Capítulo 54

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Quatro dias depois

Eu não me canso de olhar para ele quando venho ao hospital, seu rosto é tão macio e limpo, bom de passar a mão, sua barba por fazer, suas sobrancelhas, seus lábios... Tudo é lindo. Meu rosto perfeito. Sorrio ao ver que estou pertinho do homem que eu amo, ouvindo Nickelback cantar Far Away no fone de ouvido, essa música parece com a minha história. Tão linda e triste ao mesmo tempo.
Acarecio os cabelos liso dele, enquanto reflito as coisas que passei ao som da música em meu ouvido. Foi tudo muito rápido, agora estou aqui, esperando uma reação de Leonel. Qualquer uma. Ele parece bem, mas não acorda desde que trouxeram ele para cá.
- Filha, você não quer descansar um pouco?
Tiro os fones de ouvido quando minha mãe entra no quarto.
- Não, mãe, estou bem - sorrio meio sem graça.
- Seu pai voltou à Porto Alegre hoje de manhã.
- Eu sei, ele passou aqui para se despedir de mim.
Ela suspira.
- Meu amor, você tem que descansar um pouco.
- Não, mãe, eu vou ficar aqui com ele.
- Esther, filha, você está sem dormir direito há quatro dias. Leonel não está tão sozinho, ele tem a família e os amigos que podem ficar aqui também.
- Por favor, mãe - olho para ela, impaciente.
- Sua mãe tem razão - diz Leonel de repente. Viro-me rapidamente para encará-lo e ele dá um sorriso quando vê meu espanto.
- Leonel - abraço ele com força, fazendo-o gemer devagarinho.
- Bom, vou deixá-los a sós. Jantarei em um restaurante aqui do lado, está bem, filha?
- Sim, mãe.
Nem noto a saída dela, mas Leonel a faz retroceder.
- Oi, Angeliquê.
- Oi, Leonel.
- Até mais, meus amores.
- Até - respondo.
Ela sai do quarto deixando Leonel e eu sozinhos. Continuamos abraçados carinhosamente, respirando o ar um do outro. Isso é bom!
- Obrigado por ficar do meu lado.
Sorrio.
- De nada - solto-o e encaro-o com um pouquinho de humor na cara, levo a mão em seu rosto e ele inclina para dar mais espaço à minha mão.
- Ah! Como isso é gostoso - ele fecha os olhos para degustar o prazer de estar em minhas mãos.
- Por que quis fugir de mim? - Eu não estava fugindo, só queria te ver feliz, mas não comigo. Eu já deixei bem claro que não sou para você, Esther - Leonel me encara, dessa vez sério como uma pedra.
- É claro que é.
- Não, você sabe que fiz tantas coisas ruins em nosso relacionamento. Você tem todo o direito de procurar outro e ser feliz. Eu vou entender - ele pega minha mão e beija.
- Não quero nenhum outro homem a não ser você. Eu te amo, Leonel. Será que não entende?
O silêncio que ele faz é quase insuportável, mas responde:
- Claro que entendo, mas...
Interrompo-o com um beijo em sua boca, Leonel não recua e me beija mais, com a língua aguçada e quente, enrolando a minha com desejo. Ele segura meu queixo, então, passa os lábios do meu ombro até chegar em minha orelha. Eu solto um gemido baixinho por conta de sua barba, que vai roçando e penicando meu pescoço. Leonel se desvencilha quando o beijo ganha volúpia.
- Espera aí, espera aí, não faça isso, Esther - sua voz fica áspera, seu olhar encontra o meu desesperadamente.
- Por favor - imploro.
- Não, vamos conversar.
- Aqui não.
- Aqui sim. Pare de ser mimada e me escute. É sério.
Me remexo na cadeira para ouvi-lo. Ele limpa a garganta.
- Ficarei no Brasil, não vou mais embora.
Ai! Quase ouso a bater palminhas de tão alegre, mas contenho meu comportamento.
- E por um motivo, parece que Deus não quer que eu me separe de você...
- Ele sabe que a gente se ama - interrompo-o. Leonel pisca algumas vezes.
- É. Eu amo você - murmura, eu dou um sorrisinho de satisfação. Ele me ama.
- Sonhei tanto com isso.
- Posso imaginar. Esther, preciso de você na minha casa, amanhã mesmo.
- Tudo bem. Vai ser um prazer cuidar de você.
- Tem uma surpresa te esperando lá.
- Ai! Sério?
Ele assente com a cabeça. Surpresa? Eu adoro surpresas! Nossa, agora estou conhecendo o lado carinhoso de Leonel.
- Eu mandei preparar tudo - ele brinca com os fios do meu cabelo. - Pense bem antes de me aceitar, Esther. O psiquiatra disse que posso ter uma recaída mais vez e eu não quero que você esteja perto de mim nessa hora.
Pego em sua mão.
- Eu vou ajudar você. Não preciso pensar em mais nada, Leonel.
Ele sorri e me beija com carinho. Ele pode ter uma recaída... Mas eu vou estar lá, prometo.

Minha estúpida coragemOnde histórias criam vida. Descubra agora