Capítulo 23

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   Depois que passei horas no jardim sozinha, voltei a me sentar perto de Yany e Edward.
— Está melhor?
— Sim, obrigada, Yany.
   Uma música melancólica surge na pista de dança, é de Glee Cast chamada Listen. Humm... É a mesma que tocou uma vez em que eu estava na boate com Yany e meus irmãos.
— Vamos dançar — Edward levanta da cadeira e estende a mão para mim. Vou ter que levantar.
   Olho para Yany, não posso deixar minha amiga sozinha.
— Vá — murmura ela.
— E você vai ficar sozinha?
— Ah... Espere um pouco. Nicolau.
   Um rapaz robusto vêm até nós. Ele é bonito.
— Sim, Edward.
— Está ocupado?
— Não.
— Poderia fazer companhia para esta senhorita?
   Ele avalia Yany, deixando-a vermelha. Ela tem namorado, seu filho da mãe.
— Claro.
   Edward me olha.
— Agora vamos.
— Fique bem, amiga.
   Ela faz um gesto de cabeça dizendo que sim, então, saímos para a pista de dança, a música está apenas começando e Edward está empolgado demais para o meu gosto. Ele leva uma das mãos em minha cintura. Dançamos ao som da música.
— Está gostando?
— Sim — murmuro.
   O arrependimento vem logo depois que vejo Leonel dançando com uma mulher morena, bonita, alta e não é magra igual a mim. Ai, que ódio! Ele me olha, e se diverte com a cena, zombando da minha cara.
— Parece que Leonel arranjou uma companhia.
— É.
   É só o que consigo dizer porque eu não estou mais suportando isso.
— Você ama ele, não é?
   Emudeço.
— Responda.
— Não quero falar sobre isso, Edward, por favor.
— Está bem. Me desculpe.
   Continuo olhando para Leonel, de repente ele lasca um beijão na morena alta. Aperto o ombro de Edward por raiva dele. Como pôde? As lágrimas saem, dilacerantes. Choro escondida, para que Edward não me veja.
— Vamos embora daqui — digo entre soluços.
   Leonel continua beijando a mulher, parece estar gostando de ter aquele corpaço grudado nele. Que raiva! Não faça isso, Leonel, você ama a mim, imploro em mente.
— Se você não está se sentindo bem, então vamos.
   Noto que Edward está irritado comigo, mas não é para menos, eu estou insuportável hoje. Para agravar a situação, Leonel Blanchard beija uma mulher que mal conhece, só para me deixar ciosa.

01:49 AM

  
   Edward me deixa em casa quase duas horas da madrugada. Já é domingo e eu estou com um sono da porra. Não posso esquecer o que passei nessa festa de aniversário, primeiro Leonel aparece e briga comigo pensando que eu estava o enganando com Edward, depois ele beija uma gostosão que estava se derretendo em seus braços na pista de dança. Não! Essa piranha não vai roubar ele de mim, antes, eu mato ela. Quem ela pensa que é? Eu vou descobrir de onde essa vaca veio, e aí...
— Esther!
   Alguém me sacode pelos braços, me fazendo acordar, eu estava dormindo e nem notei.
— Ah, oi.
— Chegamos.
— Ah, sim.
   Edward ri. De quê? De mim?
— Você dorme falando.
— Ahn? — me espanto.
— Você, Esther, dorme falando.
   Droga!
— O que eu disse?
   Ele dá de ombros. Fico pasma e preocupada.
— Estava dizendo que já já faz dezenove anos.
— É? — encaro ele incrédula.
— É — ele ri.
   Então abro a porta do carro para sair, mas Edward me puxa pelo braço.
— Vai sair assim?
   Franzo as sobrancelhas.
— Como assim?
— Sem me dar um beijo.
   Encosto meu rosto no dele e lhe dou um beijo na bochecha.
— Pronto.
   Ele faz cara feia.
— Não posso fazer isso.
— Pode, claro que pode — ele me prende no banco-passageiro com uma mão em minha cintura e outra segurando firme o meu braço. Ele me encara fixamente nos olhos.
— Não — imploro, com uma voz aguda.
— Sim, você pode — sussurra.
— Mas o Leonel...
— Preste a atenção — ele me interrompe, colocando as mãos nos dois lados do meu rosto, e presumo que vai me beijar. — O Leonel beijou outra mulher no aniversário da minha sobrinha, você viu, Esther. Não se deixe iludir por ele. Ele não pode ser o único na sua vida — murmura.
   Começo a chorar, e ele continua:
— Você chora o tempo todo por ele, se humilha. Pare com isso! Meu Deus, quantas vezes você saciou esse homem na cama?
   Fico calada ouvindo a verdade.
— Responda. Ele transa com você e depois vai embora para casa, não é mesmo?
— Não é assim que ele faz.
   Claro que é.
— Edward, Leonel está passando por um transtorno.
   Ele me olha incrédulo.
— Ah, não! Eu só sei que ele é obsessivo e pode fazer qualquer um sofrer ao seu redor, principalmente você. Ele gosta de te atingir com outras mulheres.
— Chega, por favor.
   E de repente Edward me abraça, eu fico aliviada e me perco nesse abraço — que poderia ser de Leonel. O silêncio ecoa dentro do carro, mas interrompo-o, me desvencilhando dele.
— Não chore mais. Promete?
— Não consigo.
— Faça um esforço, quero te ver bem, não para baixo.
— Obrigada, Edward, de verdade.
— De nada.
— Cadê Yany?
   Me assusto ao não ver Yany com a gente dentro do carro.
— Ela já entrou dentro de casa, só pedi a ela que me deixasse a sós com você.
— Ah — suspiro. — Então tchau.
— Tchau.
   Saio do carro dele, caminho até chegar na porta da frente de casa. Entro. Vou direto para o meu quarto, não vejo Yany em nenhum lugar da casa. Deve estar dormindo. Depois de um bom banho, me espreguiço na cama e apago de vez.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora