; cabelos negros molhados pela água da chuva, o corpo ainda robusto, a barba crescendo, a camisa branca desarrumada pela chuva e grudada no corpo, fazendo com que seus músculos apareçam no tecido. É ele, depois de seis meses. Não posso acreditar. Ele faz um sinal para eu abrir a porta. Hesito várias vezes, mas vê-lo ali, parado e molhado, não me dá outra escolha. Destranco a porta.
- Nossa, deu trabalho subir até aqui - diz ele calmamente.
Fico perto da porta da saída do quarto um pouco desconfiada. Será que se curou absolutamente? Será que veio me matar? Gritar comigo? Me bater? Me jogar pela varanda do quarto? Esses pensamentos me deprimem. Ele me encara com aqueles olhos negros. Parece um menino perdido da mãe.
- Não me olhe assim - sussurra ele para mim, que o encarava com plena desconfiança.
- V-você se curou? - gaguejo e ele assenti com a cabeça.
- Sim. Fiz por nós dois.
Ele se aproxima de mim com passos lentos, mas eu retrocedo. Leonel estende a mão para mim, ele me encara com uma aflição estarrecida. Isso me corta ao meio porque não aguento mais sua ausência, hoje faz seis meses... Ele ainda está com a mão estendida para eu pegar. E agora? Meu olhar fica fugazmante do seu rosto à sua palma da mão. E agora? Vou ou fico onde estou? E se ele me pegar e me dar uma surra? Acalme-se.
- Por favor, acredite em mim. Eu mudei, pensei que não ia conseguir, mas consegui. Esther - ele se aproxima mais -, esses últimos meses foram um inferno sem você. Eu tive recaídas muitas vezes, mas pensei bem e decidi me curar. Sua ausência ajudou, não que eu tenha gostado, mas era para o nosso bem. E agora eu estou aqui, limpo para você. Por favor, Esther.
Eu paro de retroceder os passos para pegar em sua mão. Essas palavras me derreteram.
- Não me machuque, Leonel.
Uma lágrima cai do meu olho esquerdo. Ele me envolve em seus braços, e a nossa pulsação fica cada vez mais forte. Meu sangue lateja nas veias, eu posso sentir a eletricidade que seu corpo transmite ao meu. É tão bom... tão... árduo.
- Onde você estava todo esse tempo, minha Marihá? - murmura ele, com testa colada na minha, a mão em meu pescoço e a outra envolta da minha cintura. Ficamos numa força de atrito entre nossos corpos.
- Esperando você - falo baixinho bem próximo ao seu lábio.
Sinto o hálito cheiroso de Leonel. Passo ambas as mãos em sua cintura e seguro firme a barra de sua camisa. Nossa respiração se torna dilacerante. O perfume que ele exala é doce e me embriaga.
- Senti sua falta - minha voz soa rouca por causa do choro.
- E eu mais ainda, meu bem.
Leonel tenta me beijar lentamente, mas eu recuo o lábio, ele percebe e força meu corpo mais ainda ao seu.
O quê? Beije ele!
- Calma, Leonel, não é assim que as coisas funcionam.
- Eu sei, vamos deixar para conversar depois.
- Não, Leonel.
- Por favor - sussurra, beijando meu queixo. - Depois... depois... - vai descendo em meu pescoço. Meu corpo entra em chamas.
Que merda!
Não consigo resistir, não posso, são seis meses sem vê-lo. Ele mordisca minha clavícula devagar, fazendo meus pelos subirem num arrepio. Contenha-se. Ai, meu Deus! Leonel me encosta na parede fria do quarto, passo os lábios nos meus e me beija com urgência. Um beijo faminto, que a muito tempo ele não sentia. Quando me dou por mim, ele já está com a mão na alça do pijama vermelho e curto que estou usando.
Meu pijama cai no chão e deixa meu corpo nu disponível ao olhar de Leonel. Sua barba por fazer vai penicando meu pescoço, causando arrepios em meu corpo. Minhas partes íntimas vão se ascendendo e...
- Ah - gemo quando ele me beija com voracidade.
Leonel me pega pelos braços e me leva para a cama com cautela. Seus beijos se tornam agressivos, fortes, até posso imaginar como vai ficar minha boca depois dessa. Enrosco minhas pernas em sua cintura, aproximando seu corpo no meu, enquanto minhas mãos agarram sua nuca.
- Esther... - geme ele em meu ouvido, fazendo-me arrepiar outra vez. - Faça amor comigo.
- Sim.
Rapidamente tiro sua camisa pela sua cabeça, depois toco o zíper da calça dele a fim de abri-lo. Quando consigo, ele se levanta para tirar a calça de uma vez.
Eu chego a delirar quando sinto Leonel dentro de mim.
- Saiba que eu te amo loucamente. Eu necessito de você, Esther.
Eu me perco nas palavras dele, gemendo e arfando.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora